quinta-feira, 24 de abril de 2008

Taxas de CDBs disparam e captação bate recordes

Valor Econômico
Luciana Monteiro
24/04/2008




A alta nas taxas pagas pelos bancos nos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) fez crescer o interesse dos investidores por esses papéis. Grandes instituições pagam até 107% do CDI, o equivalente a 12,57% ao ano, um retorno superior aos juros básicos da economia, de 11,75%. Com isso, apenas nos quatro primeiros meses do ano, até o dia 16, a captação atingiu R$ 60,185 bilhões, valor que representa mais que o dobro dos R$ 28 bilhões de todo o ano passado. O volume supera inclusive o total de 2005, de R$ 56,199 bilhões, melhor ano para essas aplicações. Neste mês, R$ 21,350 bilhões foram destinados para CDBs, o melhor resultado mensal desde o início do Plano Real.


O aumento dos retornos chegou também aos pequenos investidores. Quem tem R$ 10 mil, por exemplo, e pode deixar o dinheiro aplicado por dois anos, consegue obter um CDB com retorno de 90% do CDI, ou 10,57% ao ano. Isso equivale a investir em fundo DI com taxa de administração anual de 1%. O problema é que um investidor com esse volume de recursos dificilmente conseguirá aplicar num fundo com um custo tão baixo - ele pagará no mínimo 2,5% ao ano.


CDBs com taxas acima do CDI para bancos de primeira linha não são comuns. A elevação nos retornos é conseqüência de uma série de fatores. O primeiro, a crise internacional com as hipotecas de alto risco ("subprime"), que dificultou a captação de recursos dos bancos e empresas no exterior. Além disso, em maio, os grandes bancos começam a recolher o compulsório sobre debêntures emitidas por suas leasings, o que pode retirar até R$ 40 bilhões de seus caixas.


Em meio a esse aperto de liquidez, as carteiras de crédito dos bancos continuam crescendo. "O crédito representava 20% do PIB e caminha para 35%, e isso pressiona a captação de CDB", diz Reinaldo Le Grazie, da Banif Nitor Asset Management. Mas ele destaca que não há uma crise de liquidez ou falta de recursos para os bancos pequenos. "Houve um ajuste na curva de juros; se o banco grande paga agora 103% do CDI, o pequeno, que antes pagava isso, passa para 106%".


Para segurar o investidor, os bancos condicionam as melhores taxas ao cumprimento de carência. Quanto mais tempo o investidor se compromete a ficar com o CDB, maior o ganho.

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