domingo, 21 de outubro de 2007

Aulas sobre dinheiro para crianças

O Estado de São Paulo 21/10/2007

Cursos ensinam noções financeiras básicas

Renata Cafardo, SÃO PAULO

Crianças de 5 anos repetem num coro típico de programa de auditório que é preciso “economizar com antecedência e freqüência”. O único adulto na sala usa adereços coloridos e age como se organizasse uma gincana.Mas o assunto é dinheiro. E o evento é parte do currículo da Escola Castelo Branco, uma das primeiras a adotar o programa The Money Camp. Criado nos Estados Unidos em 2002 por uma nutricionista, a idéia é oferecer educação financeira a crianças e adolescentes por meio de jogos.

Iniciativas semelhantes têm surgido no País, trazidas de fora, com métodos diferentes mas com mesmo objetivo. “Para tudo o que fazemos, precisamos de conceitos financeiros: emprestar dinheiro, comprar um carro, viajar”, diz o superintendente de assuntos corporativos do Citibank Brasil, Anthony Ingham. A empresa organiza um torneio entre escolas públicas do País sobre administração bancária. Antes da competição, voluntários do Citi dão aulas aos alunos de ensino médio sobre conceitos como taxa de juros, captação de recursos, empréstimos.

Cada grupo “administra” um banco e passa a tomar decisões como se estivesse lidando com o mercado financeiro, a partir de um software especial.

“Os alunos passam a gostar mais de matemática porque percebem que ela é aliada de coisas práticas e interessantes”, diz a diretora da Escola Estadual Zuleika de Barros, Regina Carlucci. A escola é uma das mais de 25 que participam do programa Banco em Ação, do Citibank. Há cerca de 8 mil alunos na competição, que tem fases virtuais e presenciais. “Agora, quero fazer faculdade de administração de empresas”, diz a participante Daina Oliveira Silva, de 16 anos. O grupo vencedor no Brasil ganha R$ 2 mil e representa o País na final latino-americana. O projeto existe em 17 países.

Na semana passada, a Mastercard também lançou um programa de educação financeira voltado principalmente aos jovens que começam a ter contato com operações de crédito. “Cerca de 60% dos portadores de cartão de crédito o têm há menos de três anos”, diz o gerente-geral da empresa no Brasil, José Tosi. “Os jovens de hoje são filhos de casais que viveram na inflação e não têm o hábito de fazer planejamento orçamentário.”

O programa criou um site didático (www.consumidorconsciente.org) que pretende ensinar conceitos básicos e ajudar a planejar o uso do dinheiro. A Mastercard ainda quer levar essa informação a universidades, por meio de palestras.

A americana Elisabeth Donati criou o Money Camp quando percebeu, aos 35 anos, que nada entendia de finanças e economia. Nos EUA, o curso é dado em acampamentos, mas no Brasil tem sido incorporado por escolas. A didática mistura conceitos financeiros e lições de moral. “Ser pobre é um estado de espírito”, “O dinheiro compra coisas, mas não compra sua felicidade” são frases escritas nas paredes da sala e repetidas pelos alunos.

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