segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Aluguel de ações é boa opção

Jornal da Tarde
01/09/2008


Como um imóvel, locador pode assegurar renda fixa enquanto os papéis vão acumulando perdas

FABIO LEITE, f.leite@grupoestado.com.br

Em tempos de queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - 12,84% no acumulado do ano até a última sexta -, uma boa opção para o pequeno investidor evitar maiores perdas pode ser o aluguel de ações. Da mesma forma que um imóvel, papéis como os da Vale e da Petrobrás podem ser locados a um outro investidor. Em troca, o ‘doador’ - como é conhecido quem aluga suas ações - recebe uma taxa de juros previamente definida que pode variar de 0,2% a 30% ao ano, dependendo da procura pelos papéis.

Indicada para o investidor que pensa a longo prazo, ou seja, que não pretende se desfazer dos papéis em um período inferior a cinco anos, a operação de empréstimo de ações está ‘superaquecida’ no Brasil, para ficar com o jargão do mercado imobiliário. Só nos últimos sete anos, o número de operações subiu 22.373%, saltando de 2.530 em 2000 para 568.592 no ano passado, segundo estatística da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), responsável pelo controle das operações. De janeiro a julho, 380.696 contratos foram fechados.

“É uma modalidade recente no País, mas que tem crescido bastante junto com o mercado financeiro brasileiro”, afirma o assessor comercial da corretora Planner, Paulo Roberto da Silva. Em volume de negócios, o aluguel de ações movimentou nos sete primeiros meses do ano R$ 222,29 bilhões, quantia 7.645% maior que os R$ 2,87 bilhões em ações da Bovespa alugadas em todo o ano 2000.

Igual a renda fixa

Na operação, o dono das ações autoriza a transferência temporária de seus papéis para um terceiro e recebe em troca um porcentual fixo de juros, espécie de aluguel. Para fazer isso, é preciso apenas escolher os papéis que pretende locar, procurar a corretora que administra as ações e comunicá-la o tempo de locação - a média é de 30 dias - e a rentabilidade que deseja obter, que será definida pela lei da oferta e da procura.

Em seguida, a corretora coloca as ações no banco de títulos da CBLC, espécie de imobiliária virtual, e aguarda o interesse do locatário. Chamado de ‘tomador’, o locatário pode ser tanto um fundo de investimento, como um banco comercial ou um investidor estrangeiro.

Interesse aumenta

Segundo a CBLC, a participação de investidores pessoa física entre os locadores tem aumentado significativamente nos últimos anos. Dados do mês de junho mostram que eles já são 23,57% do total, atrás apenas dos fundos mútuos (25,75%) e dos estrangeiros (38,41%). Esses dois últimos, aliás, também são os maiores locatários de ações, com 40,22% e 36,59% de participação, respectivamente.

“São dois lados totalmente opostos. Um é aquele investidor mais conservador, com visão de médio e longo prazo, que não pretende se desfazer dos papéis tão cedo, mas que não quer deixá-los parado desvalorizando. O outro é o investidor mais dinâmico, que trabalha com especulação. Ele aluga as ações para vendê-las mais caras e depois recomprá-las mais baratas”, explica o gerente comercial da Ágora Corretora de Valores, Hélio Pio Júnior.

O especialista destaca que, para o locador, a operação não apresenta risco algum, já que o pagamento dos juros e a devolução das ações são garantidos pela CBLC. “O único ponto negativo é que enquanto as ações estão alugadas, o doador não pode se desfazer delas”, diz.

Contudo, o locador que empresta seus títulos não deixa de receber, no período, eventuais proventos como dividendos e lucros, além da taxa de empréstimo. Já o locatário fica livre para vender as ações locadas quando quiser, mas também é obrigado a devolver a mesma quantidade ao término do contrato e com preços corrigidos.

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