quinta-feira, 20 de março de 2008

Taxa pode ser comparada em site do BB

Alex Ribeiro
Valor Econômico
20/3/2008

O Banco do Brasil lançou ontem uma página no seu site na internet que permite aos seus próprios clientes - e dos concorrentes - simular operações de crédito e comparar as taxas de juros bancárias dentro do conceito de custo efetivo total (CET), recentemente criado em regra do Conselho Monetário Nacional (CMN).


O custo efetivo global foi criado pelo governo, atendendo a pressão dos órgãos de defesa do consumidor, para facilitar aos clientes bancários comparar os juros do crédito. Alguns bancos mantinham a prática de dizer aos clientes que cobravam juros mais baixos, mas compensavam a receita menor com a exigência de outros encargos, como as taxas de abertura de crédito (TAC) e ressarcimento de custos com terceiro, como registros em cartório e remuneração de serviços prestados por intermediários.

Com a nova regra, em vigor desde 3 de março, os bancos têm que incluir todos esses encargos em uma uma única taxa, o custo efetivo global, que deve ser informada ao consumidor antes da contratação da operação.

"Estamos vendo na custo efetivo total uma oportunidade para aumentar a nossa fatia no mercado de crédito", disse o diretor de varejo do BB, Paulo Bonzanini. "Resolvemos permitir que clientes de outros bancos comparem as taxas de juros porque acreditamos que nossas condições são as melhores do mercado."

Nos primeiros dias de funcionamento do CET, os bancos tiveram dificuldades para colocar os serviços para funcionar. Tanto que a fiscalização do Banco Central enviou ofícios para todas as instituições financeiras questionando as providências tomadas para cumprir as regras.

O BC informa que seu levantamento identificou problemas como a falta de adequação do sistema de informática, falta de treinamento da rede para atender as demandas dos consumidores, descumprimento da regra que determina a entrega da planilha aos clientes com o cálculo do custo efetivo global e falta de publicidade aos clientes sobre o tema. O BC já sinalizou que, em breve, irá apertar a fiscalização, aplicando penalidades nos bancos que não cumprirem a regra, como multas.

Bonzanini, do BB, reconhece que, nos primeiros dias de vigência da regra, houve problemas - o principal desafio foi adequar os sistemas de informática. Ele diz que hoje, porém, o BB está dentro das regras. O banco deixou mensagens para cerca de 16 milhões de clientes nos terminais de auto-atendimento explicando o que é o custo efetivo total - até agora, 8,5 milhões de clientes já acessaram as informações. As informações também foram incorporadas aos extratos enviados pelo correio e na internet.

No domingo, o BB irá colocar no ar uma ampla campanha publicitária para divulgar o sistema. Entre os grandes bancos de varejo, o BB é um caso isolado de instituição que permite ao público de não-clientes simular e comparar os juros nas novas regras.

Uma das apostas do BB é no segmento de financiamento de veículos, em que custos paralelos, como comissões pagas a revendedores, tem um peso substancial no custo efetivo total. A expectativa é que, quando os consumidores tiverem condições de comparar os valores, eles passarão a tomar linhas nas agências bancárias, onde os empréstimos são feitos de forma massificada, com custos operacionais mais baixos.

Outro segmento em que espera avançar é no crédito consignado. Intermediários usados pelos bancos pequenos e médios, conhecidos como pastinhas, representam uma fatia importante no custo efetivo global.

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