quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Isento, leasing pode tomar 15% do CDC

Valor Econômico
Fernando Travaglini, de São Paulo
09/01/2008



O setor de leasing para veículos pode ser o grande beneficiado com o pacote de aumento de impostos. O arrendamento mercantil, por ser considerado um serviço, não tem incidência do Imposto sobre Operações Financeira (IOF), cuja alíquota foi elevada no início do ano.


Com as mudanças, o crédito para pessoas físicas ficou até 1,88% mais caro. Para as empresas, a elevação foi de 0,38%. Já no leasing incide apenas o tributo municipal Impostos sobre Serviços (ISS), cuja alíquota é da ordem de 0,25% sobre a operação.


Com isso, a diferença de juros para o crédito tradicional, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que já favorecia o leasing em cerca de 1 ponto percentual ao ano, subiu para quase 3 pontos. Essa diferença passa a ser considerável, já que no financiamento de veículos a taxa de juros média é de 28,5% ao ano.


O presidente da Associação Brasileira da Empresas de Leasing (Abel), Rafael Cardoso, acredita que o impacto não será tão grande para a demanda de crédito, mas está otimista em relação ao leasing. "Deveremos continuar crescendo entre 30% e 35% em 2008", diz o executivo.


Já o presidente da CSI Leasing, empresa que faz arrendamento operacional de equipamentos de tecnologia, Roberto Mussalem, acha que o setor pode ver uma migração de 10% a 15% do CDC para o leasing por conta dos juros mais baixos. "O leasing já é naturalmente mais barato".


De fato, nos últimos anos o leasing cresce de forma mais acelerada do que o CDC. Em 2007, segundo dados do Banco Central, o crescimento do leasing foi mais forte: 97% no ano, atingindo R$ 27 bilhões, contra 25% do crédito, que chegou a R$ 79,5 bilhões, em novembro.


Com isso, quase um terço das operações de financiamento de veículos para pessoas físicas já são feita via leasing. O CDC tem pouco mais de 42% do total. Esse patamar mostra evolução em relação a 2002, quando o arrendamento respondia por 3% das operações e o crédito, 53%.


Nessa época, o arrendamento passava por uma crise devido à disparada do dólar quando a totalidade dos contratos de arrendamento eram atrelados à moeda americana. "Hoje o mercado aprendeu que a indexação tem de ser feita em moeda local", explica Mussalem.


No setor de veículos comerciais, o líder ainda é o Finame, linha especial do BNDES que agora também tem IOF de 0,38% (mesmo valor antes relativo à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Até setembro do ano passado, 49% das operações comerciais eram feita via Finame, contra 30% das operações de leasing.


Para o presidente da Associação das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro, a recente retomada do leasing e as novas condições tributárias podem elevar a competitividade do setor. "O leasing pode competir até mesmo com o Finame, do BNDES", avalia.


Além das condições favoráveis, o arrendamento é ainda uma importante ferramenta para o planejamento tributário das empresas, lembra Cardoso. Por exemplo, as companhias podem deduzir as parcelas (contraprestações) do Imposto de Renda (para as empresas que declaram o IR por lucro real).

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page