quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O carnê da classe média é de plástico

Jornal da Tarde 27/09/2007

Pela primeira vez as compras parceladas no cartão de crédito foram superiores às operações à vista dentro do faturamento das operadoras brasileiras

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br

A classe média tem um novo carnê, de plástico. Estudo divulgado ontem pela Itaucard mostra que entre janeiro e setembro deste ano as compras parceladas no cartão de crédito foram responsáveis por 50,5% do faturamento do setor, que no período atingiu R$ 128,5 bilhões. Para se ter uma idéia da evolução desta forma de pagamento, no mesmo período de 2003 os parcelamentos respondiam por 39,6% do total de operações. O estudo abrange todo o universo de cartões para pessoa física em circulação no País, cerca de 89 milhões.

Do total das compras parceladas no cartão, 49,1% foram feitas sem juros e apenas 1,4% com juros, que podem variar de 2,9% a 11% ao mês. O índice vale para pagamentos feitos no prazo. Quem atrasar paga entre 11,9% e 12,6% sobre o total da fatura. A informação é de Fernando Chacon, diretor de Marketing de Cartões do Banco Itaú.

O estudo identificou que entre os consumidores de baixa renda - que para o setor são aqueles que ganham até R$ 1.499 por mês - o porcentual de parcelamento com cartão chegou a 55% das compras realizadas entre janeiro e setembro, com um valor médio de R$ 181 por compra a prestação. Segundo Chacon, trata-se de um sintoma de que o brasileiro, aos poucos, aprende a consumir de acordo com sua capacidade de pagamento. Segundo o Itaucard, os consumidores de baixa renda detêm 63% dos cartões de crédito emitidos no País, mas não são os principais responsáveis pelo faturamento das operadoras, e sim os consumidores de classe média, que são menos numerosos, mas usam o cartão para compras de maior valor médio.

Preferências

O estudo mostrou, ainda, que os compradores preferem pagar em duas e três vezes: 46% dos entrevistados indicaram que se utilizam desse número de parcelas, com cada prestação entre R$ 100 e R$ 199.

Entre os setores do comércio em que o parcelamento no cartão é mais usado, segundo o levantamento, estão eletroeletrônicos, onde o pagamento a prazo foi a forma escolhida por 86% dos consumidores que pagam com o dinheiro de plástico. Em estabelecimentos de vestuário, calçados e lojas de departamentos, a compra a prazo foi a opção de 82% dos usuários de cartões de crédito. O estudo ressalta, ainda, que 73% das compras com cartão entre janeiro e setembro de 2007 em drogarias, farmácias e óticas foram parceladas.

Até dezembro, a projeção é que as compras divididas no cartão atinjam R$ 93,6 bilhões, um avanço de 23,4% em relação a 2006. As compras à vista também devem crescer , chegando a R$ 87,9 bilhões. 'Confirmada a estimativa, este será o primeiro ano na história do mercado de cartões que o parcelamento sem juros superará o pagamento à vista', diz Chacon

Em relação ao Estado de São Paulo, cuja parcela de faturamento ficou em 30,9% do total - R$ 39,7 bilhões - 42,9% correspondem a compras parceladas, com um valor médio de gasto em torno dos R$ 255.

Em até dez vezes, se puder

O funcionário público Rogério Fratucci diz ser usuário de cartões de crédito há 20 anos. Como a maioria dos consumidores brasileiros, Fratucci conta que é adepto das compras divididas em várias vezes. Assim, costuma utilizar seu cartão principalmente em lojas de eletroeletrônicos. Ele revela que não liga muito para o prazo. Costuma comprar em até dez vezes, quando as lojas oferecem essa opção.


ALGUNS NÚMEROS DO SETOR

A taxa média mensal de juros pagos pelo usuário de cartão de crédito nacional por atraso no
pagamento da fatura é de 12,6%

O número de parcelas que o comércio costuma oferecer varia de dois a dez

A taxa mensal média de juros pagos pelos clientes de cartão de crédito internacional por atraso no pagamento da fatura é de 11,9%

Entre janeiro e setembro deste ano as compras parceladas foram responsáveis por 50,5% do
faturamento do setor de cartões de crédito no Brasil, que no período atingiu R$ 128,5 bilhões O estudo abrange todo o universo de cartões para pessoa física em circulação no País, cerca de 89 milhões

Entre os consumidores de baixa renda - que ganham até R$ 1.499 por mês - o porcentual de parcelamento chegou a 55% das compras feitas de janeiro a setembro, com um valor médio de R$ 181 por compra parcelada

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