terça-feira, 20 de novembro de 2007

O 13º salário chegou. Prepare-se

Jornal da Tarde 20/11/2007

Especialistas mostram o que fazer para equilibrar as finanças com a renda extra do fim de ano

Fabrício de Castro, fabrício.castro@grupoestado.com.br

O fim de ano chegou e, com ele, o momento de equilibrar as finanças antes das compras. Com o 13º salário na conta, o brasileiro tem a chance de pagar as dívidas, guardar dinheiro para o início de 2008 ou engordar a poupança.

A decisão sobre como utilizar a renda extra depende da atual situação do trabalhador. Em São Paulo, 58% dos consumidores pretendem utilizar o 13º para pagar dívidas antigas, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Outros 20% esperam usar parte do dinheiro para comprar presentes, enquanto 10% prometem reservar uma parcela para os gastos com o IPVA, o IPTU e a escola dos filhos.

Para esclarecer qual é o melhor destino para o dinheiro, o Jornal da Tarde ouviu 13 especialistas em finanças. Todos, sem exceção, disseram que a renda extra deve servir, em primeiro lugar, para pagar as dívidas. Na seqüência de prioridades vêm a reserva para novas despesas e a aplicação do dinheiro.

'As duas maiores mentiras que a pessoa conta no fim de ano são as de que ela vai perder peso e ficar no azul. Perder peso fica difícil, por causa das festas, mas ficar no azul é possível', garante o escritor Gustavo Nagib, autor do Guia do Pão-Duro. 'O 13º é a chance.'

A assistente financeira Daniele Gomes, de 23 anos, aguarda com ansiedade essa chance. 'Vou usar o 13º para pagar uma dívida no cartão de crédito', diz.

Desde o início do ano, Daniele vem acumulando um déficit que, em novembro, com a ação dos juros, já chegava a R$ 2 mil. Para quitar tudo, terá que abrir mão de novos gastos.

Para cumprir a promessa, Daniele precisará resistir à tentação do consumo que, segundo os especialistas, é mais forte no fim do ano. 'É uma época perigosa', alerta o economista Luís Carlos Ewald, autor do livro Sobrou Dinheiro!. 'A pessoa sai com dinheiro no bolso, e acaba comprando no pré-datado.'

Ewald lembra que as lojas cobram preços à vista, sem desconto, e dividem o mesmo valor em várias vezes, sem juros. Com isso, o consumidor é levado a se endividar. 'Não é à toa que os meses de março e abril são os de maior inadimplência', diz .



A bancária Patrícia Kikuchi, de 26 anos, quer usar o 13º para quitar parte do financiamento de um carro. Para comprar presentes, pretende pagar à vista ou dividir em poucas vezes. 'Nem sempre dá para pagar à vista. Mas eu parcelo, no máximo, em três vezes. Nunca mais que isso', ensina.

'É preciso estabelecer prioridades, e a mais urgente é pagar as dívidas. Se você tem nome sujo na praça, use o 13º para limpá-lo”
MARCOS CRIVELARO
ECONOMISTA, PROFESSOR DA FIAP

'Antes mesmo do dinheiro do 13º salário cair na conta, o devedor deve renegociar com o banco o valor das dívidas”
REINALDO DOMINGOS, CONTABILISTA,
AUTOR DO LIVRO ‘TERAPIA FINANCEIRA’

'O que eu aconselho? Que a pessoa não faça com o 13º salário exatamente o que ela já deve estar fazendo: compras”
GUSTAVO NAGIB, JORNALISTA
E ESCRITOR, AUTOR DO ‘GUIA DO PÃO-DURO’



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