sexta-feira, 5 de março de 2010

Caderneta mantém ritmo e capta R$ 2,3 bi em fevereiro

Valor Econômico

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo
05/03/2010

Depois de um mês de janeiro forte, a caderneta de poupança cravou mais um recorde. A captação líquida registrada em fevereiro, de R$ 2,328 bilhões, foi a melhor para esse mês desde o início da série histórica, em janeiro de 1995. Na comparação com fevereiro do ano passado, quando o saldo de aplicações na poupança ficou positivo em R$ 751,4 milhões, houve crescimento superior a 200%. Em janeiro último, a captação tinha sido de R$ 2,619 bilhões.

Os dados do Banco Central mostram depósitos de R$ 80,6 bilhões no mês passado, ante saques de R$ 78,3 bilhões. Os números incluem as cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que destina os recursos para a habitação, e da poupança rural. Contando com o rendimento de R$ 1,424 bilhão - equivalente a TR mais 0,5% ao mês -, o estoque subiu a R$ 326,9 bilhões.

 

 

O aumento de renda da população brasileira com a consequente ascensão social é um dos fatores que explicam o crescimento da caderneta nos últimos anos, afirma o vice-presidente de pessoa física da Caixa Econômica Federal, Fábio Lenza. Tem sobrado recursos para guardar e isso, para as classes de menor renda, significa recorrer a um dos instrumentos mais tradicionais de poupança, diz. Segundo o executivo, na Caixa, dos 39 milhões de clientes de poupança, 65% têm renda de até R$ 700.

Nos dois primeiros meses, a Caixa ganhou 650 mil novas contas, 50 mil a mais do que de costume. Historicamente, são abertas 300 mil contas por mês na instituição. O número surpreende, segundo o executivo, porque ocorreu justamente em um período de férias, em que se concentram gastos com matrícula escolar e impostos.

Lenza informa, ainda, que a região Norte foi um dos grandes destaques do bimestre, com aumento de 28% no número de poupadores, em linha com o crescimento econômico e de renda da localidade. A Caixa tem um saldo de R$ 110 bilhões aplicado na caderneta, o equivalente a 34% do total.

A caderneta também virou opção para o investidor, ressalta Lenza. "Nos níveis atuais de juros, a poupança ganhou rentabilidade relativamente a outras aplicações." Segundo ele, só um fundo de investimento com taxa de administração abaixo de 1% e um Certificado de Depósito Bancário (CDB) que paga taxa acima de 95% do CDI - em geral, essas versões só estão disponíveis para valores maiores - conseguem bater a caderneta.

Além de proporcionar o mesmo retorno para qualquer valor, a poupança oferece fixos 6,17% ao ano (0,5% ao mês capitalizado) mais TR, o que para os 8,75% da taxa básica é bem atraente, compara Lenza. Ele lembra, contudo, que a aplicação não está tirando dinheiro das demais alternativas, mas atraindo parte do dinheiro novo para investir. "Há dois anos temos orientado nossos clientes de média e alta renda a diversificar as aplicações na poupança", conta o executivo. O resultado da estratégia é um crescimento nesse período de mais de 60% da faixa de clientes que ganham entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. "Esse é um público que compra fundo, CDB e agora poupança", diz.

Em fevereiro, os fundos tiveram captação líquida de R$ 8,8 bilhões. Os DI, principais competidores da caderneta, registraram entradas de R$ 888,5 milhões e os fundos de renda fixa receberam R$ 3,2 bilhões. Até os CDBs voltaram a captar: no mês passado até o dia 25 (último dado disponível), a captação estava positiva em R$ 1 bilhão.

Mesmo diante do iminente aperto monetário, Lenza não vê redução no ritmo de captação da poupança. A Caixa espera superar a média anual de captação dos últimos três anos, que foi de R$ 10,5 bilhões, e atingir R$ 12,5 bilhões neste ano. "Olhando a curva de juros de dois, três anos, a poupança ainda vai continuar atrativa", diz.

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