terça-feira, 25 de setembro de 2007

Carteiras populares perdem 193 mil cotistas neste ano

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
25/09/2007



Um acompanhamento do site financeiro Fortuna com os 13 maiores fundos de renda fixa, curto prazo e DI populares, com aplicação média de R$ 13,5 mil, mostra que ao longo do ano essas carteiras perderam R$ 2,4 bilhões em resgates, até dia 19. Dos mesmos fundos saíram 193 mil cotistas no mesmo período. Para o site Fortuna, a caderneta de poupança tem liderado essa corrida com os fundos populares pelos recursos dos investidores de varejo. "No passado, a diferença entre a rentabilidade da caderneta e do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, referência dos fundos) era da ordem de 6,5% ao ano, mas, neste ano, a diferença caiu a 2%", diz um relatório do Fortuna. Nos cálculos, foi considerado o imposto máximo de 22,5% sobre o retorno dos fundos. A caderneta é isenta de IR.


Quando o juro da Selic era de 15%, 16% ao ano, o investidor poderia aplicar nos fundos de varejo que, até de olhos fechados, obteria rentabilidade superior à da poupança, diz David Cohen, operador de renda fixa da instituição financeira CR2. "Hoje, com a Selic a 11,25% ao ano, o investidor começa a fazer contas levando em conta o IR e a taxa de administração dos fundos." Conforme menos tempo o dinheiro passar aplicado, menos interessante é o fundo, porque o IR cai gradativamente de 22,5% para 15% sobre o ganho em dois anos.


A taxa de administração também acaba afastando os investidores. Como a diferença entre o rendimento líquido dos fundos que seguem o CDI e o da caderneta de poupança caiu a cerca de 2% ao ano, a princípio, qualquer fundo que cobrar taxa acima de 2% ao ano, já renderia abaixo da caderneta. Em geral, portanto, como esses fundos têm variação pequena entre as estratégias de gestão, o retorno das carteiras será tanto maior quanto menor for a taxa de administração cobrada.


Apenas neste ano, até quinta-feira, dia 20, os fundos DI perderam mais de R$ 10 bilhões em saques de aplicadores, segundo dados do Fortuna. Na outra mão, até o fim de agosto, a caderneta de poupança teve R$ 6,5 bilhões em novos depósitos neste ano.


A avaliação dos 13 maiores e mais populares fundos de varejo pelo Fortuna engloba um milhão de cotistas. Segundo a consultoria, a rentabilidade média desse grupo de fundos nos 12 meses encerrados dia 19 foi de 8,36% ante 12,61% do CDI no mesmo período. Essa rentabilidade é liquida de taxa de administração, mas não de imposto de renda. Pelas estimativas do Fortuna, nos últimos 12 meses encerrados no fim de setembro, a caderneta ofereceu retorno líquido de 7,95%. no caso dos fundos, se considerada a menor alíquota de IR menor possível, de 15%, as carteiras do levantamento teriam rendido apenas 7,11% em 12 meses, até quarta-feira. "As contas mostram que pode ser menos vantagem aplicar em um fundo do que na caderneta", diz Cohen.


No entanto, o investidor deve ter em mente que o governo pode atuar novamente para reduzir a rentabilidade da caderneta. Isso já ocorreu por duas vezes neste ano e, ainda assim, a caderneta continuou apresentando ganho competitivo com os fundos. Contudo, é possível que o governo alterar novamente as regras.


Cohen lembra, porém, que a caderneta de poupança tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no limite até R$ 60 mil. Isso quer dizer que, se o banco em que o investidor da poupança passar por algum problema financeiro, o FGC garantirá que serão pagos até R$ 60 mil ao aplicador. No caso do fundo, não há essa garantia, mas os recursos dos aplicadores ficam segregados do patrimônio da gestora de recursos, não se misturando ao passivo da empresa em caso de crise financeira.


Além da caderneta de poupança, o relatório do Fortuna considera a possibilidade de também os investidores terem migrado, ao menos em parte, para os fundos multimercados. Neste ano, até dia 20, os multimercados receberam R$ 26,7 bilhões. Os multimercados apresentam rentabilidade bruta de 11,06% no ano, enquanto os fundos de renda fixa têm retorno de 8,59%, os DI de 8,24% e os curto prazo, de 7,57%.


Entre as carteiras que apresentam maior rentabilidade no ano estão os fundos de ações, com retorno de 28,91% até quarta-feira. Esses investimentos receberam, desde janeiro, outros R$ 16,4 bilhões em aportes novos. No total, o Fortuna aponta uma entrada de R$ 70 bilhões em todo o setor de fundos neste ano até dia 20.

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