quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

65% aplicam em desacordo com perfil

Jornal da Tarde

20/01/2010

Pesquisa apura que maioria dos clientes investe em fundos inadequados ao seu estilo

PAULO JUSTUS, paulo.justus@grupoestado.com.br

A maior parte dos investidores brasileiros não aplica de acordo com seu perfil de risco. Esse é o principal resultado de um levantamento feito pelo Itaú Unibanco com clientes Itaú Personnalité, de setembro a dezembro de 2009.

De acordo com o estudo, 40% dos clientes que têm perfil arrojado, típico de quem aceita o risco do mercado de ações, têm aplicações conservadoras como a poupança. Na outra ponta, 25% dos clientes investem em papéis de risco, mas têm um perfil conservador. Apenas 35% aplicam de acordo com o perfil indicado.

A pesquisa foi feita com 20% dos clientes do Itaú Personnalité, que aceitaram fazer a Análise de Perfil do Investidor (API). A análise cruza dados relativos ao risco que o investidor está disposto a correr com o momento da vida em que ele se encontra.

Nela são considerados seis quesitos: idade, experiência, horizonte de investimento, finalidade da aplicação, valor para investimento e aversão ao risco. "Com a API, temos mais uma ferramenta para mostrar ao investidor que seu dinheiro pode render mais", diz Osvaldo Nascimento, diretor-executivo de produtos de investimento do Itaú Unibanco.

A API se tornou obrigatória neste mês para novas aplicações em fundos que envolvem maior risco: de ações, multimercados ou de crédito privado. O cliente que tiver interesse em saber o seu perfil de investidor também pode solicitar aos bancos, nas agências, internet ou atendimento telefônico a aplicação do questionário.

Em alguns bancos, como no Bradesco e Itaú Unibanco, o resultado da API avalia também os investimentos que o cliente já tem na instituição e diz se eles estão de acordo com seu perfil. No Itaú, ao fim do questionário o cliente recebe sugestões de investimentos que podem ser feitos no banco.

A intenção dos bancos é ofertar produtos de acordo com a demanda do mercado e oferecer mais possibilidades de ganho para os clientes. "Quando a taxa básica de juros chega aos patamares atuais de 8% a 9% ao ano, o investidor passa a procurar melhores opções de retorno", diz o coordenador da Comissão e Distribuição de Produtos de Varejo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Marcos Villanova.

Falta de informação

Para o diretor de produtos de investimento Itaú Unibanco, Claudio Sanches, o desafio é trazer cada vez mais a assessoria financeira ao cliente que deseja investir. Segundo ele, o maior acompanhamento dos clientes pode encorajar muita gente a investir. "Alguns clientes permanecem com o dinheiro em conta, sem rendimento, por falta de conhecimento das opções que têm", diz.

A superintendente do HSBC, Rosaline Nunes, diz que com a API, os bancos passarão a ter uma base de dados que vai permitir estabelecer o perfil de investimento de seus clientes. "Na medida em que conhecemos mais o cliente, podemos orientar o desenvolvimento de determinados produtos adequados ao seu perfil", diz.

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