domingo, 16 de agosto de 2009

Pechincha vale até para produto em promoção

Jornal da Tarde
16/08/2009


Na hora da compra, nada de vergonha:especialistas mostram que é possível conseguir bons descontos na aquisição de móveis, eletrônicos e até roupas

SAULO LUZ, saulo.luz@grupoestado.com.br

Nunca aceitar a primeira oferta. Essa é a recomendação de especialistas para o consumidor na hora da compra. Mesmo quando o preço já está interessante, é possível pechinchar e obter um bom desconto.

“Em certas culturas orientais, o vendedor se sente ofendido se o cliente não negociar. Para eles, aceitar o preço inicial é chamar o vendedor de bobo, já que poderia ter pedido mais e o consumidor compraria do mesmo jeito”, diz Rafael Paschoarelli, Professor de Finanças da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e autor do livro A nova regra do jogo, que trata sobre a negociação envolvendo dinheiro. Para ele, é obrigação do consumidor negociar e evitar lojas em que o vendedor não tem autonomia para dar descontos. “A clássica resposta de que o ‘sistema’ não permite o desconto é equivalente a dizer que o sistema é mais importante que o consumidor.”

O JT foi às ruas e descobriu que é possível pechinchar na maioria das lojas, principalmente nas grandes redes de varejo de móveis e eletrodomésticos, onde sempre se pode obter algum desconto. Na Marabraz, por exemplo, foi possível reduzir de R$ 799 (parcelado em 10 vezes) para R$ 600 (à vista) o preço de um guarda-roupas. E o preço de um sofá de canto (5 lugares) no Magazine Luiza caiu de R$1.349 (em 6 vezes) para R$ 1.100.

Na Casas Bahia, conseguimos desconto em uma TV LCD 29 polegadas da LG que já estava em promoção - de R$ 2.499, saía por R$ 1.699. Após pechinchar bastante, a reportagem conseguiu que o preço baixasse para R$ 1.709.

Nas lojas de roupas e artigos esportivos, os descontos não foram grandes. Na Sandry Fashion, o tênis de futebol society da Adidas caiu de R$ 129,99 (em 4 vezes) para R$ 126. Paschoarelli explica porque há diferença no desconto conforme o produto. “Os fabricantes de móveis variam de loja para loja. Já as marcas de roupas e eletrodomésticos são sempre as mesmas e o preço é quase tabelado.”

A pechincha é um jogo

Na negociação é preciso perder a vergonha, ser ousado e sinalizar que a compra é uma possibilidade, não uma necessidade. “O cliente deve escolher o momento certo de jogar. Já o vendedor é prisioneiro desse jogo e tem que jogar o tempo inteiro”, diz Nacir Sales, consultor empresarial formado em Negociação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), autor do livro Dr. Negociação.

“Uma dica é ir com cônjuge e uma das partes demonstrar que não quer comprar, dizer que viu uma promoção melhor ou querer ir embora. Isso fará que o vendedor sinta necessidade de oferecer algo adicional”, recomenda Paschoarelli. Para compras de bens de valores altos, o negócio só deve ser fechado com o gerente da loja. “Se não chegou no gerente da loja, não foi boa o suficiente”, garante.

A analista de recursos humanos Evelyn Mellissa Baptista Martins, 23 anos, se considera uma pechincheira nata. Na semana passada, ela foi a uma loja da rede O Boticário comprar presente para o Dia dos Pais e, após pechinchar bastante, obteve desconto de R$ 5 e levou de brinde um batom no valor de R$ 12. Ela conta que é importante apresentar alter nativas ao vendedor. “Não pode só reclamar. Se conseguir um desconto ou brinde, levo algo mais da loja. Se não derem o desconto, eu parto para outra.”

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