sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Título de empresa fica atraente para pessoa física


 


 

Folha de São Paulo

17/12/2010


Incentivo ao crédito de longo prazo cria oportunidade para pequeno investidor

Juros serão superiores aos da dívida pública, mas especialistas dizem que operações não são livres de risco

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O pacote de estímulo ao financiamento de longo prazo, que zera o Imposto de Renda para papéis que financiarem obras de infraestrutura, abrirá ao pequeno investidor uma oportunidade de aplicação com ganhos superiores aos pagos pela dívida do governo, que compõem a maioria dos fundos em renda fixa.
Como são papéis de empresas, os juros serão sempre superiores aos da dívida pública, considerado o menor risco de quebra no país.
Já o risco da operação poderá não ser tão superior assim, uma vez que esses papéis passarão pelo crivo do governo e do BNDES.
As últimas debêntures (papéis de dívida privada que rendem juro) de três anos do BNDESPar, lançadas na semana passada, por exemplo, saíram a 12,5% ao ano -acima da Selic (10,75%).
A expectativa é que os futuros papéis de infraestrutura tenham taxas superiores também às pagas pelas debêntures do BNDESpar.

DIFICULDADES
O ponto negativo é a dificuldade de vender esses papéis antes do vencimento, apesar de o próprio BNDES trabalhar para facilitar a "revenda".
"O risco é até baixo, mas a liquidez desses papéis é apenas uma promessa. O BNDES já mentiu sobre isso na emissão de suas próprias debêntures", disse Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, referindo-se à baixa liquidez das debêntures do banco de investimento.
Segundo Fabio Colombo, administrador de investimentos pessoais, há dúvidas se os atuais fundos de investimento poderão comprar esses papéis e repassar o benefício fiscal ao cotista.
Isso porque a Receita obriga o recolhimento de IR na fonte a cada seis meses, o chamado "come-cotas".
"Da maneira que estão estruturados hoje, os fundos provavelmente não vão conseguir aproveitar isso. Talvez tenham que ser criados outros fundos. Precisamos ver a regulamentação dessas medidas", disse Colombo.
Para ele, os novos papéis de infraestrutura não devem competir com investimentos mais simples, como a poupança e os fundos de investimento. O maior concorrente será o Tesouro Direto, site do governo para venda de papéis públicos.
"Não se pode esquecer que há, sim, risco de crédito [calote]. Tem que estar bem informado. E isso é complicado para pessoas que aplicam em fundos normais."

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