segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Alugue já

Retorno na casa dos dois dígitos de algumas operações de empréstimos de ações é um estímulo para investidores que mantêm carteiras de longo prazo

Valor Econômico

Por Adriana Cotias, de São Paulo
07/12/2009

Você tem ações dos frigoríficos Minerva, Marfrig, Açúcar Guarani, Nossa Caixa, Energias do Brasil, Banco Cruzeiro do Sul, MMX ou Guararapes na sua carteira? Então ponha para "alugar". No Banco de Títulos (BTC) da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), esses papéis têm ofertas registradas com taxas na casa dos dois dígitos, entre 10% e 18% ao ano. Para quem estiver disposto a fazer o que se chama formalmente de empréstimo a outro investidor - em geral os institucionais locais e estrangeiros -, tal transação pode representar um ganho extra, prefixado, para os portfólios de longo prazo. Ao mesmo tempo, reduz o custo de carregamento dos ativos, as despesas de manutenção, como a taxa de custódia e até mesmo a corretagem inicial.

Apesar de soar complicado, emprestar ou colocar ações para alugar, como se diz no jargão do mercado, é uma operação relativamente simples. O investidor tem apenas de fechar um contrato com uma corretora, formalizando a sua intenção. Será a instituição, no seu papel de intermediadora, que procurará potenciais tomadores para aqueles papéis. A custódia é então temporariamente transferida para o locatário. No período em que as ações ficarem emprestadas, o proprietário mantém o direito a receber dividendos, juros sobre capital próprio ou eventuais bonificações, só perdendo a prerrogativa do voto em assembleias da empresa emissora.

"Se o investidor não tem perspectiva de venda no médio prazo, não tem sentido ficar simplesmente carregando a ação, vale a pena saber se há demanda pelo papel, isso vai definir o preço, é uma mensuração que todo mundo deveria fazer", diz o superintendente comercial da Santander Corretora, Orlando Zainaghi. "As taxas recebidas com o aluguel vão compor o rendimento total da carteira, junto com a valorização na bolsa e os dividendos."

Na média, as taxas de aluguel representam um adicional de 5% ao ano na remuneração de um ativo, mas há casos que superam os dois dígitos. Tal preço resulta da relação entre a disponibilidade das ações no BTC e a sua procura, definida pelos institucionais estrangeiros e os fundos de investimentos, os grandes tomadores. Nesse ambiente, a liquidez não encontra, necessariamente, referências com o que ocorre com os papéis no mercado à vista, explica Maurício Ceará, também da Santander Corretora. "As empresas de construção civil, por exemplo, têm muita liquidez na Bovespa e pouca no mercado de aluguel." Cyrela, por exemplo, tem, na média, operações registradas a 8,88% ao ano; Rossi a 8,52%; Gafisa numa média de 6,23%; MRV, de 6,22%, e Rodobens, de 10,32%.

Isso ocorre porque os contratos de aluguel servem a inúmeras estratégias dos fundos "long/short" (de arbitragem), que compram, por exemplo determinada ação e ficam "vendidos" numa outra do mesmo setor, apostando na baixa ou na valorização inferior.

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