segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Taxa média de fundos é a maior desde 2000

FABRICIO VIEIRA
Folha de S. Paulo
24/9/2007

Apesar do nível recorde do patrimônio, tarifas de administração aumentam de 2,425% em 2004 para 2,558% em 2006

Fundo de ações é a categoria que cobra a mais alta taxa de administração dos cotistas, com uma média de 3,52% registrada em 2006

O mercado de fundos nunca teve tanto dinheiro para gerir -o patrimônio está no nível recorde de R$ 1,057 trilhão. Porém, se a oferta de produtos e a procura de investidores nunca foi tão expressiva, as taxas de administração, na média, não têm caído.
Levantamento feito pelo Centro de Finanças da FGV a pedido da Folha mostra que as taxas médias de administração cobradas pelas instituições que gerem aplicações financeiras têm até crescido nos últimos anos. De 2004 para 2006, a taxa média cobrada nos fundos de varejo foi de 2,425% para 2,558% anuais -a maior média desde 2000.
Mas, apesar de a média apontar elevação, o investidor não deve se esquecer de que há fundos que tiveram redução em suas taxas de administração nos últimos anos e outros que podem ter tido crescimento de forma mais expressiva.
Foram considerados no estudo os maiores gestores de recursos de terceiros, em uma representação de aproximadamente 80% do patrimônio líquido do mercado de fundos. Apenas fundos abertos para captação entraram na pesquisa, que abordou o período que vai de 1998 a 2006.
A taxa de administração é um valor que os cotistas de um fundo de investimento têm de pagar ao administrador da aplicação como uma forma de remunerar os gestores pelo serviço prestado. Essas taxas são fixadas livremente pelas instituições financeiras, por isso oscilam bastante, variando entre cada categoria e de uma instituição a outra. De uma forma geral, ficam entre 1% e 4%.
Por suas próprias características, os fundos de ações são os campeões de taxas cobradas. A média dessa categoria ficou em 3,520% no ano passado, ante 3,432% em 2005.
"Os fundos de ações dão mais trabalho para os gestores e carregam maiores riscos, daí suas taxas de administração costumarem ser mais elevadas", afirma William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Apesar de terem subido um pouco de 2005 a 2006, as taxas de administração dos fundos de ações praticadas em anos recentes eram bem maiores. Em 2001, a média chegou a 3,907%.
Outra categoria que demanda maior trabalho e agilidade dos gestores é a de multimercados. Esses fundos têm como particularidade poder aplicar seu patrimônio em diversos segmentos, como ações, títulos que pagam juros e câmbio.
Mas as taxas de administração dos multimercados têm ficado bem abaixo das praticadas nos fundos de ações. E, entre as grandes categorias, têm aparecido como uma das que cobram as menores taxas. Em 2006, os multimercados praticavam taxa de administração média de 1,81% -a menor desde 2003.

Arquitetura dos fundos
"A taxa de administração acaba sendo um componente muito importante para o retorno do investidor, especialmente no longo prazo", avalia o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Cada fundo de investimento, independentemente de seu tamanho ou de suas características, funciona como um clube. Vários sócios se juntam e dividem os custos, pagando uma mensalidade para ajudar a mantê-lo em funcionamento.
No caso de uma aplicação financeira, os sócios são chamados de cotistas e a mensalidade é a taxa de administração.
Os recursos que cada um deposita formam o patrimônio do fundo, a ser administrado por um gestor -especialista que decide onde é melhor reinvestir o dinheiro do cotista. O gestor se atenta ao mercado diariamente -principalmente no caso de fundos de ações- atrás das melhores oportunidades.

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