quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Investidor busca a proteção dos renda fixa em janeiro

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro, de São Paulo
07/02/2008


O investidor optou pelo conservadorismo neste início de ano diante da extrema volatilidade do mercado financeiro. Com a possibilidade de recessão nos Estados Unidos, o aplicador não quis saber: buscou proteção na renda fixa. Dos R$ 20,343 bilhões que ingressaram no setor de fundos de investimento em janeiro segundo dados do relatório semanal do site financeiro Fortuna, 56% tiveram como destino as categorias DI, renda fixa pré ou carteiras curto prazo. Pelas estatísticas, também já se configura um movimento de saída de fundos mais agressivos, com os multimercados apresentando os maiores resgates do mês, de R$ 6,343 bilhões.


A preferência dos investidores ficou com os fundos DI, que encerraram o mês com captação de R$ 5,988 bilhões. Em seguida, ficaram os renda fixa que podem aplicar em papéis prefixados, com R$ 4,083 bilhões. O número chama a atenção, já que grande parte dos economistas projeta manutenção do juro básico por conta das pressões inflacionárias. Alguns especialistas, inclusive, vislumbram até alta da Selic. As carteiras curto prazo - que aplicam em papéis pós-fixados com vencimento em até um ano e que, portanto, oscilam menos - tiveram ingresso de R$ 1,415 bilhão até o dia 31.


Em termos de rentabilidade, os DI encerraram o mês com ganho médio de 0,88%, em comparação ao 0,92% do CDI no período. Os renda fixa, apesar de todo vai-e-vem dos mercados, fecharam janeiro com retorno superior ao CDI, de 0,97%. Os fundos curto prazo apresentaram rendimento médio de 0,52% no mês.


Já alguns multimercados começam a ser punidos por conta da rentabilidade bastante inferior ao CDI. Segundo o Fortuna, os multimercados encerraram o primeiro mês do ano com resgates de R$ 6,343 bilhões. As carteiras da categoria registraram, em média, retorno de 0,41%. "Os clientes estão começando a reclamar, pois o tempo está passando e boa parte dos multimercados acumula perdas no último trimestre", diz Rogerio Betti, sócio da Beta Advisors, escritório de aconselhamento financeiro.


Ele conta que dos 164 fundos multimercados acompanhados pelo escritório, 42 deles estão com perdas nos últimos três meses, alguns com quedas superiores a 6% no período. "O cliente entende melhor o risco dos fundos de ações e não espera que a carteira suba num momento que a bolsa está indo mal", diz. "Já os multimercados, na cabeça do cliente, não são tão agressivos e, portanto, ele não atura perdas por muito tempo." Pelos números do Fortuna , 77% dos fundos multimercados perderam do CDI ao longo do segundo semestre de 2007.


Mesmo com a desvalorização da bolsa em janeiro, os fundos de ações prosseguiram atraindo recursos. A categoria registrou ingresso de R$ 636 milhões, num intervalo em que essas carteiras apresentaram uma perda média de 9,79% - maior que a queda de 6,88% do Índice Bovespa. Os portfólios compostos apenas por papéis da Petrobras atraíram R$ 544,566 milhões, mas perderam 8,27% em janeiro. Já os fundos formados somente por ações da Vale captaram R$ 75,253 milhões, apesar da queda de 14,73% dessas carteiras no mês.

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