segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cresce procura por título atrelado à inflação

Folha de São Paulo

24/04/2010

NTNs-B lideram as aplicações do Tesouro Direto em março, com 43,5% do total negociado; além do IPCA, papel rende juros

Analistas alertam para o fato de papéis terem prazo de vencimento longo e que resgatá-los antes pode reduzir os rendimentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O atual cenário de inflação em alta e a expectativa de elevação das taxas de juros têm feito o investidor procurar com maior apetite os títulos públicos que se beneficiam das duas pontas. Chamados de NTNs-B, esses títulos pagam uma taxa de juros e a variação do IPCA e têm conquistado cada vez mais o interesse do aplicador.
Em março, as NTNs-B (Notas do Tesouro Nacional - série B) responderam por 43,5% do total negociado e foi o papel mais vendido no Tesouro Direto no período. No primeiro bimestre do ano, esses títulos responderam por 34,38% do total.
Quem comprou esses títulos conseguiu se beneficiar da alta do IPCA e da expectativa de elevação dos juros. No primeiro trimestre deste ano, o IPCA acumulou elevação de 2,06% -a maior taxa registrada para o período desde 2003.
As taxas oferecidas pela NTN-B, que são somadas à variação dos preços, têm subido a cada leilão. Neste mês, a NTN-B com vencimento em 2015 pagou taxa de 6,40% ao ano no dia 1º. Já no leilão do último dia 22, a taxa paga alcançou 6,83%.
Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset Management, diz que "os papéis atrelados ao IPCA já vinham antecipando o cenário atual e têm mostrado retornos interessantes nos últimos meses". Mas, pondera, "para quem ainda não adquiriu esses títulos, é importante pensar que devem apenas se destacar novamente, em termos de rentabilidade, se a inflação seguir se acelerando".
Um dos pontos negativos desses títulos públicos é o fato de costumarem ter prazos de vencimentos bastante longos. A NTN-B tem vencimentos que chegam a 2035.
"Como são papéis que normalmente têm vencimentos longos, aconselho o investidor a nunca colocar mais do que 20% de suas economias neles. Desfazer-se de um título antes do vencimento pode significar retorno menor que o esperado", diz o administrador de investimentos Fabio Colombo.
Além da NTN-B, o governo negocia outros títulos, com características diferentes, por meio do Tesouro Direto. Sistema de negociação de títulos públicos federais por meio da internet, o Tesouro Direto começou a funcionar no início de 2002. Ao criar esse sistema, o governo tinha por objetivo alcançar a pessoa física com a venda de títulos públicos.
O número de pessoas que investem via Tesouro Direto tem crescido a cada ano. De 34.413 pessoas registradas em 2005, o número de cadastrados saltou para 183.514 em março deste ano. Todavia, apesar do aumento significativo, a cifra ainda não é tão expressiva. Para efeito de comparação, na Bolsa de Valores há 557.936 pessoas físicas cadastradas. Nos fundos de investimento, são mais de 10 milhões de aplicadores.

Pequenas economias
A participação dos investidores que aplicam quantidades menores de recursos no Tesouro tem crescido. Neste ano, as operações que envolvem até R$ 1.000 em investimento responderam por 22,5% do total e ficaram atrás apenas de grandes operações entre R$ 50 mil e R$ 100 mil, que representaram 22,7% do total no período.
O esperado aumento da taxa básica deve favorecer o crescimento de outro título, a LFT (Letra Financeira do Tesouro), que é indexada à variação da Selic. O papel tem sido o menos procurado do Tesouro nos últimos meses -reflexo do baixo nível atual da taxa básica de juros. Em março, respondeu por apenas 16,8% do total das vendas realizadas pelo Tesouro.
(FABRICIO VIEIRA)

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