quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Economia brasileira acalma os ânimos

Valor Econômico
Daniele Camba
13/09/2007


Os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro divulgados ontem não mostram um crescimento retumbante da economia como o governo gostaria. Se isso é negativo porque significa que o Brasil está longe de mostrar uma velocidade de cruzeiro, para alguns analistas, é positivo porque, se a economia não está superaquecida, é possível esperar que o Banco Central continue a queda dos juros. Uma Selic menor contribui para um desenvolvimento ainda maior da economia no futuro, que é o terreno ideal para a bolsa florescer e dar frutos. Essa foi exatamente a interpretação dos investidores e que levou o Índice Bovespa a subir durante quase todo o pregão ontem. Faltando menos de uma hora para o fim dos negócios, a alta começou a fraquejar e o Ibovespa acabou fechando em levíssima queda de 0,07%, aos 53.882 pontos.



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Empresas do mercado interno lideram altas
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Outra sinalização importante na divulgação do PIB foi o grande crescimento de 13,8% da formação bruta de capital fixo que nada mais é do que o investimento das empresas na própria produção. Uma oferta maior de produtos significa uma pressão inflacionária menor, mais um motivo para novas quedas de juros. Olhando pelo lado do mercado de capitais, quando as companhias produzem mais, lucram mais e remuneram muito melhor seus acionistas sob a forma de dividendos e com a valorização das ações. O crescimento em investimento torna-se ainda mais importante, já que andava devagar.






"É preciso puxar a orelha das empresas brasileiras que não estavam investindo em produção e, sim, deixando o dinheiro em caixa aplicado em CDI", diz o chefe de análise da Corretora Concórdia, Eduardo Kondo. "As empresas não são bancos, a função delas é ganhar dinheiro com o próprio negócio." Ele lembra que ainda se conta nos dedos o número de companhias que estão usando o caixa ou se endividando para aumentar a produção. Entre elas, estão empresas dos setores petroquímico, elétrico e de papel e celulose, lembra Kondo.


Os louros da estabilidade econômica


Entre as maiores altas do Ibovespa ontem estão principalmente ações de companhias voltadas ao mercado interno, como as do setor imobiliário. As ordinárias (ON, com direito a voto) da Cyrela Brazil Realty subiram 4%, seguidas pelas ONs da Gafisa, com alta de 3,59%. "Mais do que grandes crescimentos do PIB, o setor imobiliário precisa de estabilidade econômica para deslanchar e os números comprovam que há estabilidade", afirma o chefe de análise da Concórdia. Os papéis dos segmentos imobiliário e de bancos se recuperam a cada novo dia de relativa tranqüilidade no mercado externo. Com a crise hipotecária americana e os reflexos em alguns bancos, o investidor estrangeiro não pensou duas vezes e vendeu as ações desses dois setores no mundo inteiro, indistintamente. Os papéis do segmento de papel e celulose também se beneficiaram com os números da economia. As preferenciais (PN, sem voto) da Klabin se valorizaram 2,68% e as PNs da Votorantim Celulose e Papel (VCP), 2,12%. As PNs da AmBev subiram 2,25%, refletindo a notícia de que as marcas da companhia ficaram com quase 70% do consumo de cerveja em agosto.

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