terça-feira, 11 de março de 2008

Educação financeira vem de casa

Jornal da Tarde
11/03/2008


Exemplo dos pais e orientação já na infância transformam jovens em adultos responsáveis

Fabrício de Castro, fabricio.castro@grupoestado.com.br


Parece exagero, mas o cofrinho de moedas em forma de porquinho exerce uma função importante na educação do seu filho. Segundo especialistas em finanças, uma criança que aprende, desde cedo, a ser responsável com o dinheiro acaba se transformando em um adulto equilibrado. Nesse processo, é fundamental que os pais dêem o exemplo.

Em casa, eles devem aproveitar as situações do dia-a-dia para transmitir conceitos de educação financeira aos filhos. 'As primeiras conversas são informais', explica o consultor Paulo Adriano Freitas Borges. 'A referência é o comportamento dos pais, antes mesmo de a criança saber o que é cartão de crédito e juros.'

Para o consultor Álvaro Modernell, tudo começa na administração das ansiedades. 'A criança não pode ficar mal acostumada. Se ela chora porque quer um brinquedo, é preciso demonstrar a diferença entre o querer e o poder.'

Modernell lembra que, aos dois anos, a criança testa os limites dos pais. O choro é uma arma para ela conseguir o que deseja. 'Os pais não podem dar tudo, porque, quando a criança ficar adulta, ela não vai mais chorar. Mas sim fazer dívidas no cartão de crédito e no cheque especial', alerta.

Para dar o exemplo, os pais precisam ter uma vida financeira controlada. Além disso, eles devem estimular a poupança desde cedo. Aqui entra em cena o cofre em forma de porquinho. 'É importante levar a criança a guardar dinheiro, mas sempre com um objetivo', defende o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro Filhos inteligentes enriquecem sozinhos . 'Poupança sem propósito cria um adulto mesquinho.'

A bicicleta, a boneca ou o videogame de última geração pode servir de motivo para a poupança.

Muitos casais que estão na faixa entre os 25e os 45 anos têm dificuldades para impor esses limites e transmitir conceitos de responsabilidade. 'Isso ocorre porque essas pessoas viveram o período inflacionário e perderam a referência do que é poupar para o futuro', afirma Cerbasi.

Com a inflação alta, lembra o consultor, ninguém sabia ao certo quanto guardar todo mês para comprar algo após três anos. Agora, a situação é diferente.

Juntos, pais e filhos podem planejar o futuro. Na casa do empresário Luís Alberto Biroli, de 33 anos, é assim. 'Tudo começou em setembro de 2006, quando decidi fazer uma economia para meus filhos', diz.

Pai de Ana Carolina, de 10 anos, Gabriel, 8, e Luigi, 5, Biroli passou a investir, no nome dos filhos, em um fundo de ações. 'Não tinha a mínima noção de como aplicar na Bolsa, mas me informei a respeito', conta.

O fundo escolhido reúne apenas menores de 16 anos. Para Biroli, o investimento foi importante para criar disciplina. 'A Ana Carolina, que é mais velha, já sabe acompanhar o saldo. E o Gabriel criou uma noção mais clara do que é caro e do que é barato', afirma o pai.

Biroli também paga um valor mensal para um deles. 'Quando o Gabriel reclama que não consegue comprar algo, porque é muito caro, eu lembro que ele tem o dinheiro do fundo. E pergunto: vale a pena?' Apesar de jovem, Gabriel vai aprendendo a decidir .

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