sábado, 5 de abril de 2008

Juros congelados para casa própria

Jornal da Tarde
05/04/2008

Taxas cobradas em financiamentos com pagamento de 15 anos
estão estáveis desde maio do ano passado na maioria dos bancos

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br


Os bancos praticamente ‘congelaram’ as taxas de juros dos financiamentos imobiliários nos últimos dez meses. O Jornal da Tarde chegou a essa conclusão ao fazer simulações de empréstimos pela internet, de R$ 80 mil e R$ 100 mil, no prazo de 15 anos. As análises foram realizadas em maio do ano passado e refeitas nesta semana, e as comparações dos dados comprovam que os porcentuais cobrados pelas instituições financeiras sofreram poucas alterações neste período.

Para este ano, os bancos públicos e privados deverão liberar pelo menos R$ 27 bilhões em financiamentos e o que mais incomoda os consumidores são os juros. O superintendente geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, esclarece que o congelamento das taxas é normal. “Os bancos já flexibilizaram os juros ao máximo possível, tendo em vista o custo com a captação dos recursos”, disse.

Para financiar 70% do valor de um imóvel de R$ 80 mil, Santander, Itaú e Unibanco não alteraram os juros entre maio do ano passado e a última semana, conforme mostram as simulações. No HSBC, o porcentual caiu de 7,72% para 7,70%. O Real e o Banco do Brasil aplicaram reduções, enquanto a Caixa Econômica Federal reajustou o índice de 8,16% para 8,9% (veja no quadro abaixo).

A situação não é muito diferente no caso dos financiamentos de imóveis de R$ 100 mil. “Após um período de queda acentuada, os juros passam por um movimento de estabilidade”, disse o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi), João Batista Crestana.

Segundo ele, os juros chegaram a um patamar que não dá espaço para grandes reduções. Este cenário de relativo congelamento deverá permanecer assim pelos próximos meses. “Não teremos reduções nos juros, exceto em ocasiões específicas, por causa da concorrência”, analisou o presidente do Secovi.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), João Cláudio Robusti, confirma que as taxas de juros dos financiamentos imobiliários realmente permanecem inalteradas pelo menos desde o começo do segundo semestre de 2007.

No entanto, Robusti afirma que houve contrapartidas para o consumidor. “Os bancos lançaram novos produtos e ampliaram os prazos para quitar os empréstimos no último ano. Há financiamentos para atender qualquer tipo de consumidor, com taxas pré-fixadas, prazos de 30 anos e agilidade para a liberação do crédito”, disse. “Esses são os diferenciais, mas as taxas podem ter sido mantidas”, afirmou.

Crestana concorda com essa teoria. De acordo com ele, os juros permanecem congelados nas operações de prazo intermediário, como em 15 anos, mas foram diluídos no caso dos empréstimos longos, que podem chegar a 30 anos em algumas instituições financeiras. “É possível comprar bons apartamentos pagando parcelas de R$ 380 por mês, com prazos maiores. São financiamentos acessíveis a todos.”

Tanto Crestana quanto Robusti acreditam que os bancos podem ter estabilizado os juros no caso do crédito imobiliário de 15 anos para estimular os interessados a contratar empréstimos superiores a 20 anos. O motivo é simples: quanto maior o prazo gasto pelo mutuário para quitar a dívida, maior será o tempo de fidelização deste cliente à instituição financeira e maior o valor pago de juros.

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