segunda-feira, 7 de abril de 2008

Em cada fase, um investimento

Jornal da Tarde
07/04/2008


Do primeiro estágio à aposentadoria, os períodos merecem aplicações diferentes

Rodrigo Gallo e Fabricio de Castro

Planejar, guardar e aplicar. Essas três palavras devem nortear as finanças pessoais por toda a vida. É com elas que se pode pensar em um curso de pós-graduação. Ou na compra da casa própria e, num futuro mais adiante, em ter uma velhice confortável. E como a vida é feita de fases, os investimentos devem variar de acordo com cada uma delas.

A pedido do Jornal da Tarde, o consultor Paulo Adriano Freitas Borges elaborou um roteiro detalhando os investimentos certos para determinada idade, sem pular etapas, mas sempre tendo em mente que não se pode deixar 'o bonde passar'.

A primeira recomendação é que, ao conseguir o primeiro estágio, o jovem reserve pelo menos 30% da bolsa-auxílio mensal para a formação do capital. O salário pode ser baixo, mas os gastos também não são altos. É comum que o jovem more na casa dos pais e não precise pagar as contas mais pesadas, como as de alimentação, água, luz, telefone, condomínio ou mesmo de aluguel.

Boa parte do dinheiro do estágio deve ser aplicado em ações na Bolsa de Valores. O restante pode ser colocado na poupança. 'Não se deve colocar todos os recursos disponíveis na mesma aplicação. É preciso diversificar os investimentos', também ensina o economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.

Freitas Borges lembra ainda que, antes dos 30 anos, a pessoa deve esquecer a idéia de comprar um imóvel próprio. O motivo é simples: é preciso, antes de tudo, formar uma reserva e investir na formação profissional, com o intuito de conseguir um salário melhor no futuro. Financiamentos imobiliários são de longo prazo e acabam por 'amarrar' a pessoa a um emprego - e não ao planejamento da carreira.

'A casa própria deve ser pensada quando o trabalhador tem entre 30 e 35 anos e já está planejando ter filhos', diz. 'E, se possível, deve ser paga à vista. Se não der, dê uma entrada maior e financie o restante em, no máximo, três ano s.'

Ainda assim, é fundamental lembrar que a aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode não ser suficiente para manter o mesmo padrão de vida no futuro. Por isso, é essencial investir em um plano de previdência privada, uma espécie de poupança a longo prazo.

Conforme a idade vai avançando, o trabalhador também deve mudar o destino das aplicações, adequando-se aos novos estágios da vida. A principal recomendação é que, após os 45 anos, a pessoa evite investimentos de risco. 'Essa é a fase do conservadorismo, pois a pessoa não terá muitas chances para errar e conseguir corrigir o equívoco. Então, o ideal é buscar investimentos mais seguros', defende Borges. As pessoas devem depositar o dinheiro em cadernetas de poupança ou mesmo na renda fixa, que oferecem riscos menores.

Após os 50 anos, a Bolsa de Valores deve ser descartada completamente ou limitada a um pequeno percentual do dinheiro aplicado. Como regra geral, pode-se considerar a seguinte fórmula: o dinheiro aplicado em ações deve ser equivalente a 80 menos a idade da pessoa. Um profissional de 60 anos, por exemplo, deve destinar 20% de suas reservas às ações.

18 aos 25 anos

Guarde 30% da bolsa-auxílio do estágio, invista a maior parte em ações e o restante na poupança ou renda fixa. Jovens podem arriscar mais. Esqueça a casa própria, mas comece a constituir o patrimônio com um carro usado
pago à vista

25 a 30 anos

Se casar, more de aluguel para evitar um financiamento longo e invista na pós-graduação. Aplique entre 50% e 55% do dinheiro guardado em ações, mas também comece a contribuir para um plano de previdência privada

30 a 35 anos

Se guardou ou aplicou dinheiro desde a juventude, compre a casa própria à vista. Caso não seja possível, dê uma entrada grande e financie o restante em até três anos. Continue investindo em ações, mas em menor volume

35 a 40 anos

Use o dinheiro para trocar o carro e reduza as aplicações na Bolsa a 45% ou 40% dos recursos disponíveis. Se optar por ter filhos, espere alguns anos entre a quitação do imóvel e o nascimento do bebê para recompor
a poupança

40 a 45 anos

É a hora de pensar na casa da praia ou no sítio. Porém, faça aplicações com regularidade, pois perder o emprego nessa faixa etária é sinal de dificuldades para recolocação profissional

45 a 50 anos

Nesta fase da vida, convém deixar de lado os grandes investimentos em ações e buscar opções mais conservadoras, como a poupança ou renda fixa.
As aplicações em ações devem ser inferiores a 30% do dinheiro disponível

50 a 60 anos

Esqueça os investimentos na Bolsa de Valores e pense nas aplicações
conservadoras, como a poupança. Nesta idade, é comum querer montar um negócio próprio. Neste caso, não gaste todas as economias

Mais de 60 anos

Ao mesmo tempo em que o gasto com os filhos diminui, as despesas com saúde
aumentam. A previdência privada, que começou a ser formada aos 25 anos, serve agora para dar mais conforto

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page