segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Fundos de renda fixa: para investir sem estresse

Jornal da Tarde
17/11/2008

Quem procura uma aplicação sem as emoções do mercado de ações - que já caiu 43,97% desde o começo do ano - tem como alternativa as carteiras que direcionam os recursos apenas para títulos do governo, papéis de dívida de empresa e a aqueles emitidos pelos bancos privados. Porém, mesmo considerados mais seguros, estes fundos devem ser escolhidos com critério.

FABRÍCIO DE CASTRO,
fabricio.castro@grupoestado.com.br

Com a crise financeira, que fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencar 43,97% desde o começo do ano, muitos investidores voltaram as atenções para aplicações mais conservadoras. O fundos de renda fixa, que não investem recursos em ações, surgiram como uma alternativa mais segura, mas mesmo esse tipo de aplicação exige alguns cuidados.

Antes de aplicar, o investidor precisa saber detalhes sobre o perfil do fundo, as taxas e os impostos cobrados. “É importante conhecer a aplicação na qual você está colocando dinheiro”, alerta o consultor financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Terapia Financeira.

Na prática, o dinheiro colocado pelos investidores em um fundo é reaplicado pelos seus gestores em diferentes ativos financeiros. A remuneração dos gestores é garantida pela taxa de administração, e o destino dos recursos depende do perfil do fundo.

De acordo com a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), existem três tipos de fundos de renda fixa no mercado: renda fixa, renda fixa médio e alto risco e renda fixa com alavancagem. Nenhum deles pode investir em ações ou em moedas estrangeiras.

Os fundos de renda fixa propriamente ditos - os mais conservadores - são obrigados a aplicar pelo menos 80% do dinheiro em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco de crédito - como Certificados de Depósitos Interbancários (CDBs), por exemplo. Os 20% restantes vão para ativos mais arriscados, mas o dinheiro continua longe da bolsa de valores, o que evita grandes oscilações na rentabilidade.

Os demais fundos podem aplicar uma parcela maior (mais de 20%) de recursos em ativos mais arriscados. Para saber qual é a porcentagem que vai para essas opções, o interessado deve ler com atenção o prospecto do fundo oferecido pelo banco. Alguns são ‘alavancados’, o que significa que chegam a pegar recursos de terceiros (fontes de fora do fundo) para fazer aplicações.

O investidor também precisa observar se o fundo é de curto ou de longo prazo. “Existem fundos de renda fixa que são de curto prazo e outros de longo prazo. A tributação vai ser diferente”, explica o diretor de Renda Fixa da HSBC Global Asset Management, Renato Ramos.

Os de curto prazo pagam, no mínimo, 20% de Imposto de Renda sobre os lucros a cada seis meses. Já os de longo prazo obedecem a uma tabela regressiva: quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, melhor (veja a tributação ao lado).

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é cobrado apenas dos mais apressados: quem deixa o dinheiro por mais de um mês fica isento do imposto.

Taxa de administração

Os valores das taxas variam de acordo com o banco. Antes de investir, aconselha Domingos, o interessado deve comparar os valores cobrados por diferentes instituições.

Ramos, do HSBC, explica ainda que quanto maior for o investimento, menor será a taxa de administração. “Existem fundos que aplicam em carteiras iguais, mas que têm taxas de administração diferentes”, diz ele. Para participar do fundo com o menor encargo, o investidor precisa aplicar mais dinheiro logo no início.

Em setembro, a taxa média de administração dos fundos de renda fixa foi de 1,11% ao ano. Já os renda fixa de médio e alto risco registraram taxa média de 0,62%.

A rentabilidade dos fundos precisa ser atrativa o suficiente para pagar a taxa de administração e os impostos. Como boa parte do dinheiro vai para títulos públicos federais, os fundos de renda fixa oscilam pouco. “Ao investir em fundos assim, a pessoa não terá grandes perdas, nem grandes ganhos”, resume Marcelo Guterman, professor de finanças do Ibmec São Paulo.

Em 2008, os fundos de renda fixa tiveram alta de 10,65%, enquanto os de médio e alto risco variaram 9,94%. Os alavancados subiram 8,60%. “A escolha do fundo vai depender também do prazo pelo qual o dinheiro vai ficar aplicado. A pessoa que tem um horizonte maior de investimento pode arriscar mais”, diz Guterman. Nesse caso, o investidor acaba procurando os fundos de ações - ou seja, sai da renda fixa para a variável.

Fundos DI

Apesar de serem vendidos nos bancos como fundos de renda fixa, os fundos DI não fazem parte dessa categoria. De acordo com a classificação da Anbid, eles são fundos referenciados, que tem como objetivo a rentabilidade do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Ainda mais seguros que os de renda fixa, os fundos DI oscilam menos e seguem a rentabilidade da Selic, a taxa básica de juros da economia

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