sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cadastros no Tesouro Direto crescem quase 40% no ano

Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Valor Econômico
16/05/2008


De grão em grão, o sistema de venda de títulos públicos via internet, o Tesouro Direto, cresce. Em abril, o número de investidores cadastrados no serviço chegou a 115.663, um aumento de 39,1% em 12 meses. No mês passado, 2.435 novos participantes ingressaram no sistema, elevando para 12.670 os novatos no Tesouro Direto somente neste ano.


O volume vendido em abril foi de R$ 108,4 milhões, valor 30,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Os pequenos investidores, com tíquetes de até R$ 5 mil, concentraram as compras e 55,3% dos negócios do mês. Desses, os que investiram até R$ 1 mil no sistema representaram 20,72%. O maior volume financeiro em abril, no entanto, ficou na faixa de R$ 10 mil a R$ 50 mil. O Tesouro Direto é uma excelente alternativa para o pequeno investidor acessar o mercado de títulos públicos sem pagar as altas taxas de administração cobradas pelos bancos em fundos DI e de renda fixa para aplicações mínimas baixas, avalia Rodrigo Menon, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors.


Apesar disso, ele alerta que também é preciso avaliar as taxas cobradas pelas corretoras que oferecem a operação. Há instituições, por exemplo, que não cobram pelo serviço, caso de Banif, Socopa e Spinelli, que usam o sistema para atrair novos clientes e que, eventualmente, poderão começar a comprar ações. Mas existem bancos onde o custo pesa bastante no retorno final. É o caso de Itaú, que cobra 4% ao ano, e do Bradesco, com taxa mínima de 3%, segundo o ranking do Tesouro Direto sobre as taxas dos agentes de custódia.


É preciso colocar tudo na ponta do lápis porque as taxas de custódia acabam influenciando bastante no retorno final obtido pelo investidor, diz Menon. Ele dá o exemplo de uma Letra do Tesouro Nacional (LTN, papel com juro prefixado). Ontem, os papéis com vencimento em julho de 2009 pagavam taxa de 14%. No caso de uma corretora com custo de 1%, o retorno passa a ser de 13%, sem considerar o imposto de renda. Para uma taxa de 3%, o ganho passa a ser de 11%. "Neste caso, o investidor estaria pagando taxas equivalente às de um fundo de investimento de varejo, o que não vale a pena", avalia o executivo, lembrando que, no fundo, o aplicador tem liquidez diária, enquanto no Tesouro Direto as recompras ocorrem somente às quartas-feiras.


Destacou-se no mês passado a demanda pelas LTNs, cuja participação no volume financeiro vendido somou 43,43%. Neste momento, entretanto, comprar papéis prefixados representa uma aposta arriscada, pois não dá para saber como o Banco Central vai agir para segurar o aumento do tomate ou do feijão, ou seja, qual será a intensidade da alta de juros, diz Menon.


Em seguida, ficaram as Notas do Tesouro Nacional série B - NTN-B, papéis com retorno vinculado à variação do IPCA e com juros prefixados pagos semestralmente -, com 19,92% do valor vendido. "Os papéis indexados à inflação são uma boa alternativa de diversificação, principalmente num momento de pressão inflacionária", afirma. Vale lembrar que o governo não vem emitindo títulos atrelados ao IGP-M. "É uma pena, pois avalio que esse indicador capta mais a alta de preços nas áreas de alimentação e combustíveis, mas os papéis em IPCA também são bastante atrativos neste momento", diz Menon.


Já as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs, com juros pós-fixados) registraram participação nas vendas de abril de 15,95%. "São apostas mais conservadoras, mas também bastante interessantes diante dos juros ainda altos", avalia. Em terceiro lugar ficaram as Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F, títulos de renda fixa que pagam juros semestrais), com 12,10%. Já as NTN-B Principal - títulos com rentabilidade vinculada à variação do IPCA, com juros prefixados pagos no vencimento - representaram 8,60% do volume vendido.


No estoque dos papéis vendido pelo Tesouro Direto, a maior parte dos títulos tem prazo entre um e cinco anos, com representação de 44,68%. Já aqueles com vencimento superior a cinco anos têm uma parcela de 28,82%, enquanto os ativos com até um ano representam 26,51%.

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