terça-feira, 8 de abril de 2008

Santander cria fundo de Vale que pode ter ganho prefixado

Valor Econômico
Por Angelo Pavini, de São Paulo
08/04/2008


Anna Carolina Negri / Valor

Marcio Appel, da asset do Santander: "Esta é a primeira vez que um fundo destinado ao varejo traz essa opção"
O Santander sempre teve por hábito cultivar a originalidade em seus fundos de investimento. Sua mais nova criação é uma carteira que usa um instrumento ainda pouco conhecido no mercado brasileiro, as opções conversíveis reversas, tradução aproximada de "reverse conversion". A operação permite ao investidor obter o retorno da renda fixa em um fundo de ações formado por papéis de uma determinada empresa. Se no vencimento do fundo o papel tiver caído mais que um percentual estabelecido, o investidor fica com as ações - e, no caso do fundo do Santander, o cliente também com os juros.


O fundo do Santander será formado por ações da Vale e terá duração de seis meses, com aplicação mínima de R$ 25 mil. A estimativa é de que ele pagará uma taxa prefixada equivalente a 140% do CDI, ou cerca de 7% no período. O prazo de reservas vai até sexta-feira, dia 11, e o fundo começa a funcionar na segunda-feira, dia 14. Se no vencimento do fundo, no dia 27 de outubro de 2008, a ação da Vale tiver caído mais de 15% em relação ao dia 14, início da aplicação, a carteira vira um fundo de ações da Vale e o investidor fica com as cotas e o juro de 140% do CDI. Se o papel tiver caído menos de 15% ou estiver mais caro, o investidor leva os juros apenas e a carteira vira um fundo de renda fixa.


A estrutura é oferecida hoje apenas a grandes investidores de private banks, explica Marcio Appel, vice-presidente de Asset Management do Santander. "Esta é a primeira vez que um fundo destinado ao varejo traz essa opção", diz ele, que acredita que em breve essa estratégia poderá ser uma nova categoria de fundos no Brasil. Appel explica que, nos Estados Unidos, essa operação costuma pagar um juro abaixo dos de mercado para dar ao investidor a oportunidade de ficar com a ação caso o papel caia. "Aqui, pelas condições de mercado, conseguimos dar uma taxa maior que a de mercado", diz. A escolha do papel também segue o modelo americano, ações de grandes empresas e populares. "No Brasil, temos dois papéis que se encaixam nesse perfil, Vale e Petrobras, muito populares entre os investidores pessoa física", diz.


O Santander testou a operação em três fundos lançados no mês de março, sem grande alarde, com um grupo restrito de investidores, arrecadando R$ 298,5 milhões. "Agora vamos divulgar para toda a rede, com cartazes e mensagens para os gerentes nos nossos dois mil pontos de venda", diz Appel. A média das aplicações nas três ofertas ficou em R$ 70 mil, mostrando um perfil de investidor menor.


Appel destaca ainda que a carteira, chamada de Santander FI Vale Plus Ações 3, é tributada pela alíquota dos fundos de ações, de 15%, portanto, não tem come-cotas. "E, no pior cenário, de queda do mercado de ações, o investidor leva um papel por um preço baixo e com o juro de 7%", explica Appel. Dentro dessa análise, o investidor só começaria a perder se o papel da Vale caísse mais de 22%, equivalentes ao gatilho de 15% da queda da ação mais os 7% dos juros. "Se a Vale cair 16%, ele leva o papel e os juros servem para reduzir o valor da ação", diz. "E no longo prazo, é um papel com bom potencial de alta e muito procurado pelos investidores", diz.


Appel diz que estuda novas emissões desse tipo de fundo com valores mais baixos de aplicação. "Há demanda para baixarmos para R$ 10 mil". Está em estudo também uma carteira com papéis da Petrobras. "Já estamos oferecendo um da Petro para os clientes do nosso private", diz.


Appel acha que o fundo terá mais aceitação que um capital protegido. "Os cenários de alta para o investidor ganhar não são tão atrativos, a taxa de juros é mais baixa e há o sistema de nocaute, onde se o papel ou o índice bater no limite de alta um dia apenas, o investidor leva só a renda fixa", lembra. A taxa de administração é de 3% ao ano e o fundo, fechado, não permite resgates antes do vencimento.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Em cada fase, um investimento

Jornal da Tarde
07/04/2008


Do primeiro estágio à aposentadoria, os períodos merecem aplicações diferentes

Rodrigo Gallo e Fabricio de Castro

Planejar, guardar e aplicar. Essas três palavras devem nortear as finanças pessoais por toda a vida. É com elas que se pode pensar em um curso de pós-graduação. Ou na compra da casa própria e, num futuro mais adiante, em ter uma velhice confortável. E como a vida é feita de fases, os investimentos devem variar de acordo com cada uma delas.

A pedido do Jornal da Tarde, o consultor Paulo Adriano Freitas Borges elaborou um roteiro detalhando os investimentos certos para determinada idade, sem pular etapas, mas sempre tendo em mente que não se pode deixar 'o bonde passar'.

A primeira recomendação é que, ao conseguir o primeiro estágio, o jovem reserve pelo menos 30% da bolsa-auxílio mensal para a formação do capital. O salário pode ser baixo, mas os gastos também não são altos. É comum que o jovem more na casa dos pais e não precise pagar as contas mais pesadas, como as de alimentação, água, luz, telefone, condomínio ou mesmo de aluguel.

Boa parte do dinheiro do estágio deve ser aplicado em ações na Bolsa de Valores. O restante pode ser colocado na poupança. 'Não se deve colocar todos os recursos disponíveis na mesma aplicação. É preciso diversificar os investimentos', também ensina o economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.

Freitas Borges lembra ainda que, antes dos 30 anos, a pessoa deve esquecer a idéia de comprar um imóvel próprio. O motivo é simples: é preciso, antes de tudo, formar uma reserva e investir na formação profissional, com o intuito de conseguir um salário melhor no futuro. Financiamentos imobiliários são de longo prazo e acabam por 'amarrar' a pessoa a um emprego - e não ao planejamento da carreira.

'A casa própria deve ser pensada quando o trabalhador tem entre 30 e 35 anos e já está planejando ter filhos', diz. 'E, se possível, deve ser paga à vista. Se não der, dê uma entrada maior e financie o restante em, no máximo, três ano s.'

Ainda assim, é fundamental lembrar que a aposentadoria paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode não ser suficiente para manter o mesmo padrão de vida no futuro. Por isso, é essencial investir em um plano de previdência privada, uma espécie de poupança a longo prazo.

Conforme a idade vai avançando, o trabalhador também deve mudar o destino das aplicações, adequando-se aos novos estágios da vida. A principal recomendação é que, após os 45 anos, a pessoa evite investimentos de risco. 'Essa é a fase do conservadorismo, pois a pessoa não terá muitas chances para errar e conseguir corrigir o equívoco. Então, o ideal é buscar investimentos mais seguros', defende Borges. As pessoas devem depositar o dinheiro em cadernetas de poupança ou mesmo na renda fixa, que oferecem riscos menores.

Após os 50 anos, a Bolsa de Valores deve ser descartada completamente ou limitada a um pequeno percentual do dinheiro aplicado. Como regra geral, pode-se considerar a seguinte fórmula: o dinheiro aplicado em ações deve ser equivalente a 80 menos a idade da pessoa. Um profissional de 60 anos, por exemplo, deve destinar 20% de suas reservas às ações.

18 aos 25 anos

Guarde 30% da bolsa-auxílio do estágio, invista a maior parte em ações e o restante na poupança ou renda fixa. Jovens podem arriscar mais. Esqueça a casa própria, mas comece a constituir o patrimônio com um carro usado
pago à vista

25 a 30 anos

Se casar, more de aluguel para evitar um financiamento longo e invista na pós-graduação. Aplique entre 50% e 55% do dinheiro guardado em ações, mas também comece a contribuir para um plano de previdência privada

30 a 35 anos

Se guardou ou aplicou dinheiro desde a juventude, compre a casa própria à vista. Caso não seja possível, dê uma entrada grande e financie o restante em até três anos. Continue investindo em ações, mas em menor volume

35 a 40 anos

Use o dinheiro para trocar o carro e reduza as aplicações na Bolsa a 45% ou 40% dos recursos disponíveis. Se optar por ter filhos, espere alguns anos entre a quitação do imóvel e o nascimento do bebê para recompor
a poupança

40 a 45 anos

É a hora de pensar na casa da praia ou no sítio. Porém, faça aplicações com regularidade, pois perder o emprego nessa faixa etária é sinal de dificuldades para recolocação profissional

45 a 50 anos

Nesta fase da vida, convém deixar de lado os grandes investimentos em ações e buscar opções mais conservadoras, como a poupança ou renda fixa.
As aplicações em ações devem ser inferiores a 30% do dinheiro disponível

50 a 60 anos

Esqueça os investimentos na Bolsa de Valores e pense nas aplicações
conservadoras, como a poupança. Nesta idade, é comum querer montar um negócio próprio. Neste caso, não gaste todas as economias

Mais de 60 anos

Ao mesmo tempo em que o gasto com os filhos diminui, as despesas com saúde
aumentam. A previdência privada, que começou a ser formada aos 25 anos, serve agora para dar mais conforto

domingo, 6 de abril de 2008

Crédito agrava o vício de comprar

Jornal da Tarde
06/04/2008


Facilidade de pagamento e melhora do poder aquisitivo fazem crescer a compulsão por gastar

FABIO LEITE,
f.leite@grupoestado.com.br

Considerados dois dos principais estímulos da economia brasileira nos últimos anos, o aumento da oferta de crédito e a elevação do poder aquisitivo dos brasileiros também têm feito crescer o grupo de consumidores que perdem o controle sobre os gastos - os chamados compulsivos por compras. Especialistas alertam que a gastança excessiva e sem necessidade é uma doença que tem se tornado mais comum devido, principalmente, às facilidades de pagamento existentes.

Só o ambulatório voltado a compradores compulsivos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC), criado há um ano para atender a essa nova demanda de pacientes - hoje são dez em tratamento - , tem 40 pessoas na fila de espera. 'Esse aumento está associado, sem dúvida, às facilidades do acesso ao crédito. Essas pessoas normalmente têm baixa auto-estima e são facilmente influenciadas pela propaganda', diz a coordenadora Vanessa Filomenski.

Para a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) , Maria Inês Dolci, o quadro ficou ainda mais preocupante nos últimos cinco anos por conta da melhora no poder de compra das classes C, D e E - que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem subido anualmente 2% há quatro anos. 'A fartura de crédito faz com que muitos consumidores fiquem iludidos, principalmente aqueles que não tinham condições de comprar e hoje têm', diz.

Uma pesquisa de março da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostra que o porcentual de consumidores que se endividaram em razão do descontrole nos gastos subiu de 10% para 13% em um ano. Essa já é a segunda causa de inadimplência. Na esteira, números do IBGE revelam que a soma anual do consumo das famílias brasileiras saltou de R$ 1,1 trilhão em 2004 para R$ 1,5 trilhão no ano passado. O aumento de R$ 400 bilhões, aliás, corresponde à alta do volume de vendas do varejo brasileiro em 2007, que, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), cresceu 8% em relação no ano anterior.

Diagnóstico

A coordenadora do ambulatório de dependências não-químicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Juliana Bizeto, afirma que é possível diagnosticar a compulsão com base em apenas três características do consumidor: se ele compra mais do que gostaria; se quer parar de comprar e não consegue; e se não usufrui do que comprou. A especialista ressalta que a compulsão atinge consumidores de todas as classes. 'O que muda é o objeto de compra', diz.

As mulheres são a maioria (60%) entre os que procuram tratamento. Já a média de idade é de 40 anos, embora a compulsão possa começar por volta dos 18 anos, quando os jovens passam a ganhar o próprio dinheiro. Juliana diz que quanto antes a pessoa fizer o tratamento, menores serão as chances de comprometer o patrimônio. 'A maioria das pessoas que nos procura está no nível avançado. Algumas já perderam o emprego, se divorciaram ou se endividaram muito, deteriorando grande parte do patrimônio por causa da compulsão.'

Por conta da dimensão do problema, a Pro Teste decidiu elaborar um questionário (veja ao lado) para que os consumidores descubram se são compulsivos. Se o número de respostas 'sim' superar dez, considere-se mais um refém do consumo e procure tratamento.

EVITE O EXAGERO

Defina prioridades e analise seu orçamento antes de consumir

Programe os gastos para pagar integralmente, sem se endividar

Pague as suas contas em dia para evitar multas

Se possível, negocie a data para o vencimento de suas dívidas

Se você tiver dívidas, tente quitá-las o quanto antes

Faça uma poupança para eventuais problemas financeiros

Não encare o limite do cheque especial como parte da renda

Observe as ofertas, mas não se deixe seduzir por elas

Crédito imobiliário não concorre com aluguéis

O Estado de São Paulo
06/04/2008


João Teodoro da Silva *

Nos últimos meses, fala-se tanto sobre as facilidades oferecidas pelos bancos para aquisição de financiamento imobiliário, que deve ter locatário se perguntando se ainda faz sentido arcar com o aluguel, quando há a alternativa de se pagar uma prestação (a um valor que pode ser reduzido, devido ao prazo de financiamento em até 30 anos). A movimentação do mercado também deve suscitar dúvidas naqueles que pretendem investir em imóvel para aluguel. Ainda valerá a pena?

O impulso recebido pelo setor imobiliário brasileiro no último ano não abalou o segmento de aluguel de imóveis. A demanda não desaparecerá da noite para o dia, nem os investidores terão perdas por causa da oferta de crédito - o volume de negócios imobiliários atualmente realizados por meio de financiamentos é ainda bem menor do que os que envolvem recursos próprios.

Outro motivo relevante para que o quadro se mantenha inalterado é o grande déficit de moradias registrado no país, que ainda está longe de ser atendido. De acordo com recente estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas para o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), o Brasil precisaria de 27,7 milhões de novas moradias, até 2020, para zerar o atual déficit habitacional. Sendo que, desse total, 70% a 75% são famílias com renda familiar de até dez salários mínimos, a faixa de renda mais carente de habitação e justamente a que tem mais dificuldades de atender às exigências dos bancos para concessão de crédito.

Sendo assim, o investimento em imóveis para aluguel mantém-se como uma modalidade garantida, para quem não quer se arriscar perante as incertezas da economia. Hoje, a média de retorno para quem aplica em imóveis é a mesma do início do ano passado, de 0,6%, podendo chegar em alguns casos específicos a 1,6%. No caso dos imóveis comerciais, o rendimento mensal pode ser ainda maior. Essa média é calculada sobre o valor de venda do imóvel, o que equivale dizer que alguém que compre um apartamento no valor de R$ 100 mil, por exemplo, poderá ter um ganho mensal de R$ 600 a R$ 1.600. O ganho varia de acordo com características e localização do imóvel. No caso de apartamentos, o número de vagas de garagem e equipamentos oferecidos pelo condomínio (como área de lazer e elevador, por exemplo) podem tornar o aluguel mais alto.

Embora o porcentual seja pequeno se comparado com os rendimentos de outras aplicações, é preciso contabilizar também os ganhos com a valorização do imóvel. Quando a intenção é adquirir um imóvel para alugar ou vender pouco tempo depois, o investidor deverá saber escolher um que esteja localizado em área de valorização inquestionável - como as faixas litorâneas, por exemplo - e que ofereça boa liquidez. O que pode ser feito com a consultoria de um corretor imobiliário.

A liquidez, aliás, é o aspecto mais criticado por quem se opõe ao imóvel como modalidade de investimento. Mas vai depender muito da necessidade do investidor de se desfazer do bem. Se ele não precisar vendê-lo às pressas, certamente irá obter ganho real na venda. Portanto, quando feito com o devido planejamento, o investimento em imóveis se apresenta como o mais seguro, sobretudo porque compreende um investimento sólido, um bem de raiz. Vale frisar que todas as grandes fortunas estão alicerçadas em patrimônio imobiliário. Mesmo quando alguém adquire ações, por exemplo, está, por via transversa, adquirindo imóveis.

*João Teodoro da Silva é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci)

sábado, 5 de abril de 2008

Juros congelados para casa própria

Jornal da Tarde
05/04/2008

Taxas cobradas em financiamentos com pagamento de 15 anos
estão estáveis desde maio do ano passado na maioria dos bancos

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br


Os bancos praticamente ‘congelaram’ as taxas de juros dos financiamentos imobiliários nos últimos dez meses. O Jornal da Tarde chegou a essa conclusão ao fazer simulações de empréstimos pela internet, de R$ 80 mil e R$ 100 mil, no prazo de 15 anos. As análises foram realizadas em maio do ano passado e refeitas nesta semana, e as comparações dos dados comprovam que os porcentuais cobrados pelas instituições financeiras sofreram poucas alterações neste período.

Para este ano, os bancos públicos e privados deverão liberar pelo menos R$ 27 bilhões em financiamentos e o que mais incomoda os consumidores são os juros. O superintendente geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, esclarece que o congelamento das taxas é normal. “Os bancos já flexibilizaram os juros ao máximo possível, tendo em vista o custo com a captação dos recursos”, disse.

Para financiar 70% do valor de um imóvel de R$ 80 mil, Santander, Itaú e Unibanco não alteraram os juros entre maio do ano passado e a última semana, conforme mostram as simulações. No HSBC, o porcentual caiu de 7,72% para 7,70%. O Real e o Banco do Brasil aplicaram reduções, enquanto a Caixa Econômica Federal reajustou o índice de 8,16% para 8,9% (veja no quadro abaixo).

A situação não é muito diferente no caso dos financiamentos de imóveis de R$ 100 mil. “Após um período de queda acentuada, os juros passam por um movimento de estabilidade”, disse o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi), João Batista Crestana.

Segundo ele, os juros chegaram a um patamar que não dá espaço para grandes reduções. Este cenário de relativo congelamento deverá permanecer assim pelos próximos meses. “Não teremos reduções nos juros, exceto em ocasiões específicas, por causa da concorrência”, analisou o presidente do Secovi.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), João Cláudio Robusti, confirma que as taxas de juros dos financiamentos imobiliários realmente permanecem inalteradas pelo menos desde o começo do segundo semestre de 2007.

No entanto, Robusti afirma que houve contrapartidas para o consumidor. “Os bancos lançaram novos produtos e ampliaram os prazos para quitar os empréstimos no último ano. Há financiamentos para atender qualquer tipo de consumidor, com taxas pré-fixadas, prazos de 30 anos e agilidade para a liberação do crédito”, disse. “Esses são os diferenciais, mas as taxas podem ter sido mantidas”, afirmou.

Crestana concorda com essa teoria. De acordo com ele, os juros permanecem congelados nas operações de prazo intermediário, como em 15 anos, mas foram diluídos no caso dos empréstimos longos, que podem chegar a 30 anos em algumas instituições financeiras. “É possível comprar bons apartamentos pagando parcelas de R$ 380 por mês, com prazos maiores. São financiamentos acessíveis a todos.”

Tanto Crestana quanto Robusti acreditam que os bancos podem ter estabilizado os juros no caso do crédito imobiliário de 15 anos para estimular os interessados a contratar empréstimos superiores a 20 anos. O motivo é simples: quanto maior o prazo gasto pelo mutuário para quitar a dívida, maior será o tempo de fidelização deste cliente à instituição financeira e maior o valor pago de juros.

Hotéis em conta para 3ª idade

Jornal da Tarde
05/04/2008

Governo anuncia redes hoteleiras que darão 50% de desconto em diárias por todo o Brasil

CHARLISE MORAIS,
charlise.morais@grupoestado.com.br

Quem tem 60 anos ou mais pode viajar pelo País pagando metade do preço nas diárias dos hotéis. Essa medida faz parte do programa ‘Viaja Mais Melhor Idade Hospedagem’, lançado pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, ontem, no Guarujá, na Baixada Santista.

O desconto de 50% nas diárias será válido para o ano inteiro, vinculado ao período de baixa ocupação nos estabelecimentos. Há opções de hotéis em todas as regiões do Brasil. Até agora, 1.190 estabelecimentos hoteleiros (pousadas, hotéis e resorts) já aderiram ao programa e oferecem o preço especial para o público da terceira idade (veja no quadro algumas opções já disponíveis por meio do programa).

Para ter direito não é preciso ser aposentado, nem pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - como acontece com o programa ‘Viaja Mais Melhor Idade’, que oferece pacotes de viagens, com preços reduzidos, a destinos predeterminados, em períodos de baixa ocupação e com possibilidade de pagamento em até 12 parcelas descontadas diretamente da aposentadoria e juros de menos de 1% ao mês.

Já o programa ‘Hospedagem’ é válido para qualquer pessoa que tenha pelo menos 60 anos. “Acredito que com essa oferta ampliamos a possibilidade de o idoso fazer a sua viagem. Essa ampliação vai interessar a muita gente e vai possibilitar a realização de um sonho”, disse a ministra durante o evento de lançamento.

Marta destacou que os indicadores econômicos positivos permitiram ao brasileiro trocar aparelhos eletrodomésticos e carro. “Percebemos que tínhamos que colocar a viagem na cesta de consumo do brasileiro”, afirmou. “No Brasil temos a possibilidade de ter um turismo em massa e é isso que dará musculatura ao setor”, disse a ministra, ao lembrar que no País há 15 milhões de idosos, dos quais 9 milhões têm condições de viajar. “É esse público que temos que conquistar.”

Para consultar a lista da rede hoteleira credenciada, o interessado deve acessar o site www.portaldehospedagem.com.br. Já no endereço eletrônico do programa (www.viajamais.com.br), a lista estará disponível a partir de segunda-feira. Informações também podem ser obtidas no telefone 0800 77 07 202.

O ‘Viaja Mais Melhor Idade Hospedagem’ é uma extensão do programa ‘Viaja Mais Melhor Idade’, lançado em 2007 e voltado para aposentados e pensionistas do INSS. O convênio com a rede hoteleira foi anunciado pela ministra do Turismo, em dezembro do ano passado. Na ocasião Marta assinou um acordo com a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), Associação Brasileira de Resorts (ABR) e Federação Nacional de Bares, Restaurantes, Hotéis e Similares (FNHRBS) para implantar o desconto de 50% no preço das diárias para o público da melhor idade. O Ministério do Turismo vai investir R$ 5,2 milhões em propaganda para o programa.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Poupe na tarifa. Fuja da agência

Jornal da Tarde
03/04/2008


Taxas cobradas pelos bancos variam até 300% entre o guichê e os meios eletrônicos de serviços

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br


Se a idéia é economizar em tarifas, fique longe das agências bancárias. É o que se pode constatar na comparação das taxas de alguns serviços que, se realizados por meios eletrônicos - terminais de auto-atendimento ou internet - custam para o usuário bem menos do que se ele for ao guichê de uma agência.

O Jornal da Tarde comparou os preços de três serviços: transferência entre contas correntes da mesma instituição; transferência entre bancos por meio de Doc/Ted e saque em conta corrente. A maior variação foi de 300%, encontrada nos preços cobrados pela Nossa Caixa para transferência entre contas correntes. Se feita na agência, a operação sai por R$ 4, enquanto num terminal de auto-atendimento (ATM) a tarifa é de R$ 1.

Segundo Miguel Pereira, diretor-executivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), os bancos reduziram as agências a pontos de venda de produtos e serviços. 'As altas tarifas servem para afastar as pessoas de menor poder aquisitivo', diz.

Fernando Malta, diretor do Unibanco, rebate a crítica e diz que os bancos buscam alternativas mais confortáveis para os clientes, mas confirma que as agências se tornaram locais prioritários para a venda de produtos e serviços.

A Caixa informou em nota que 'a consolidação desse comportamento se reflete na popularização e massificação dos meio eletrônicos, o que leva à redução dos valores'.

De acordo com a assessoria de imprensa do Itaú, o banco incentiva o uso do auto-atendimento, visando a praticidade para o cliente.

Segundo a Nossa Caixa as operações por meios eletrônicos têm custos menores. Paulo Renato Steiner, diretor de Produtos do HSBC, explica que as transações nas agências custam mais para os bancos, mesmo argumento usado pelo Bradesco e pelo Banco Real. O Banco Santander informou que não comentaria as diferenças e o Banco do Brasil não respondeu à reportagem.

Fraudes

De acordo com Renata Reis, técnica do Procon-SP, a popularização dos meios eletrônicos elevou o número de fraudes. Enquanto em 2006, a instituição recebeu 464 reclamações de clonagens de cartões ou transações pela internet não reconhecidas, em 2007 o volume chegou a 606 casos, aumento de 30,6%.

Segundo a técnica, o Procon-SP tem recomendado às instituições financeiras o combate contínuo ao problema porque os fraudadores têm meios para quebrar os códigos de segurança. Todos os bancos que responderam à reportagem, afirmaram que investem na segurança das transações.

Renata Reis afirma que quem for vítima de um golpe em transação bancária deve comunicar à instituição imediatamente, além de lavrar um boletim de ocorrência em uma delegacia. Ainda segundo ela, cabe à instituição provar que o erro não foi dela. Ao cliente não cabe o ônus da prova. O estorno da operação deve ser imediato.

A técnica ainda recomenda que os consumidores tomem alguns cuidados para não se tornarem vítimas de golpes desta natureza, como não utilizar internet de lan houses para acessar contas bancárias e tampouco abrir mensagens que solicitem informações sobre os dados das contas dos consumidores. Ela também recomenda a manutenção de antivírus e outros dispositivos de proteção.
Locations of visitors to this page