segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Taxa de administração não cai e pode subir

Autor(es): FABRICIO VIEIRA

Folha de S. Paulo - 16/11/2009

  

Afastado o temor de fuga dos fundos para a poupança, custos estagnaram ou, em alguns casos, tiveram pequenas altas


Nos fundos de ações, a tarifa média cobrada foi de 2,18% em julho para 2,22% em setembro; multimercados foi de 1,43% para 1,46%

O temor de que os fundos sofressem valiosa perda de recursos para a poupança parece ter ficado para trás. Com os juros no piso, a Bolsa de Valores em alta e o desinteresse dos aplicadores em migrar dos fundos para a poupança, os bancos demonstram ter dado o assunto por encerrado. E não adianta o investidor ainda esperar por taxas de administração menores.
As taxas de administração, que haviam se tornado uma das vilãs nos últimos meses, estão paradas há algum tempo. E, em alguns casos, como nos fundos de ações e multimercados, têm chegado a registrar pequenas altas. Nos fundos de ações, a taxa de administração média saiu de 2,18% em julho para 2,22% em setembro. No caso dos fundos multimercados, foi de 1,43% para 1,46% no período.
"Os bancos passaram tranquilos por esse problema [risco de migração para a poupança]. Talvez se os juros básicos tivessem continuado em queda, tivéssemos visto outra realidade", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostram que nos fundos DI, que é a categoria que sofre mais de perto os efeitos da Selic cadente, a taxa de administração variou de 0,98% no fim do primeiro semestre para 0,97% em setembro.
O que os bancos fizeram de efetivo durante o período mais crítico, no primeiro semestre, foi mexer nas taxas de administração de forma indireta, ao diminuir a aplicação mínima inicial de muitos fundos. Dessa forma, deram ao cliente a oportunidade de, com os mesmos recursos que possuía, encontrar um tipo de fundo que cobrasse taxa menos elevada.
Antônio Cássio Segura, gerente-executivo da área de varejo do BB, diz que o investidor de médio porte, que costuma aplicar em fundos, "chegou a olhar para a poupança, mas acabou por manter suas aplicações onde estavam". "O temor de que houvesse migração não se concretizou", diz Segura.
O mercado projeta que a taxa Selic -referência para os juros praticados no mercado, inclusive nas aplicações- começará a subir em 2010. Hoje a Selic está em 8,75%. Para o fim de 2010, o mercado trabalha com a expectativa de 10,50%.
Quando a Selic começou a acelerar o processo de queda, ainda no primeiro trimestre, se começou a especular que os investidores trocariam os fundos pela poupança que, por não cobrar nem taxa de administração nem IR, se tornaria mais competitiva. Naquela época, o governo começou a dar sinais de que estaria disposto a passar a cobrar IR da poupança para tentar equilibrar o jogo.
A taxa de administração está presente nos fundos e costuma oscilar entre 1% e 3%. Quanto menor a rentabilidade da aplicação, mais pesada fica, proporcionalmente, a taxa de administração cobrada.
"O mercado deu um alívio para os gestores, que com certeza há não muito tempo estavam preocupados com o risco de perderem aplicações. Não houve a forte migração para a poupança que se esperava, os juros parecem que chegaram a seu piso e a Bolsa voltou a subir com força", diz Mauro Calil, do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil.

Captação de recursos
A caderneta de poupança captou cerca de R$ 17 bilhões em recursos neste ano. No segmento de fundos, as categorias que se destacam no ano são os multimercados, que acumulam captação de R$ 32,1 bilhões, seguidos pela renda fixa, que atraiu R$ 9,8 bilhões, e as ações, com R$ 2,3 bilhões.
Os fundos DI ainda estão no vermelho em 2009, com saques batendo aplicações em R$ 5,01 bilhões. Mas a categoria tem demonstrado poder de recuperação: nos primeiros dez dias do mês já captou R$ 1,2 bilhão.

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