quinta-feira, 29 de abril de 2010

Com alta da Taxa Selic, fundos DI ficam mais rentáveis que poupança

 O Globo


 

29/04/2010


 

Aplicação com taxa de administração até 2% passa a ser mais vantajosa

Bruno Rosa 

Com a elevação dos juros básicos da economia em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano, parte dos conservadores fundos DI, cujos papéis são atrelados ao movimento da Selic, ficou mais atraente. De acordo com o economista Gilberto Braga, professor do IbmecRJ, os fundos com taxa de administração de até 2% ganham em rentabilidade da poupança. Antes do aumento, a aplicação só ganhava da caderneta se tivesse uma taxa de administração inferior a 1,5%.

— Mesmo com o aumento dos juros, a poupança continua sendo um atraente investimento.

A maioria dos fundos de investimento tem taxas de administração muito elevadas.

Por isso, é essencial pesquisar esses custos e fazer as contas — lembra Braga.

Especialistas em finanças pessoais ressaltam ainda que o investidor deve ficar atento ao tempo da aplicação. Se o saque for feito em 180 dias, a alíquota de Imposto de Renda (IR) sobre o ganho é de 22,5%.

Já na poupança, lembram, não há taxa de administração nem incidência de IR.

— Se o investidor aplica R$ 10 mil em um fundo DI com taxa de administração de 3% ao ano, e faz o resgate em 12 meses, o valor líquido será de R$ 10.497,20. Já na poupança, o ganho fica em R$ 10.648,5. Só há ganho no fundo DI se a taxa de administração for menor de 2% — completa Braga.

Além de DIs, há opções em CDBs e Tesouro Nacional 

Os economistas ressaltam ainda que o investidor pode olhar para outras aplicações pós-fixadas, como os títulos do Tesouro Nacional atrelados aos juros e os CDBs (Certificados de Depósito Bancários). Segundo Francisco Costa, sócio da Capital Investimentos, esses papéis vão apresentar melhores remunerações em relação aos fundos de renda fixa, que contêm papéis prefixados: — Como o mercado já esperava uma alta nos juros, os papéis prefixados já haviam embutido esse juro maior. A questão é que, se a Selic viesse maior em relação à aposta desses papéis, o investidor sairia perdendo, pois teria um título que rende menos do que o do mercado. Por isso, os fundos de renda fixa são mais arriscados — afirma Costa.

Entre as diferentes aplicações pós-fixadas, como os CDBs, o investidor deve ficar atento aos critérios de venda do certificado antes do previsto.

Há vários tipos de papéis, com vencimentos distintos.

Por isso, o cliente deve checar com o gerente do banco qual é a regra de saída antes do vencimento. Além disso, no caso de títulos do Tesouro, é preciso calcular se a taxa de corretagem compensa entrar na aplicação.

— Para ter uma benefício do IR, de 15% sobre o ganho, tem que ficar dois anos. No Brasil, é muito incerto e arriscado ficar com um título do governo atrelado aos juros por 24 meses. E, nesse caso, se o cenário mudar no meio do caminho, o pequeno investidor pode sair perdendo ao ter de vender pelo preço de mercado e não conseguir uma taxa interessante — aponta o administrador de investimentos Fábio Colombo.

A poupança vai continuar valorizando, já que os juros são usados para o cálculo da Taxa Referencial (TR), que compõe parte da remuneração da caderneta.

— Para valores pequenos, a poupança vale a pena e é a melhor aplicação. Nesses quatro meses, com a inflação em alta, todos os investimentos perderam para a inflação — afirma Colombo.

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