terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Futuros de roupa nova

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro, de São Paulo
08/01/2008



Depois de encerrar 2007 com quase 15 mil participantes cadastrados em 4 meses, o simulador de contratos futuros da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) volta com várias novidades. A partir de agora, os inscritos poderão testar seus conhecimentos operando também contratos de milho e soja. Houve mudança ainda na periodicidade da premiação, que deixa de ser bimestral para ser quadrimestral. Além disso, a bolsa prepara para fevereiro a colocação no simulador dos contratos de juros futuros (de Depósito Interfinanceiro, ou DIs), os mais negociados hoje no pregão da BM&F.


Outra novidade está no tamanho dos contratos agrícolas. Os de café e boi gordo, por exemplo, passarão a seguir no simulador o tamanho padrão usado no mercado, e não mais sua versão míni, que representa uma parcela menor e um valor menor. No caso do do café, o participante podia negociar minicontratos que representavam 10 sacas de 60 quilos. Agora, os cadastrados irão operar 100 sacas de 60 quilos. Os vencimentos se mantêm nos meses de março, maio, julho, setembro e dezembro. Já para o boi, os participantes passarão a operar contratos que representam 330 arrobas líquidas e não mais 33 arrobas (cada arroba equivale a 15 quilos). Os vencimentos acontecem todos os meses.


A idéia de aumentar o número de produtos negociados e o tamanho dos contratos foi melhorar o entendimento sobre o mercado futuro, diz Verdi Rosa Monteiro, diretor de Projetos de Desenvolvimento e Fomento de Mercado da BM&F. "Muitos gerentes de agências bancárias usam o simulador de forma didática para mostrar ao produtor como funcionam os contratos e a versão míni dificultava um pouco", afirma Monteiro.


As mudanças foram bem-recebidas. O estudante do 4º ano de economia da PUC-SP Wladimir Maximilian Scatimburgo gostou do fato de ter mais opções para negociar no simulado. "É bom para conhecer como funcionam outros tipos de contratos, pois normalmente nos concentramos em dólar e índice", diz ele, que hoje trabalha como estagiário numa empresa de aconselhamento financeiro.


Só para se ter idéia da importância dos agropecuários, a BM&F chegou a negociar 2,05 milhões desses contratos entre janeiro e novembro do ano passado. Como no pregão da BM&F, os contratos de milho representam 450 sacas de 60 quilos cada e o vencimento acontece nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro. Já no caso da soja, também são 450 sacas de 60 quilos, mas que têm vencimento em março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e novembro. Os meses com maior negociação são março para o milho e maio para soja.


Quanto à premiação, ela deixa de ocorrer a cada dois meses para ser quadrimestral. O acesso é gratuito e cada investidor recebe uma quantia fictícia de R$ 150 mil para comprar ou vender contratos futuros. Os participantes não ligados ao mercado financeiro e que obtêm os melhores retornos recebem prêmios. Os cinco participantes com melhores rendimentos no período no simulador ganham iPods oferecidos por corretoras parceiras do programa. Além disso, ganham cursos online da bolsa sobre o mercado de derivativos e assinaturas do Valor, também parceiro do projeto de popularização do mercado futuro.


Além disso, os três primeiro colocados no ranking anual receberão laptops, cursos da bolsa e uma assinatura anual do Valor. Os dez participantes que se destacarem no ano poderão até concorrer a um estágio na BM&F.


Segundo Verdi, o ciclo de premiação a cada dois meses se revelou curto demais e, agora, com o novo prazo, o participante poderá aprender a fazer rolagem, ou seja, a renovação dos contratos nos vencimentos. "O cadastrado irá se deparar ainda mais com as situações reais de mercado", avalia. Os usuários do simulador operam o mercado do dia, com cotações reais e dados atualizados, mas com 15 minutos de atraso em relação ao pregão real. O negócio, no entanto, é fechado pelo preço do mercado naquele momento, sem "delay". Além de universidades, algumas corretoras estão utilizando o simulador para ajudar no treinamento de mercado dos estagiários.


Agora, em janeiro, as posições dos cadastrados foram zeradas e um novo ciclo se iniciou. O ranking que mostra a rentabilidade dos participantes também sofreu modificações e passará a ser revelado somente às sextas-feiras, e não diariamente como antes. Será possível ver as colocações, mas sem os percentuais de ganhos teóricos. Para o executivo da BM&F, a medida faz com que mais estudantes se interessem em participar do simulador.


Na opinião do estudante Scatimburgo, o ranking muitas vezes desestimulava o uso do simulador. "Os retornos são meio irreais, já que o dinheiro é fictício e os participantes tomam muito risco", diz. Para ele, muita gente via a rentabilidade e desistia de operar porque achava que não teria condições de obter um desempenho tão interessante como os primeiros colocados. "Acho que a medida dá um novo gás para as pessoas não desistirem", avalia.


Outra novidade que deve chegar aos participantes em meados de fevereiro é a possibilidade de negociar contratos de juros futuros. "São contratos muito demandados e mesmo nas salas de aula são um dos tipos mais estudados", diz Verdi. A BM&F irá retomar também o processo de visitas a universidades. No ano passado, a entidade visitou apenas instituições de ensino da capital paulista. Agora, também estão previstas visitas em faculdades do Rio de Janeiro e do interior de São Paulo.

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