terça-feira, 16 de março de 2010

Hora de renegociar dívidas


 

Adriana Diniz, Jornal do Brasil

 16/03/2010

RIO - A redução do calote de pessoas físicas nos últimos meses tende a chegar ao fim ainda neste semestre: o Indicador Serasa Experian de Perspectiva de Inadimplência do Consumidor de janeiro aponta aumento de 1,5% a quinta alta mensal consecutiva. Para os pagamentos em atraso acima de90 dias, o ideal é renegociar ou buscar um empréstimo mais barato para cobrir a dívida, já que a Selic taxa básica de juros, hoje em 8,75%ao ano deve subir em breve, aumentando o custo dos financiamentos.

Para o professor de finanças pessoais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luis Carlos Ewald, mesmo com o aumento dos juros ao consumidor, já observado desde que o governo anunciou aumento do depósito compulsório (garantia dos bancos ao BancoCentral), o crédito pessoal sempre é a melhor opção para quitar dívidas mais caras.

Sempre vai ser melhor negociar um crédito pessoal que paga juros de cartão de crédito e cheque especial, que sãoa bsurdos. Se a pessoa está muito endividada, não tem jeito, o melhor é vender um bem para pagar ensina Ewald.

Especialistaem finanças pessoais e sócio do Financenter, Silvio Paixão lembra que os juros de cartão e cheque especial podem subir ainda mais, se o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne terça e quarta-feira, eleve a taxa básica de juros. Ele aconselha o consumidora negociar suas dívidas o quanto antes.

O banco tem interesse em negociar, porque não quer concretizar uma perda. Portanto, o cliente deve tentar prazos maiores e juros mais baixos diz.

Além do crescimento acelerado do endividamento das famílias, observado durante o segundo semestre de 2009, a elevação do custo dos financiamentos em várias modalidades de crédito para as pessoas físicas contribuiu para aumentar a expectativa de inadimplência, depois que o governo anunciou o aumento dos compulsórios.

Para o diretor-executivo de finanças da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, o aumento da perspectiva de inadimplência não é preocupante e está dentro do esperado pelo mercado, levando em conta que ainda é um reflexo dos gastos sazonais.

A inadimplência só é sentida dentro de 90 a180 dias depois da compra. Então, ainda estamos falando de compras parceladas feitas na época do Natal, o que é muito comum. Além disso, o número percentual de inadimplentes está dentro do aceitável observa Vertamatti. Apenas cerca de 7% de toda a massa de tomadores de crédito têm atraso de mais de 30 dias. O que não quer dizer que não vão pagar.

O economista afirma que o aumento do compulsório deve levar a uma esperada redução da concessão de crédito, o que deve se refletir na queda da inadimplência no futuro. O diretor de finanças da Anefac acrescenta que ainda há espaço para ampliar a concessão de crédito no país, que hoje representa 46% do PIB. No Chile, esse percentual é de 80% e, em alguns países desenvolvidos, chega a 100%,destaca.

Decisão sobre juros

Caso o Copom decida pelo aumento da Selic, no entanto, a inadimplência pode acompanhar, acredita Vertamatti, que prevê elevação de 0,25 ponto percentual na reunião que começa terça-feira.

A inflação vêm tendo altas nos últimos dois meses, forçadas pelo preço dos alimentos que tiveram produção afetada pelas chuvas. Além disso, o IGP-10 subiu 0,85%, portanto, a choque o BC vai subir a taxa básica de juros, apesar da pressão do governo por não fazê-lo explica.

Já o diretor de análise macroeconômica da consultoria Mercatto, Paulo da Veiga, aposta numa Selic de 9%, mas somente na próxima reunião, que acontece nos dias 27 e 28 de abril. O Banco Central ainda pode esperar para observar mais as consequências de decisões como a mudança nos compulsórios. Mas o aumento virá, ressalta.

A expectativa do mercado é de aumento da Selic somente em abril, para 9,25% ao ano, chegando a 11,25% no final de 2010.

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