terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Negócios com PIBB caem pela metade em 2009

Valor Econômico

12/01/2010

Angelo Pavini, de São Paulo

Os negócios com cotas de fundos de índices de ações (os Exchange Traded Funds, ou ETFs) na Bovespa cresceram 176,11% no ano passado, saltando de R$ 1,658 bilhão em 2008 para R$ 4,578 bilhões em 2009. Já o número de negócios passou de 33.360 para 59.460 no ano passado. O lado preocupante desse resultado, no entanto, é que o ETF mais antigo do mercado, o fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), teve uma queda de 52% em seu volume negociado, que despencou de R$ 1,481 bilhão para R$ 698 milhões.

Criado pelo BNDES em parceria com o Banco Itaú, o PIBB é um fundo referenciado no Índice Brasil Bovespa 50 (IBrX). A queda de volume é uma notícia ruim principalmente para o investidor pessoa física, que depende do volume de negócios para vender seus papéis.

 

 

Já os três ETFs lançados no fim de 2008 pelo Barclays (hoje BlackRock) - um referenciado no Ibovespa, outro no índice de Small Caps e o terceiro no índice Large & Middle Caps - movimentaram R$ 3,880 bilhões. Desse total, apenas o ETF de Ibovespa respondeu por R$ 3,843 bilhões.

No número de negócios, o PIBB acumulou queda de 42%, com 18.026 operações em 2009, para 31.374 registrados em 2008. O volume diário, por sua vez, recuou de R$ 5,951 milhões para R$ 2,838 milhões por dia. Já o número de cotas que trocaram de mãos foi reduzido de 73,3 mil para 37,5 mil por dia.

O PIBB teve grande presença de pessoas físicas até por incentivo do BNDES e da Bovespa, que instituíram uma garantia do valor aplicado por um período logo após a oferta das cotas. Hoje, o fundo ainda é visto como opção para quem não quer comprar uma ação apenas ou que não quer um fundo de ações ativo, que cobra taxas de administração superiores a 3% ao ano. O PIBB tem um custo muito inferior a isso e ao dos próprios ETFs. O Itaú, por exemplo, cobra taxa de administração de 0,059% ao ano, para 0,54% ao ano nos da BlackRock - também chamados de iShares. O problema é que, por seu baixo retorno comercial, o PIBB acaba não sendo prioridade para o gestor.

Os números mostram que a participação do pequeno investidor no PIBB continua grande. Dos negócios realizados com as cotas do fundo, as pessoas físicas responderam por 28,6% no ano passado, percentual que cai para 8% no iShare de Ibovespa. Já as instituições financeiras são maioria nos iShares, com 36,7% dos negócios, para 3,6% no PIBB.

A queda do volume mostra a concorrência entre os ETFs, explica a gerente de produtos de renda variável da BM&FBovespa, Adriana Sanches. Segundo ela, o PIBB e os iShares são muito diferentes entre si. "O PIBB foi feito como uma oferta pública, o BNDES montou uma operação, fez a distribuição e focou a pessoa física", diz. Já o iShare é criado pela BlackRock a partir da demanda dos grandes investidores, como institucionais ou instituições financeiras. "O fundo surge com um patrimônio pequeno e, à medida que cresce o interesse por ele, o volume aumenta, mas mais por conta dos grandes investidores, que transformam ações em cotas do fundo", diz a executiva.

O investidor que tem aplicações no PIBB e está preocupado com a liquidez do fundo talvez deva procurar uma alternativa, diz a especialista em investimentos Marcia Dessen, da consultoria BMI. "Ele precisa avaliar se vai precisar do dinheiro de uma hora para outra ou se pode deixar o dinheiro aplicado, sem pressa", afirma. Se não houver prazo para resgate, Márcia diz que o PIBB continua sendo uma boa opção. "Ele reflete uma carteira dos 50 papéis mais negociados da bolsa, ponderados por seu valor de mercado, o que é uma diversificação", lembra a especialista. Se a questão da liquidez for muito grave, ela sugere ao investidor vender os papéis gradualmente para evitar perdas. "Mas se ele tem outras reservas, pode manter a aplicação e tocar a vida", diz Marcia.

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