terça-feira, 6 de maio de 2008

Casa própria com crédito mais rápido

Jornal da Tarde
06/05/2008


Bancos menores liberam empréstimo com juros mais altos, mas em prazo menor que o dos grandes

FABIO LEITE, f.leite@grupoestado.com.br


Encontrar a melhor linha de financiamento habitacional para o seu bolso está ainda mais fácil. Além de derrubar os juros e alongar os prazos, a explosão do crédito imobiliário no ano passado trouxe também novas opções para quem sonha com a casa própria. São os planos oferecidos pelos bancos estreantes no setor, que apostam no estilo ‘fast food’ de concessão de crédito para conquistar mercado. Resultado: dinheiro liberado em até dez dias.

O prazo mais curto é assegurado pelo banco Fibra, que desde setembro de 2007 opera no setor com a marca TotalCasa. Segundo o vice-presidente de Operações de Varejo, Marcio Ronconi, a liberação rápida do crédito só é possível porque a documentação é emitida pela internet. Com exceção da Caixa Econômica Federal, os demais grandes bancos trabalham como prazo médio de 30 dias.

Para Mauro Costa, superintendente comercial de crédito imobiliário da Plano A, braço do Banco Matone (no varejo há pouco mais de um ano e que promete liberar o dinheiro em até 20 dias), outro facilitador é o atendimento personalizado, que muitos grandes não conseguem oferecer. “O cliente entra na loja e é atendido por uma equipe exclusiva e especializada em crédito imobiliário. Nós fornecemos todas as informações sobre o produto, fazemos simulações e levantamos toda a documentação”, diz.

Também por serem pequenos e contarem com uma carteira bem menor que as dos gigantes do mercado, os novos bancos da casa própria conseguem oferecer linhas de financiamento menos engessadas. Para quem pretende vender um imóvel para comprar um novo, por exemplo, é possível financiar até 100% com a Plano A dando parte da residência atual como garantia. “Nós fazemos dois contratos: um com o financiamento de 80% do imóvel novo e outro com 20% sobre o imóvel atual”, explica Costa.

Outro exemplo de flexibilização é a possibilidade de reduzir o valor das primeiras seis prestações em 75% para pagar outras despesas, como a da própria mudança. Assim como a Caixa e o banco Santander, a Plano A também financia em até 30 anos. “Estamos estudando ainda linhas de financiamento com recursos do FGTS”, completa Costa.

Foco nos usados

Para não competir diretamente com as principais instituições do País, que conseguem oferecer taxas de juros mais vantajosas, principalmente para a compra de imóveis novos, os bancos estreantes do setor focam seus negócios no mercado de usados. É o caso do BM Sua Casa, que também tem como atrativo o credito rápido: até 15 dias.

“Atuamos em todas as frentes, mas, como o segmento de usados era pouco atendido, estamos focando nesse mercado”, afirma Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages, empresa especializada em operações financeiras dona da marca BM Sua Casa, que tem parceria com 100 imobiliárias pelo País.

Os produtos personalizados não param por aí. O banco Daycoval, por exemplo, que começou a atuar no mercado de crédito imobiliário apenas neste ano, oferece uma linha de financiamento com desconto em folha exclusivamente para servidores públicos. Qualquer cliente que trabalha para órgãos dos governos municipais, estaduais e federal consegue financiamento de até 100% do imóvel em prazo que chega a 15 anos.

O superintendente-geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança Abecip), José Pereira Gonçalves, explica que a entrada desses novos bancos no mercado de crédito imobiliário é reflexo da estabilidade econômica, da recuperação da renda dos brasileiros e de alterações na lei que garantiram mais segurança aos credores, tripé que tem estimulado o ‘boom’ imobiliário. “A concorrência é extremamente benéfica. Com novos agentes, fica mais fácil para o consumidor encontrar a melhor opção de financiamento.”

Gonçalves afirma ser difícil calcular o impacto dos novos bancos da casa própria no mercado porque a maioria não opera com recursos da poupança, como os bancos tradicionais. “Eles utilizam fontes alternativas de recursos e estão preenchendo bem um espaço que havia no mercado”, afirma. “O importante é ter várias alternativas para que as pessoas consigam ter mais acesso ao crédito”, completa.

O técnico de defesa do consumidor da Fundação Procon de São Paulo, Erwin Sipereck, ressalta que, nessas ocasiões, o consumidor deve ficar atento às taxas administrativas cobradas pelos bancos mensalmente e às promessas de liberação rápida do crédito, principal trunfo dos novos bancos do setor. “Isso deve estar documentado para que o prazo de concessão seja o mesmo que o prometido”, explica.

Segundo o técnico do Procon, embora os bancos sejam pouco conhecidos, não há motivo para insegurança no negócio, já que é o banco quem está emprestando dinheiro. De 2007 para cá, o Procon não tem registro de queixas contra os bancos pequenos no quesito crédito imobiliário, mas Sipereck sempre recomenda que haja checagem quando se busca o crédito.

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page