quarta-feira, 24 de junho de 2009

Queda dos juros só reforça as vantagens da poupança

Jornal da Tarde

24/06/2009

A caderneta leva vantagem sobre os Certificados de Depósito Bancário (CDB) que só remuneram bem aplicações elevadas ou por prazo longo

FABRÍCIO DE CASTRO, fabricio.castro@grupoestado.com.br

Com a queda da taxa básica de juros da economia (Selic), está cada vez mais difícil superar o rendimento da poupança. O investidor que buscar hoje os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) só vai ter ganhos maiores se a rentabilidade oferecida pelo banco for alta e se o prazo de aplicação for longo. O fenômeno é semelhante ao que atinge os fundos de renda fixa, que vêm perdendo feio da poupança.

A rentabilidade dos CDBs está diretamente ligada à variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). A queda da Selic, que hoje está em 9,25% ao ano, reduziu os ganhos do CDI e, com isso, atingiu em cheio os CDBs (confira o saiba mais). Levantamento feito pelo matemático financeiro José Dutra Oliveira Sobrinho mostra que CDBs que pagam ao investidor 100% do CDI continuam superando a poupança - mesmo que o Imposto de Renda (IR) cobrado seja de 22,50% ao ano, o mais alto,para prazos de até 6 meses.

Mas se a rentabilidade prevista for de 95% do CDI, o CDB valerá a pena apenas se o IR que incide sobre a aplicação for inferior a 17,50% ao mês (veja tabela ao lado). Nos casos de um rendimento de 90% do CDI, a poupança ganha em todas as situações.

"As pessoas que aplicavam em CDBs que pagavam 90% do CDI estão perdendo da poupança", confirma Oliveira Sobrinho. E caso a Selic continue caindo - o que pode levá-la para um patamar inferior a 9% ao ano - a caderneta vai continuar mais vantajosa.

Ao aplicar em CDBs, o investidor paga IR de acordo com o prazo em que o dinheiro fica parado. Para períodos superiores a 2 anos, a alíquota é a menor possível: de 15% ao ano sobre os ganhos brutos.

É por isso que, ao analisar a compra de CDBs, o investidor deve observar principalmente o porcentual do CDI oferecido, e o prazo em que o dinheiro vai ficar aplicado. "O ganho depende do prazo, porque depende da alíquota de IR", resume o professor de Finanças Liao Yu Chieh, do Insper Instituto de Ensino de Pesquisa.

Chieh lembra que, passada a fase mais aguda da crise, os bancos reduziram as taxas para captação de recursos. É por isso que, hoje, é mais difícil ter acesso a CDBs que pagam mais de 95% do CDI.

Na Caixa Econômica Federal, por exemplo, taxas acima de 95% estão disponíveis apenas para quem investe mais de R$ 150 mil. Com R$ 5 mil para investir, o banco paga apenas 92,50% do CDI - ou seja, é melhor ir para a poupança.

No CDB Fidelidade, o Bradesco oferece 100% do CDI para aplicações a partir de R$ 5 mil. Só que o investidor, neste caso, precisará deixar o dinheiro aplicado por dois anos. Se sacar antes, o rendimento será menor.

No caso do HSBC, o cliente com R$ 5 mil tem acesso a CDBs com taxa de 80% do CDI. Para chegar aos 100%, é preciso aplicar no mínimo R$ 200 mil. Na modalidade CDB Evolução, também é pago 100% do CDI, mas para prazos superiores a dois anos.

Parece confuso? Os especialistas lembram que a queda da Selic tornou os ganhos na renda fixa mais difíceis. Agora, é preciso negociar com o gerente do banco e fazer as contas. "É possível negociar", diz Chieh. "Mesmo no CDB você consegue uma taxa melhor se não for fazer saques."

TRÊS PERGUNTAS

Se você for investir em CDBs, faça três perguntas básicas ao seu gerente:

Quanto o CDB vai pagar (como porcentagem do CDI)?

Rentabilidades abaixo de 95% do CDI devem ser avaliadas com cautela. Hoje, é mais interessante investir na poupança

Quanto eu preciso investir para ter a porcentagem prometida?

Ganhos superiores a 100% do CDI geralmente exigem investimentos maiores. Na Caixa Econômica Federal, por exemplo, é preciso aplicar R$ 150 mil

Qual é o prazo?

Investimentos com mais de 2 anos pagam menos IR - fundamental para ganhar da poupança

Saiba mais

CDBs

Os Certificados de Depósitos Bancários são títulos negociados pelos principais bancos. Sua rentabilidade está atrelada ao Certificado de
Depósito Interbancário (CDI) que, por sua vez, acompanha a Selic

CDI

O Certificado de Depósito Interbancário é negociado diariamente apenas entre os bancos. Sua taxa média traduz o custo que o dinheiro tem nos empréstimos entre instituições

SELIC

A taxa básica de juros da economia é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ela serve de referência para os juros cobrados no mercado e a remuneração de aplicações financeiras, entre elas os CDBs

POUPANÇA

Não tem taxa de administração nem sofre a incidência de IR. É vista como uma aplicação segura, já que tem rentabilidade garantida: taxa referencial (TR) mais 0,5% ao mês

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