quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Como gastar o 13º e começar o ano com dinheiro no bolso

Valor Econômico
Alcides Leite JR.
06/12/2007



Segundo cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), o pagamento do 13º salário injetará na economia brasileira cerca de R$ 64 bilhões, ou algo em torno de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma dos valores de todos os produtos e serviços finais produzidos no país ao longo do ano. Esses dados dizem respeito as 64 milhões de pessoas que pertencem ao setor formal de trabalho: os empregados com carteira assinada, aposentados e pensionistas do INSS e do setor público e funcionários públicos na ativa. Quanto aos informais e aqueles que trabalham por conta própria, representando cerca de 40 milhões de pessoas, não há dados estatísticos confiáveis se recebem bonificação neste período do ano. Cada um dos beneficiários formais receberá, em média, R$ 1 mil. O volume de R$ 64 bilhões de 2007 representa um crescimento de 9% em relação ao montante pago no ano passado.


Para a economia do país, o pagamento do 13º significa um importante impulso para o crescimento do PIB. Somente o comércio varejista e o setor de serviços devem faturar, em dezembro, 10% a mais do que no mesmo período do ano passado. Como conseqüência, a indústria e o setor financeiro também vão abocanhar parte do bolo.


Para o beneficiário, o 13º representa uma oportunidade de colocar suas contas em dia, comprar os presentes e preparar as festas de Natal e Ano Novo e ainda investir parte do dinheiro.


Embora as taxas de juros estejam menores neste ano, o pagamento das dívidas ainda deve ser a prioridade para quem receber esse benefício. Dentre as dívidas, o limite do cheque especial e o crédito rotativo do cartão de crédito devem ser as primeiras a ser liquidadas. Com juros próximos a 10% ao mês, estas dívidas crescem de forma explosiva em um curto espaço de tempo. As dívidas como empréstimo pessoal ou financiamentos em atraso também precisam ser liquidadas. Embora custem menos do que as do cheque especial e do cartão de crédito, elas trazem mais prejuízo do que o retorno que a pessoa obtém em qualquer aplicação. Somente as dívidas em linhas de crédito consignado, se estiverem em dia, compensam ser mantidas.


Após pagar as dívidas mais caras, o beneficiário do 13º deve guardar dinheiro para as contas que virão em janeiro, como a matrícula, material e uniforme escolares, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e gastos com lazer e entretenimento no período de férias. Somente depois de pagar as dívidas e guardar dinheiro para as despesas de janeiro é que se deve pensar em ir às compras, ou para os mais precavidos, investir no mercado financeiro.


Como alternativa de investimento financeiro, o cidadão pode optar por colocar os recursos na caderneta de poupança, fundos de renda fixa, fundos multimercados (parte renda fixa parte renda variável), fundos de ações ou aplicação direta em bolsa de valores. Ao longo do ano, o investimento que trouxe maior retorno foi aquele aplicado em bolsa. É bem provável, pelo andar da carruagem, que o mesmo aconteça em 2008. No entanto, é sempre bom levar em conta a velha máxima dos aplicadores: não colocar os ovos em um cesto apenas. A diversificação ainda é a melhor estratégia.


Para aqueles que forem às compras, é preciso ter paciência para decidir onde e qual produto comprar. Hoje, é possível fazer uma boa análise na internet antes de ir à loja. Pesquisas feitas por especialistas mostram que a diferença de preço entre um vendedor e outro ainda é muito grande. Aqueles que sabem o que e onde comprar costumam economizar bastante. Sem contar que perdem menos tempo e não ficam vulneráveis às tentações típicas das compras por impulso.


Embora pareça difícil, é sempre bom planejar o que fazer com o 13º, especialmente para aqueles que gostam de consumir. Quem planeja melhor acaba economizando mais e, portanto, tem mais recursos para eventuais gastos extravagantes que, mesmo não sendo financeiramente recomendáveis, são, sem dúvidas, os que trazem mais satisfação. Como a pessoa normal, que não é igual ao homem racional utilizado com parâmetro na escola econômica tradicional, gosta de cometer algumas loucuras, então entre uma e outra é necessário planejar bem os gastos para poder dispor de recursos para as próximas loucuras. Bom gasto com o 13º.


Alcides Domingues Leite Júnior é professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios


E-mail: alcides.leite@trevisan.edu.br



Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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