sábado, 22 de dezembro de 2007

Internet se torna a terra dos serviços e produtos grátis

O Estado de São Paulo
22/12/2007

Amparados pela receita com publicidade, sites oferecem de livros eletrônicos a mapas e planilhas

Renato Cruz

A internet está se tornando a terra dos produtos e serviços gratuitos. Para isso, os sites adotam um modelo que é comum na mídia tradicional, em que a gratuidade é sustentada pela venda de espaço publicitário. O avanço tecnológico tem aumentado a capacidade das redes de banda larga, ao mesmo tempo que baixa custos de armazenamento e processamento.

A rede permitiu também que pessoas de todo o mundo colaborassem em projetos coletivos, como a Wikipédia ou o próprio sistema operacional Linux. Também ajudou a tornar mais direta a relação entre artistas e o seu público, que passaram a oferecer sua produção pela rede, muitas vezes com novos tipos de licenças de direito autoral, como o Creative Commons. Sites como YouTube, MySpace e WordPress apagam a divisão entre audiência e autores, permitindo a todos se tornarem produtores de conteúdo.

“O modelo de venda de assinaturas já não faz mais sentido”, disse Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google Brasil, acrescentando também que, ao optar pela venda de anúncios, as empresas de tecnologia miram um mercado muito maior que o de licenças de software. No ano passado, o mercado publicitário brasileiro movimentou R$ 17,44 bilhões, segundo o Projeto Inter-Meios. Foi duas vezes e meia maior que o de software, que ficou em R$ 6,97 bilhões, excluindo serviços (número da Associação Brasileira das Empresas de Software). Apesar de os anúncios na internet ainda representarem uma parcela pequena do total das receitas publicitárias - em 2006, foram vendidos R$ 361 milhões em anúncios para a internet no País -, esse é o segmento que mais cresce.

Chris Anderson, autor do livro A Cauda Longa, escreveu na edição especial anual da Economist que 2008 será “o ano do gratuito”. Segundo ele, o modelo dominante atualmente na internet é fazer dinheiro com coisas de graça. Uma parte das empresas imita a estratégia da mídia tradicional, de vender audiência para os anunciantes.

Outra parte segue o que ele chamou de modelo de amostra grátis: “É tão barato oferecer serviços digitais online que não importa se 99% de seus clientes usam a versão grátis de seus serviços, contanto que 1% paguem pela ‘versão premium’. Afinal, 1% de um número grande pode ser também um número grande.”

É possível conseguir livros eletrônicos de graça na internet, em sites como a Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa e o Projeto Gutenberg. O Apontador e o Google Maps permitem encontrar endereços e traçar rotas. O Skype faz chamadas gratuitas na internet, até mesmo com vídeo. O Joost possibilita criar uma grade personalizada de televisão via rede mundial. O BrOffice oferece uma alternativa ao Microsoft Office, e pode ser baixado de graça pela internet. No Google Docs, não é necessário nem baixar o software: o internauta faz seus textos e suas planilhas direto no navegador de internet.

Mundialmente, existem 1,2 bilhão de usuários de internet. No Brasil, são 40 milhões. Pode parecer pouco, mas a internet brasileira já é maior do que era a internet mundial em 1996. “A internet brasileira incluiu de 6 milhões a 8 milhões de usuários em 2007”, apontou Hohagen.

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