domingo, 6 de abril de 2008

Crédito imobiliário não concorre com aluguéis

O Estado de São Paulo
06/04/2008


João Teodoro da Silva *

Nos últimos meses, fala-se tanto sobre as facilidades oferecidas pelos bancos para aquisição de financiamento imobiliário, que deve ter locatário se perguntando se ainda faz sentido arcar com o aluguel, quando há a alternativa de se pagar uma prestação (a um valor que pode ser reduzido, devido ao prazo de financiamento em até 30 anos). A movimentação do mercado também deve suscitar dúvidas naqueles que pretendem investir em imóvel para aluguel. Ainda valerá a pena?

O impulso recebido pelo setor imobiliário brasileiro no último ano não abalou o segmento de aluguel de imóveis. A demanda não desaparecerá da noite para o dia, nem os investidores terão perdas por causa da oferta de crédito - o volume de negócios imobiliários atualmente realizados por meio de financiamentos é ainda bem menor do que os que envolvem recursos próprios.

Outro motivo relevante para que o quadro se mantenha inalterado é o grande déficit de moradias registrado no país, que ainda está longe de ser atendido. De acordo com recente estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas para o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), o Brasil precisaria de 27,7 milhões de novas moradias, até 2020, para zerar o atual déficit habitacional. Sendo que, desse total, 70% a 75% são famílias com renda familiar de até dez salários mínimos, a faixa de renda mais carente de habitação e justamente a que tem mais dificuldades de atender às exigências dos bancos para concessão de crédito.

Sendo assim, o investimento em imóveis para aluguel mantém-se como uma modalidade garantida, para quem não quer se arriscar perante as incertezas da economia. Hoje, a média de retorno para quem aplica em imóveis é a mesma do início do ano passado, de 0,6%, podendo chegar em alguns casos específicos a 1,6%. No caso dos imóveis comerciais, o rendimento mensal pode ser ainda maior. Essa média é calculada sobre o valor de venda do imóvel, o que equivale dizer que alguém que compre um apartamento no valor de R$ 100 mil, por exemplo, poderá ter um ganho mensal de R$ 600 a R$ 1.600. O ganho varia de acordo com características e localização do imóvel. No caso de apartamentos, o número de vagas de garagem e equipamentos oferecidos pelo condomínio (como área de lazer e elevador, por exemplo) podem tornar o aluguel mais alto.

Embora o porcentual seja pequeno se comparado com os rendimentos de outras aplicações, é preciso contabilizar também os ganhos com a valorização do imóvel. Quando a intenção é adquirir um imóvel para alugar ou vender pouco tempo depois, o investidor deverá saber escolher um que esteja localizado em área de valorização inquestionável - como as faixas litorâneas, por exemplo - e que ofereça boa liquidez. O que pode ser feito com a consultoria de um corretor imobiliário.

A liquidez, aliás, é o aspecto mais criticado por quem se opõe ao imóvel como modalidade de investimento. Mas vai depender muito da necessidade do investidor de se desfazer do bem. Se ele não precisar vendê-lo às pressas, certamente irá obter ganho real na venda. Portanto, quando feito com o devido planejamento, o investimento em imóveis se apresenta como o mais seguro, sobretudo porque compreende um investimento sólido, um bem de raiz. Vale frisar que todas as grandes fortunas estão alicerçadas em patrimônio imobiliário. Mesmo quando alguém adquire ações, por exemplo, está, por via transversa, adquirindo imóveis.

*João Teodoro da Silva é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci)

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