terça-feira, 18 de novembro de 2008

Poucos brasileiros guardam dinheiro

Jornal da Tarde
18/11/2008


Em São Paulo e no Rio, apenas 26% pouparam uma parcela da renda no período de um ano

Fabrício de Castro,
fabricio.castro@grupoestado.com.br

Os brasileiros não estão preocupados em poupar parte de sua renda para o futuro. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa feita pela LatinPanel, em 16 grandes cidades da América Latina, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com os dados, apenas 26% dos brasileiros guardaram uma parte do salário no período de um ano, enquanto os 74% restantes gastaram todos os recursos. Em outros países, o porcentual de poupadores é maior: 42% na Argentina, 32% no Chile e 41% no México.

Na pesquisa Consumer Watch, sobre hábitos de consumo, a LatinPanel perguntou aos entrevistados, pertencentes a todas as classes sociais, se eles haviam poupado uma parcela dos recursos no período de um ano (encerrado em agosto). “O levantamento não estimou se a poupança ocorria todos os meses. Mas se a pessoa guardou dinheiro durante o ano”, explica Patrícia Menezes, gerente de marketing e comunicação da LatinPanel.

Dos 26% identificados como poupadores, apenas 10% guardaram pelo menos 10% do salário que recebem. “O que a pesquisa nos mostra é que os brasileiros ainda estão em busca dos sonhos de consumo”, afirma Patrícia. “Com a melhoria da renda nos últimos anos, eles compraram casas, carros e outros produtos. Ainda não há espaço para a cultura poupadora.”

Entre quem guarda dinheiro para o futuro, os principais objetivos são a reforma da casa, a compra de uma casa nova e a educação da família, nessa ordem. De acordo com o levantamento, apenas 10% dos poupadores investem para cobrir despesas com educação - índice abaixo do registrado por países como Argentina (12%), México (20%), Chile (25%), Colômbia (26%), Venezuela (39%) e Peru (42%).

Estabilidade econômica

Para o consultor financeiro Paulo Adriano Freitas Borges, o hábito de reservar parte do salário, todos os meses, ainda é novidade no País. “É uma questão cultural. O Brasil conseguiu estabilizar a economia há pouco tempo, e os brasileiros estão aprendendo a poupar.”

Segundo ele, as famílias estão acostumadas a investir apenas se sobrar recursos no fim do mês. “Mas se a pessoa poupar o que sobra, não vai poupar nada (porque não sobra)”, alerta. “É importante organizar o orçamento e guardar parte do dinheiro logo no início do mês.”

Dessa forma, é possível adquirir produtos à vista, fugir do financiamento e garantir a aposentadoria. É isso o que faz o analista de suporte Giliardi Rodrigues Pires, de 27 anos. “Uma das minhas preocupações é poupar para o futuro”, diz. Todos os meses, Pires reserva pelo menos 30% do salário para investimentos. “Desde 1999, guardo uma parte do meu dinheiro. Com isso, já comprei carro e apartamento.”

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