segunda-feira, 13 de julho de 2009

É bom estar preparado na hora da emergência

Reserva para imprevistos, que pode ser equivalente aos gastos de três meses, não deve ser confundida com a poupança feita com objetivo definido, como comprar a casa própria

Jornal da Tarde

13/07/2009

PAULO DARCIE, paulo.darcie@grupoestado.com.br

Por mais organizado que seja o orçamento de uma família, imprevistos financeiros, capazes de desequilibrar as contas, acontecem . Para evitar sustos nesses momentos, a melhor solução é ter uma reserva de emergência, ou seja, ter um dinheiro guardado para suprir gastos não planejados.

Segundo o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, pouca gente realmente se preocupa em fazer essa economia. "Há muitos que estão acostumados a ser amparados, e não a se prevenir. Assim, esperam ajuda de amigos, do governo ou vão atrás de empréstimos", afirma. "O ideal é se precaver para resolver os próprios problemas."

Especialistas alertam que a reserva de emergência não deve ser confundida com investimentos como previdência, que tem o objetivo de garantir uma renda futura, ou com investimentos feitos de olho em sonhos, como um carro ou a casa própria: é preciso saber exatamente o que pode ser considerado uma emergência.

Perda do emprego, problemas de saúde não cobertos pelo plano de saúde, além de acidentes com o carro ou a casa, ou ainda deixar de receber algum valor com o qual estava contando são, segundo especialistas, emergências que devem ser supridas com esse dinheiro. "Emergência é aquilo que não é possível prever olhando no calendário", resume Cerbasi. "São duas coisas diferentes: se precaver quanto a grandes emergências e prever algum gasto pequeno a mais no mês, como um passeio com as crianças."

O dinheiro, portanto, deve estar acessível a qualquer momento. Bens como imóveis ou automóveis não são boas opções para a reserva, pois não têm liquidez, isto é, não se transformam em dinheiro vivo da noite para o dia. A poupança é o investimento mais recomendado, pois não tem taxação e permite o saque a qualquer momento. "Não precisa ter um grande rendimento. Precisa ser seguro e ter liquidez", diz Cerbasi.

Aplicações como títulos públicos e CDBs também podem servir, mas como têm data determinada para resgate, se o saque ocorrer antes o rendimento não será o esperado, e os impostos, nesse caso, são mais pesados.

"O ideal é manter, pelo menos, valor equivalente ao gasto de três meses", diz Cerbasi. Se a pessoa não se sente segura no trabalho ou, em caso de demissão acredita que não conseguirá uma recolocação em pouco tempo, essa reserva pode chegar a seis vezes, recomenda.

Outro conselho dos especialistas é começar a juntar dinheiro já no início da vida financeira independente. Reinaldo Domingos, consultor e autor do livro Terapia Financeira, adverte que não adianta se esforçar pela reserva e se esquecer do resto da saúde financeira. "Não pode ter dinheiro parado na reserva e parcelas do carro atrasadas."

Disciplina

Para fazer crescer o bolo, Domingos sugere disciplina no investimento mensal (de 5% a 10% do orçamento familiar), em vez de aportes periódicos - que são bem-vindos, caso surja uma renda extra. "O valor deve ser separado antes de entrar no 'giro' do mês e correr o risco de ser usado. Ele não pode ser considerado disponível para gastos ou para outros investimentos."

Com disciplina, o bolo pode até passar do necessário para as urgências. Nesse caso, parte dele pode ter outra finalidade, como entrada para a casa própria ou viagem de férias. "Mas o mínimo seguro para as emergências deve ser mantido", diz Domingos.

PARA MONTAR A RESERVA

A reserva para emergências não pode ser usada para gastos previsíveis, como presentes de Natal, ou para a compra de bens, que deve ser programada. Especialistas recomendam manter um valor de pelo menos três vezes o gasto mensal da família. O investimento deve ser mensal, entre 5% e 10% da renda familiar

Ela deve ser mantida desde o começo da vida profissional. A poupança é o investimento mais indicado para isso, pois, apesar de não ter rendimento muito alto, em caso de necessidade, é possível sacar com rapidez e sem a incidência de taxas

Quem já tem um investimento e resolver fazer sua reserva não precisa iniciar outra aplicação para isso: basta controlar, em uma planilha, qual a parte de suas economias destinada a planos futuros e qual a parcela reservada para emergências

Além de alimentar o fundo para grandes imprevistos, é bom preservar uma pequena parcela do orçamento mensal para gastos imprevistos menores que possam aparecer durante o mês

Se o poupador tiver disciplina e não precisar usar a reserva por algum tempo, ela pode crescer, ficar maior do que o que julga necessário. Nesse ponto, o que "sobrar" pode ter outro destino, como um investimento em previdência privada

SAIBA MAIS

POUPANÇA

A aplicação mais tradicional no Brasil é oferecida por praticamente todos os bancos. Sobre ela não incidem taxa de administração e Imposto de Renda. É considerada um investimento seguro, pois tem rentabilidade garantida: 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial)

TÍTULOS PÚBLICOS

Emitidos pelo Tesouro Nacional, podem ser adquiridos no www.tesourodireto.gov.br. Há os de rentabilidade pré-fixada (ao aplicar, o investidor já sabe quanto vai ganhar), ou pós, conforme variação da inflação ou da Selic

CDBs

Os certificados de depósitos bancários são títulos emitidos por bancos, com rendimento atrelado à variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) que, por sua vez, depende da variação da Selic. É uma aplicação em renda fixa

LIQUIDEZ

Facilidade para se converter o investimento em dinheiro. Na poupança o saque pode ser feito a qualquer momento sem custos, enquanto nos saques de investimentos há um prazo para a aplicação ser resgatada. Bens como terrenos ou carros têm ainda menos liquidez

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