segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bancos vão avaliar perfil do investidor

Jornal do Commercio

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Publicado em 04.01.2010

Chamado de Análise do Perfil do Investidor (API), objetivo do questionário é definir qual a real característica do cliente e passar a oferecer apenas aplicações que sejam viáveis para o correntista

SÃO PAULO - Após três anos de discussões, os bancos brasileiros passam finalmente a adotar, a partir desta semana, uma série de regras para vender produtos financeiros, como fundos de investimento de diferentes riscos, de acordo com o perfil de cada cliente.

Na prática, ficará mais difícil para um gerente de agência empurrar produtos que não atendam aos interesses do cliente apenas para cumprir eventuais metas internas de captação de recursos.

Já o investidor terá de assumir por escrito que conhece o risco de um investimento que vá contra o seu perfil, que foi alertado pelo banco sobre essa incompatibilidade e que, mesmo assim, decidiu seguir em frente com a aplicação. A decisão final é do investidor.

A regras foram debatidas internamente na Associação do Mercado de Capitais, com o objetivo de preparar bancos, gerentes e clientes para lidar com investimentos de maior risco, após a queda nos juros e a perda de atratividade dos fundos DI e de renda fixa.

No caminho, sofreu resistência de alguns bancos que não queriam discutir questões estratégicas da venda de produtos com os concorrentes nem investir em tecnologia.

"Quando começamos as discussões, a ideia era ter um padrão mínimo de qualidade de atendimento. Isso não é estratégia, é o mínimo que se pode fazer, que é atender bem o cliente. Nos EUA, 50% dos investidores aplicam em ações. Aqui no Brasil, já chegou a 14% antes da crise. Daqui a um tempo, 50% vai para o risco também. A adoção dessa ferramenta é crucial para que isso aconteça", disse o diretor de investimentos do Bradesco e coordenador do comitê da Anbima que desenvolveu as regras de adequação Marcos Villanova.

O principal instrumento para avaliar o perfil do cliente é um questionário eletrônico com perguntas como idade, valor da aplicação, o quanto ela representa em sua renda anual, quando vai resgatar o dinheiro, o que pretende fazer com ele e o que faria se perdesse uma boa parte desse capital.

Atribuindo pesos às diferentes respostas, o questionário cria o que os bancos chamam de Análise do Perfil do Investidor (API), que é confrontado com os investimentos do cliente no banco para ver se é compatível com seu perfil.

Num primeiro momento, a Anbima definiu que a API valerá só para as aplicações nos fundos de investimento. A proposta é chegar também a outros produtos, como previdência, poupança, CDBs e seguros. Cada banco desenvolveu o seu próprio questionário, que poderá ser cruzado com o histórico de aplicações do cliente. O Bradesco foi o primeiro dos grandes bancos a juntar numa mesma plataforma diferentes aplicações, como fundos de investimento, CDBs, poupança e previdência. "A estratégia evita que o cliente seja abordado de acordo com o interesse de venda de cada produto. Se o perfil apontar que o investidor é muito conservador, nós vamos mandá-lo para a poupança", disse Villanova.

No Santander Real, o API já começa valendo para fundos de investimento e de previdência. Já o Itaú Unibanco vem testando o questionário desde setembro.

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