segunda-feira, 1 de março de 2010

Bolsa renova aposta em fundo de índice

Folha de São Paulo

01/03/2010

Febre nos EUA e na Europa, os fundos negociados como ação ainda engatinham no país e giram só 0,4% dos negócios

Para investidor, vantagens são custos inferiores aos dos fundos dos bancos de varejo e facilidade para diversificar aposta em várias aplicações

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo lançou mais três fundos de investimento negociados diretamente no pregão eletrônico como uma ação. Com custo baixo de transação, esses novos fundos espelham a composição de dois índices de setores estratégicos da Bolsa -consumo e imobiliário- e mais o IBrX, termômetro das cem ações mais negociadas no país. O fundo mais popular é o Bova11, que replica o Ibovespa.
A novidade chegou atrasada e ainda engatinha no Brasil, mas é uma febre nos EUA e na Europa entre os investidores pessoa física. Esses fundos chegam a representar mais de 30% dos negócios na Bolsa de Nova York; no Brasil, está em 0,4%.
A maior vantagem é o custo. Como a gestão é feita por supercomputadores, que são previamente programados para seguir passivamente o desempenho de um índice setorial da Bolsa, as taxas de administração são inferiores às cobradas pelos fundos dos bancos.
No Brasil, esses fundos têm taxa de administração de 0,54% (Ibovespa, IBrX e empresas médias/grandes) a 0,69% (consumo, imobiliário e pequenas) -os bancos cobram até 4% de taxa de fundos semelhantes. Nos EUA, as taxas médias estão em 0,15% e 0,16%.
Conhecidos pela sigla ETF ("exchanged traded fund", ou fundo negociado em Bolsa), esses fundos fazem parte da nova leva de produtos que têm revolucionado o mercado global de ações, juntamente com as transações de alta frequência dos supercomputadores que identificam possibilidades de ganho certo na terceira casa decimal.
Por meio dos ETFs, pequenos investidores dos EUA e da Europa têm acesso, do terminal do computador de casa, a aplicações em ações de diferentes países, títulos de dívida pública e privada, moedas e commodities diversas como prata, ouro e alimentos. No mundo, há mais de 6.000 ETFs diferentes.

Brasil para estrangeiro
O ETF "brasileiro" mais popular no mundo é o MSCI Brazil, que não está aberto para o investidor brasileiro, mas que rendeu 113,2% em 2009 para o investidor americano. O fundo replica o índice de ações emergentes do Morgan Stanley.
Negociado desde 2005 na Bolsa de Nova York, o MSCI Brazil se tornou tão popular que chega a girar em um dia US$ 1,77 bilhão -metade do volume diário da Bovespa.
No Brasil, ainda falta a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) regulamentar a criação de ETFs para fundos de renda fixa, commodities, moedas e índices de Bolsas estrangeiras, o que permitiria ao brasileiro buscar oportunidades de ganho no exterior. A popularização dos ETFs sofre resistência dos bancos e da indústria de fundos, que teme perder mercado.
Além do ganho com as transações, a Bolsa também licencia o uso de seus índices nos ETFs. Segundo Julio Ziegelmann, diretor de produtos da BM&F Bovespa, os fundos ETFs deverão cair também no gosto do investidor pessoa física no país. "É um produto muito bom para o pequeno investidor. A gente imagina que o que aconteceu lá fora com o ETF vá acontecer aqui também."
Para Fabio Colombo, administrador de investimentos, o único inconveniente dos ETFs negociados na Bovespa é a diferença ainda alta entre as cotações de compra e de venda dos fundos, como acontece no dólar paralelo. "Como a liquidez é ainda baixa, esse "spread" é alto se comparado com o de outras ações. Só agora é que começa a baixar o "spread" do Bova11 -o ETF do Ibovespa", disse.

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