terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Aos 40, Ibovespa ainda seduz mercado

Valor Econômico
29/01/2008


Num momento em que a turbulência dos mercados tira o sossego do investidor, serve de consolo saber que muitos ativos sobreviverão à tempestade atual. A Bovespa comemora hoje os 40 anos do Índice Bovespa, o indicador mais antigo do mercado brasileiro. E entre as 58 empresas que compõem o índice atualmente, seis estavam presentes no primeiro Ibovespa, em 1968. As ações do banco Itaú, da Duratex e da Lojas Americanas, por exemplo, faziam parte da primeira carteira do índice e se mantêm na atual. Já os papéis da Vale, Souza Cruz e AmBev (antiga Antarctica e Brahma) estiveram presentes em todas as carteiras do Ibovespa, sem terem ficado fora do indicador sequer uma única vez.



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Vale, AmBev e Souza Cruz estão na lista desde o início
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"Esse levantamento é interessante porque mostra para o investidor que há no mercado brasileiro companhias longevas, saudáveis e que permanecem, enquanto as crises financeiras passam", diz o diretor de operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira. O desempenho do Ibovespa nesses 40 anos também é outro sinal importante de que o sobe-e-desce do dia-a-dia se dilui no longo prazo e o que predomina, na maior parte das vezes, são os bons retornos. Desde 1968, o índice acumula alta de 3.540%, corrigido pelo IGP-DI. Já quanto às ações que fazem parte do indicador desde o começo, não é possível fazer o mesmo cálculo, pois a base de dados disponível das empresas individualmente existe apenas desde 1986.






Ao longo desses 40 anos, o Ibovespa mudou muito, refletindo os altos e baixos da economia e as transformações no perfil da indústria brasileira. Algumas das "blue chips" da primeira carteira do indicador, por exemplo, já nem existem mais, como Banco da América, Cimento Itaú, Casa Anglo Brasileiro (ex-Mappin), Banco Comercial do Estado e Cimaf (fabricante de aço e ferro). Em 1968, o índice tinha apenas 27 ações, o menor número desde que ele existe, sinal de como o mercado era incipiente. Em 1980, as ações da Petrobras já figuravam entre as vedetes do Ibovespa, juntamente com Banco do Brasil, Banespa, Vidraria Santa Marina, Varig e Cobrasma. "A década de 80 foi marcada pelo aumento no número de empresas e pela diversificação de setores na bolsa", diz Nogueira. Já na década seguinte, o mercado voltou a se concentrar, com a falecida Telebrás chegando a representar quase 50% do índice.


Atualmente, as gigantes Vale e Petrobras brigam palmo-a-palmo pela liderança dentro do índice, além da estréia de novos setores, resultado da retomada das ofertas públicas de ações (IPOs) a partir de 2004. "Essa diversificação é saudável e tende a se intensificar nos próximos anos, já que os papéis das novas companhias vão ganhando liquidez e, assim, ficam em condições de disputar um lugar dentro do índice", diz Nogueira. Entre esses novos setores estão: imobiliário, educação, saúde, frigoríficos e prestadoras de serviços, como as ações da própria Bovespa Holding e BM&F.


Depois de variar entre o campo positivo e negativo durante todo o dia, o Ibovespa ontem fechou em alta de 1,97%, aos 58.593 pontos. As ações ON (com voto) e PN (sem voto) da Petrobras subiram mais de 5% e influenciaram positivamente o índice.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

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