segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Títulos atrelados à inflação rendem mais

Folha de São Paulo

folhainvest

13/10/2010


Planos privados que investem em títulos públicos, ainda pouco comuns, têm a maior rentabilidade no ano

Aplicação é indicada para longo prazo, mas apresenta riscos e deve ser mesclada com outros investimentos


  



MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO

Os fundos de previdência que investem em títulos públicos atrelados à inflação (NTNs), ainda pouco comuns, são os que somam a maior rentabilidade no ano.
E, com a perspectiva de continuidade de crescimento da economia, o que tende a pressionar os preços, esses ativos representam um meio efetivo de proteger o valor do dinheiro no longo prazo.
Na Icatu Seguros, os dois planos que investem em NTNs são os mais rentáveis entre os de previdência.
Em 2010, o fundo que aplica em títulos atrelados ao IPCA (NTN-Bs) rendeu 15,36% até novembro, e o que acompanha a variação do IGP-M (que não é mais emitido pelo Tesouro Nacional) somou 19,58%. Nos últimos cinco anos, ambos acumulam rendimento superior a 100%.
Os números atraem novos poupadores, mas o gerente comercial da Icatu, Sérgio Prates, afirma que há riscos na aplicação e que o ideal é diversificar os investimentos.
Ele explica que o preço do título varia de acordo com a expectativa de inflação. Se há uma tendência de queda, diminui a procura pelo papéis e eles se desvalorizam.
"Por isso, quem quiser se desfazer do título antes de seu vencimento pode ter perdas. Porém, se mantiver os papéis até o prazo final, a rentabilidade contratada é garantida", disse.
O primeiro plano do tipo lançado pelo Itaú, há um ano, também tem o melhor desempenho no segmento de previdência do banco, em 2010. O Flexprev Índice de Preço, que investe 90% do patrimônio em NTN-Bs, rendeu 13,31% até novembro.

TESOURO DIRETO
Quem quiser aplicar nesses títulos também pode comprá-los diretamente através do Tesouro Direto.
A rentabilidade acumulada em 2010 pelas NTN-Bs varia de 11,79% (papel com vencimento em 2011) a 19,37% (com vencimento em 2045).
Os papéis à venda no momento pagam a variação do IPCA mais uma taxa anual de cerca de 6% -rendimento considerado elevado.
O administrador de investimento Fabio Colombo observa que títulos muito longos representam mais risco.
"Se houver alta do juro real, o investidor pode ter prejuízo. O melhor é diversificar os investimentos entre NTNs e LTNs (que pagam uma taxa pré-fixada)."
O engenheiro e professor da PUC-Rio Luiz Conrado apostou nas duas estratégias para garantir uma boa aposentadoria.
Ele investe desde 2006 em NTN-Bs e LTNs e também contribui, desde 1995, para o fundo de previdência fechado da PUC.
O fundo é administrado por um grande banco, mas ele é o responsável, dentro da universidade, por fiscalizar sua rentabilidade.
Ele conta que a maior parte do patrimônio está em títulos atrelados ao IGP-M. O resto divide-se entre títulos atrelados ao IPCA, à Selic e em ações.
"É um fundo recente para previdência, mas está dando ótima rentabilidade. Quem está se aposentando tem ficado satisfeito", disse.
Ele se aposenta em janeiro com planos de manter os investimentos em títulos públicos e, aos poucos, migrá-los para papéis que paguem rendimentos semestrais.
"Investia em títulos cujo rendimento era reaplicado automaticamente nos mesmo papéis. Agora, vou receber esse valor a cada seis meses para complementar minha renda", explicou.

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