segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Faxina também no orçamento

Jornal da Tarde

04/01/2010

Época de resoluções, o início de ano é uma boa oportunidade para reavaliar seus gastos

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br

Início de ano é época de pôr em prática projetos que melhorem a qualidade de vida, inclusive financeira, que só entra nos eixos com planejamento detalhado seguido à risca pelo autor e pelos seus familiares.

Reinaldo Domingos, diretor do Instituto Disop de Educação Financeira, sentencia que aqueles que têm o hábito de gastar mais do que ganham ou ficam permanentemente com despesas e receitas empatadas precisam fazer uma "faxina financeira". "As pessoas que mantêm o orçamento fragilmente equilibrados correm alto risco de se tornarem endividadas", ressalta.

Na avaliação de Domingos, neste grupo estão os consumidores que necessitam fazer um auto-diagnóstico financeiro acurado que aponte o motivo que os impede de poupar. "Pode ser que as despesas estejam maiores que as receitas, o que exige cortes ou ainda gastos pequenos que, somados, tomam proporções relevantes", ensina.

A melhor forma de realizar o diagnóstico, explica Domingos, é relacionar cada centavo gasto durante o primeiro mês do ano para saber no que o dinheiro é empregado. "Somente a partir da identificação do destino dos recursos é possível tomar decisões acertadas", diz. Domingos acredita que o principal problema da maioria dos orçamentos são os gastos de pequeno valor.

O diretor do Instituto Disop afirma que esta avaliação causa um "efeito psicológico" que faz com que a pessoa tenha maior segurança em optar pelos cortes. O ideal, aponta Domingos, é cortar os gastos supérfluos. "Não se trata de deixar de fazer coisas que dão prazer, mas sim reduzir excessos ou gastos que não contribuem para a qualidade de vida", afirma.

Ele também recomenda que a pessoa defina seus objetivos de curto, médio e longo prazos ou um, cinco e dez anos ou mais.

Antonio Colângelo Luz, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, afirma que a organização das compras é tão importante quanto o detalhamento do orçamento. "Evitar desperdícios em pequenos gastos é fundamental para sanear as finanças", afirma o professor.

Ele ressalta que, além da economia direta, que pode permitir poupança para projetos futuros, os gastos em ordem permitem uma economia indireta, das despesas com multas por pagamentos em atraso ou de juros no caso da obtenção de crédito para fazer frente às contas. "Não é tarefa fácil. É preciso foco", lembra. O professor da Trevisan ressalta, ainda, que o controle deve ser, mais que tudo, um hábito.

Colângelo Luz recomenda que outra maneira de manter o orçamento saneado é saldar as dívidas sempre à vista caso haja recursos disponíveis. "Se não for possível, parcele, mas no menor prazo possível", diz.

Luiz Jurandir Simões, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), afirma que uma das premissas básicas para a manutenção de um orçamento sob controle é ter cuidado com as alternativas de crédito oferecidas pelo mercado. "Fuja do cheque especial", alerta.

Ele recomenda, também, aproveitar as promoções para realizar compras e sempre na contramão dos períodos. "Compre roupas de verão no inverno e vice-versa", sugere. Simões também indica que presentes para serem dados em datas especiais devem ter recursos reservados e terão menos impacto nas finanças se comprados com antecedência.



APROVEITE MELHOR O DINHEIRO

MONITORE AS DESPESAS
Anote cada despesa feita no primeiro mês ou nos três
primeiros meses do ano para
verificar o destino de cada
centavo gasto

CORTE OS EXCESSOS
Feito o diagnóstico é hora de reduzir as despesas. Fique de olho principalmente nos pequenos
gastos que, juntos, acabam
consumindo boa parte do
orçamento

CORTE GASTOS SUPÉRFLUOS
Verifique a lista de despesas e reflita sobre se todas são de fato importantes para a manutenção de sua qualidade de vida. Aquelas que não atenderem a este
requisito devem ser cortadas em prol do saneamento financeiro
PAGUE À VISTA
A recomendação é que todas as dívidas sejam pagas em um só
parcela sempre que a pessoa tiver os recursos à disposição

ECONOMIA INDIRETA
Além de um maior controle do orçamento, pagar à vista permitirá economia indireta dos valores que seriam
desembolsados com o pagamento de juros, por conta de
parcelamentos de longo prazo, e de multas, por causa de eventuais atrasos. Também há a possibilidade de obter descontos

APROVEITE AS PROMOÇÕES
Procure realizar as compras na contramão das estações ou com antecedência para evitar as datas festivas

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