terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Banco público tem juro menor

Jornal da Tarde

29/12/2009

Taxas cobradas de clientes novos são mais baixas do que nas instituições privadas

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br

Caixa Econômica Federal tem os menores juros no cheque especial e no crédito pessoal, de acordo com a pesquisa





Os bancos públicos oferecem as taxas de juros mais baixas também a clientes novos e aqueles que têm poucos ou nenhum investimento nas instituições. A conclusão está na comparação entre as pesquisas mensais de juros da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) referentes a janeiro e dezembro deste ano. Segundo o levantamento de dezembro, divulgado ontem, a Caixa Econômica Federal é a instituição que tem a taxa mais baixa para clientes deste perfil em 2009 nas modalidades analisadas: crédito pessoal e cheque especial.

No crédito pessoal, a Caixa chegou a dezembro com taxa de 4,39% ao mês ante 4,44% apurados em janeiro, queda de 0,05 ponto porcentual. De acordo com a aferição, o Banco do Brasil (BB) cobra de clientes não preferenciais, cujas taxas balizam a pesquisa, 4,48% ao mês, cerca de meio ponto porcentual menos que o praticado em janeiro (4,99%). A terceira instituição do ranking na modalidade é a Nossa Caixa, que reduziu de 4,9% para 4,48% o juro médio cobrado deste nicho da clientela (veja quadro ao lado).

No caso do cheque especial, a outra modalidade de crédito cujas taxas são pesquisadas mensalmente pelo Procon-SP, a Caixa também teve, em dezembro, o menor juro, 6,72% ao mês, após iniciar o ano na casa dos 7,99% para este segmento de clientes. No cheque especial, BB e Nossa Caixa, que atualmente são uma única instituição, chegaram empatados, com média de 7,65% ao mês, segundo o Procon-SP.

Diógenes Donizete, assistente de direção do Procon-SP, classifica como “mistério” o fato de as taxas não apresentarem redução maior. “Ainda há muita gordura para ser queimada”, acredita.

Ele afirma que os bancos costumam jogar a culpa no spread bancário, diferença entre as taxas que as instituições oferecem para captar recursos no mercado e os porcentuais que cobram para emprestá-los aos clientes.

O diretor do Procon-SP avalia que as instituições deveriam melhorar a forma de concessão de crédito com o objetivo de evitar que os consumidores se endividassem. Na opinião de Donizete, a melhora das condições econômicas ao longo do ano permitiria uma baixa mais expressiva dos juros. “Apesar disso, se o consumo aumentar a tendência é de que as taxas subam”, diz.

Luiz Jurandir Simões, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), afirma que o cheque especial é um dinheiro de alto risco, seja para quem usa como para quem concede, o que dificulta a redução das taxas de juros. “Embora a competição entre os bancos tenha ajudado nas baixas, o grau de risco do crédito impede reduções mais significativas”, afirma. Na avaliação do professor, o cheque especial é uma linha de financiamento que só deve ser utilizada em emergência. “As pessoas usam muito mal o cheque especial”, afirma.

Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), acredita que ao longo de 2010 as taxas devem se estabilizar nos patamares atuais ou mesmo subir. Ele lembra, ainda, que os juros menores praticados pelos bancos públicos são uma orientação política, como parte dos incentivos para a retomada da economia.

Além disso, observa Crivelaro, o tipo de cliente para os quais são oferecidas as taxas pesquisadas pelo Procon-SP não pressupõe que ainda haja uma fidelidade com a instituição, o que influi nos juros.



Inadimplência e custos compõem as taxas

O Jornal da Tarde abriu espaço para manifestação de todos os bancos que fazem parte da pesquisa e que foram citados na reportagem. Em nota, a Nossa Caixa afirma que as taxas de juros de empréstimo pessoal e de cheque especial para pessoa física estão entre as mais baixas no universo pesquisado.

O HSBC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que são considerados alguns fatores para a composição da taxa de juros: o custo do dinheiro, a perspectiva de inadimplência, o relacionamento do cliente com a instituição e a expectativa do mercado, entre outros. “Diante da alteração de qualquer um desses critérios, a taxa de juros pode variar tanto para cima quanto para baixo”, acrescentou a assessoria em nota. Os demais bancos não enviaram resposta até o fechamento da edição.

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