sábado, 29 de setembro de 2007

Bovespa lidera ranking de investimentos no mês e no ano

28/09/2007 - 19h09

EPAMINONDAS NETO
da Folha Online


As aplicações vinculadas à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) lideram com folga o ranking dos investimentos mais rentáveis do mês de setembro. O indicador Ibovespa, referência da maior parte dos fundos de renda variável, também supera os demais no acumulado deste ano.

Setembro foi um mês de virada para a Bolsa de Valores. A crise do mercado de crédito imobiliário americano perdeu muito de sua força já no final de agosto e permitiu que as ações voltassem a valorizar. Dessa forma, o Ibovespa, indicador que acompanha os preços dos ativos mais negociados, valorizou 10,67% no mês.

"Não podemos dizer que a crise financeira acabou, mas temos que admitir que o Federal Reserve [banco central dos EUA] ajudou muito, ao cortar os juros de forma agressiva", avalia o gestor André Delben Silva, da Advisor Asset Management.

Em segundo lugar no rol das aplicações mais rentáveis aparecem os fundos de investimento DI (pós-fixado) e de renda fixa (pré-fixado), com vantagem para o segundo. Segundo relatório da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os chamados fundos DI tiveram rentabilidade de 0,68%, enquanto os fundos do tipo renda fixa deram retorno de 0,85%. Os dados têm defasagem de três dias.

A caderneta de poupança, a aplicação mais popular do país, tem rentabilidade de 0,64% no mês. Distinta dos fundos, a poupança não tem incidência de IR nem bancos cobram taxas administrativas.

Uma aplicação bem mais restrita para investidores do varejo, a commodity Ouro, teve variação de 3,77%, tendo como referência o contrato negociado na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

Na "lanterninha" do ranking de investimentos, o dólar comercial, referência dos fundos cambiais, teve queda de 6,6% em setembro. Em agosto, aplicações referenciadas pela moeda americana foram as mais rentáveis.

A inflação do período foi de 0,29%, se calculada pelo IPCA-15, que reflete o custo de vida para famílias com renda mensal até 40 salários mínimos. Se considerado o IGP-M, que considera preços no varejo, no atacado e da construção civil, a inflação foi de 1,29%.

Perspectivas

Especialistas ainda têm perspectivas positivas para a Bolsa no médio prazo. André Delben, da Advisor, confia que o fluxo de investimentos estrangeiros deve continuar nos próximos meses.

André Delben, da Advisor Asset, espera que a Bolsa brasileira ainda atinja os 80 mil pontos (fechou hoje em 60.465) nos próximos 12 meses. Nesta projeção, está embutida a expectativa de que a economia americana não entre em recessão, mas somente desacelere, de forma que a economia mundial siga com a combinação de crescimento global, inflação e juros baixos.

Para o professor de mercado financeiro do Ibmec-SP, Ricardo Rocha, o que pode estragar o "céu de brigadeiro" da Bolsa é o desempenho da economia americana. "E se os EUA crescerem pouco, com uma inflação desconfortável? Provavelmente o Fed vai aumentar os juros e aí teríamos o pior dos mundos. Por enquanto, ainda não é este o cenário que está desenhado", avalia.

"Para o investidor de longo prazo, eu posso dizer que continuamos otimistas sobre a Bolsa num prazo de 6 a 12 meses. Como gestor, quero dizer, como profissional que acompanha a Bovespa diariamente, eu estou um pouco mais preocupado. Nós já reduzimos nossa exposição em Bolsa ao longo do mês", afirma Delben. "Só que isso é mais uma filosofia de gestão. Podemos perder um pouco da próxima valorização, mas já protegemos os ganhos", acrescenta.

Em relação ao dólar, especialistas não vêem mudanças bruscas na tendência predominante de queda. "Podemos ter um pouco mais de volatilidade em outubro, novembro e dezembro. Pela minha experiência, são meses em que muitas empresas fazem remessas de lucros", afirma Luiz Carlos Balden, diretor da corretora Fourtrade.

Sobre a renda fixa, analistas lembram que, mantidas as condições atuais, permanece a tendência declinante dos juros básicos, o que pode afetar a rentabilidade dos fundos DI. E ser favorável para os fundos de renda fixa, que são compostos de títulos com prazo mais longo.

"Apostar em um fundo de renda fixa é uma aposta no mesmo sentido de uma aposta na Bolsa, só que com risco diferente. E apostar na Bolsa e em renda fixa, é o mesmo que apostar contra o dólar", sintetiza Delben.

Rentabilidade anual

O Ibovespa acumula variação de 35,96% no período de janeiro a setembro. No rol dos indicadores que referenciam os fundos de investimentos, é de longe a maior variação.

Em segundo lugar no ranking, os fundos DI têm rentabilidade acumulada de 8,81% no ano, enquanto os fundos renda fixa apresentam retorno de 9,25%, segundo levantamento da Anbid. A caderneta de poupança mostra retorno de 4,61%.

A commodity Ouro (contrato BM&F) teve variação de 1,15% nos nove meses, enquanto o dólar retraiu 14,2% de janeiro a setembro.

A inflação do período, medida pelo IPCA-15, foi de 3,15%. Pelo IGP-M, foi de 4,07%.

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page