segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Imóvel 166% mais caro

Jornal da Tarde
31/12/2007

'Boom’ imobiliário faz metro quadrado de lançamentos subir 38% além da inflação em dez anos

RODRIGO GALLO,
rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

O valor do metro quadrado de imóveis residenciais novos na região metropolitana de São Paulo aumentou 166,03% em dez anos, ante uma alta de 92,74% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - aumento real de cerca de 38%. Para quem já comprou uma casa ou apartamento, a valorização representa um aspecto positivo. Porém, para quem ainda sonha com a casa própria, isso significa pagar mais caro pelo imóvel.

Segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), o metro quadrado residencial custava R$ 1.197 em 1997, em média. Em 2002, ultrapassou o patamar dos R$ 2 mil, mais precisamente R$ 2.139, o metro quadrado. No ano passado, o valor já havia subido para R$ 3.187 - sobretudo por conta do ‘boom’ que o mercado imobiliário vem passando nos últimos três anos.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de São Paulo, José Augusto Viana Neto, a expansão do setor fez com que o preço do metro quadrado em alguns bairros, como a Freguesia do Ó (Zona Norte), subisse até 40% nos últimos três anos - superando o aumento real médio de 38% captado pelo levantamento da Embraesp desde 1997.

Ainda assim, Viana considera que bairros de todas as regiões da Cidade e da Grande São Paulo tiveram boa valorização nos últimos anos. Para comprovar isso, basta verificar que há lançamentos residenciais em quase todo o Estado - sejam casas ou apartamentos.

Mais crédito

Além das novas unidades, há também a influência do aumento da oferta de crédito imobiliário por parte dos bancos, que têm colocado mais dinheiro à disposição dos clientes, com juros mais baixos e prestações mais acessíveis.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), João Cláudio Robusti, a valorização real do mercado habitacional não é tão grande quanto parece. “Os 38% de crescimento no preço do metro quadrado dá menos de 4% ao mês*. Qualquer atividade empresarial ou financeira tem lucros acima disso”, afirmou.

Mesmo assim, Robusti disse que parte da alta nos preços se dá por conta da expansão do setor. Ele justifica que, por alguns anos, houve uma desvalorização nos imóveis e agora o mercado tem conseguido se recuperar.

A tendência é de que o custo do metro quadrado continue mesmo aumentando em São Paulo, pois o setor deve manter o nível de expansão em 2008.

Por outro lado, acredita-se que os bancos terão condições de baixar as taxas de juros dos financiamentos e lançar novos produtos voltados para os consumidores de menor renda.


*Comentário: O autor do texto não percebeu mais o presidente da Siduscon cometeu um equívoco. O correto seria 4% ao ano, não ao mês. Mas a conclusão dele está correta e de acordo com uma publicação deste blog. Ou seja, a valorização do imóvel nos últimos anos perdeu para vários investimentos, tanto bolsa de valores quanto títulos públicos.

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