quarta-feira, 18 de julho de 2007

Cinco empresas encerram prazo de reserva de ações

Valor Econômico de 18/07/2007

Por Adriana Cotias

Em meio ao frenético ritmo das ofertas públicas de ações nestas semanas que antecedem o início das férias de verão no Hemisfério Norte, o investidor tem à frente mais de uma dúzia de alternativas dos mais diversos setores para avaliar. Só hoje termina o prazo de reserva para as operações da Kroton Educacional, da Açúcar Guarani e da varejista Cia. Hering, além da MRV Engenharia e da empresa de concessões rodoviárias Triunfo. Juntos, esses lançamentos representam uma movimentação de cerca de R$ 2,8 bilhões, sem contar lotes extras. Até o fim deste mês, as ofertas programadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) somam mais de R$ 10,4 bilhões.

Controlada pela francesa Tereos - uma união de cooperativas que ocupa o quarto lugar no ranking mundial de produção de açúcar e o quinto na de etanol -, a Guarani planeja vender 49,315 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto). Pelo preço médio da faixa proposta pelo coordenador da operação, o UBS Pactual, de R$ 13,50 a 17,50, a companhia pode captar cerca de R$ 760 milhões. Uma parcela de 10% a 20% dos papéis será destinada ao público de varejo, para investimentos a partir de R$ 3 mil. Na Bovespa, a companhia vai juntar-se à Cosan e à São Martinho, papéis que fizeram a festa dos investidores estrangeiros nas suas respectivas ofertas públicas e que têm ainda forte apelo junto a esse público, embora haja quem veja com ressalvas a nova operação da Cosan no mercado global.

A oferta da Guarani é toda primária (de papéis novos), o que quer dizer que os recursos líquidos obtidos com a venda das ações (cerca de R$ 730 milhões) vão integralmente para o caixa da companhia. Metade será destinada ao pagamento da aquisição do controle da Andrade e o restante vai para a ampliação da unidade São José, além da instalação das unidades Tanabi e Cardoso, todas localizadas no noroeste do Estado de São Paulo.

No prospecto, a empresa adverte que quase a totalidade das ações que formam o atual capital social da empresa (85,347 milhões) estão empenhadas em favor do banco francês Calyon como garantia de títulos de dívida com vencimento em 2014, no valor de 500 milhões de euros. Além disso, a Guarani realizou, no fim de maio, uma emissão privada de R$ 141,1 milhões em debêntures conversíveis em ações em favor da Tereos do Brasil, a controlada no país. Considerando-se a conversão integral e o preço médio por ação a R$ 15,50, os acionistas que aderirem à oferta pública toparão uma diluição total de 47,2% no seu investimento.
Já a varejista e fabricante de malhas Cia. Hering, famosa pelas camisetas e veterana de pregão, vai seguir os passos da Drogasil para ganhar nova visibilidade no mercado. Fundada há 125 anos e com o capital aberto desde 1966, a companhia migrou do Nível 1 para o Novo Mercado em meados de maio e agora faz uma oferta de 28,333 milhões de ações ON, avaliadas entre R$ 11,00 e R$ 15,00. Pela média, pode levantar cerca de R$ 370 milhões. De 10% a 20% dos papéis vão para o varejo, para reservas entre R$ 1 mil e R$ 300 mil. Só neste ano, os papéis da companhia mais que dobraram de preço, saindo da casa dos R$ 5,00 em janeiro para encostar nos R$ 12,19 com que eram negociados no pregão ontem.


Nem tudo que a companhia movimentar na oferta pública vai representar ingresso líquido de recursos no seu caixa, já que 26,5% da operação são papéis pertencentes à Socinvest Finance, que vai reduzir a sua participação direta no negócio de 28,6% para 3,6%.
A Kroton, por sua vez, fará par na bolsa com a Anhangüera Educacional, que estreou no pregão em março, e em breve ganhará a companhia da Estácio Participações, que está também com o seu processo de abertura de capital em curso. A oferta da Kroton prevê a venda de 10,675 milhões de units - recibos que representarão uma ação ON e seis PN -, avaliadas entre R$ 31,00 e R$ 39,00. Pela média desse intervalo, a rede de ensino, que tem a bandeira Pitágoras como uma das mais conhecidas do seu portfólio, pode captar cerca de R$ 380 milhões. De 10% a 20% dos papéis vão para reservas no varejo, para investimentos a partir de R$ 3 mil.
Se os papéis saírem pelo preço médio, de R$ 35,00, a empresa vai estrear no pregão, no dia 31, com um valor de mercado de R$ 7,460 bilhões, em comparação ao R$ 1,812 bilhão da capitalização da Anhangüera quando deu as caras no mercado em março. As units serão listadas no Nível 2 de governança da bolsa.
Os cerca de R$ 300 milhões levantados com o aumento de capital serão usados em aquisições, na expansão e manutenção das unidades existentes, investimentos em tecnologia, além de quitar dívidas de curto e longo prazos.


A Kroton atua no ensino básico há 36 anos, tendo avançado para o ensino superior em 2001. A companhia opera escolas e faculdades próprias e também provê serviços de educação e material didático para uma rede de 595 escolas associadas, com um total de 184 mil alunos em todos os estados brasileiros. No ensino superior conta com 8 campi, com 10,3 mil alunos. O planejamento prevê que outros 16 estejam operando entre outubro de 2007 e o ano de 2008.
Entre os riscos descritos no prospecto, a empresa cita justamente o fato de que parcela significativa das receitas é proveniente de serviços prestados a escolas associadas. Isso quer dizer que uma eventual desestruturação desse relacionamento poderia afetar o resultado. Atualmente, da rede de ensino básico composta por 595 escolas associadas, apenas duas são próprias da Kroton. No primeiro trimestre, a receita oriunda da prestação de serviços educacionais às escolas associadas correspondeu a 67% da receita bruta obtida com o segmento de ensino básico, correspondente a R$ 32 milhões.
O aumento da inadimplência das mensalidades escolares também é outro fator mencionado que pode comprometer o desempenho da empresa.

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page