sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mudança torna poupança mais atraente

TONI SCIARRETTA
Folha de S. Paulo
1/2/2008


A garantia de uma remuneração mínima torna mais atraente a aplicação na caderneta de poupança -o investimento financeiro mais popular no país-, especialmente em época de turbulência nos mercados, segundo especialistas em finanças pessoais.
Nas últimas semanas, a caderneta teve um de seus menores rendimentos da história. Com a queda nos juros dos CDBs dos bancos, devido ao aumento da procura pelo investimento nos piores dias da crise, a poupança chegou a render apenas 0,5180% no dia 12 de janeiro, a menor remuneração de todos os tempos. Depois, as taxas melhoraram mas, no dia 26, desabaram para 0,5217%.
Agora, a poupança corria o risco de render menos de 0,5% por conta do número menor de dias úteis de fevereiro com o feriado de Carnaval. Segundo o matemático José Dutra Vieira Sobrinho, a TR poderia ficar negativa amanhã e no dia 3. "Prevendo essa possibilidade, o CMN [Conselho Monetário Nacional] se adiantou e criou a regulamentação", disse.
No ano passado, a poupança rendeu 7,77%, a menor valorização nominal em dez anos, segundo a consultoria Economática. Descontada a inflação pelo IPCA, a alta foi de 3,17%.
Isenta de Imposto de Renda e de taxas de administração, porém, a poupança pode render mais dos que os fundos DI e de renda fixa. É o investimento mais indicado para quem pretende mexer nas economias em curto e médio prazos. Isso porque, para resgates antes de seis meses, o investidor terá recolhido 22,5% de IR do total de rendimento.
Nos cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo, a poupança rende mais do que os fundos DI para quem não consegue no banco taxas de administração de menos de 2,5% e resgata a aplicação em menos de seis meses. "A poupança fica mais competitiva em relação aos fundos de investimento e ganha uma segurança a mais. A poupança é um instrumento conservador e um refúgio, que é sempre procurado em períodos de turbulência. Mas a poupança só é interessante para quem não tem acesso a taxas [de administração] de 2% e 2,5% e movimenta em menos de seis meses", disse.
"[A mudança] veio corrigir um desvio de rota feito no ano passado [outra modificação no cálculo da TR]. Se não tivesse mudado, a TR não poderia ficar negativa. [O piso] dá mais tranqüilidade para o investidor da poupança, que vai ter garantido um mínimo. A poupança continua competitiva em relação aos demais investimentos", disse José Carlos Luxo, professor do Laboratório de Finanças da USP. Colombo lembra ainda que a poupança, na prática, tem menos liquidez do que os fundos por conta das datas de aniversário. "Você tem de sacar nos aniversários para não ter perda. Se tirar um dia antes, perde o mês todo", disse.

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