segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Perfil do investidor muda ao longo do tempo

Autor(es): DENYSE GODOY

Folha de S. Paulo - 23/11/2009

  

Melhor estratégia para a gestão das finanças é adaptar as carteiras de acordo com os ciclos pessoais, afirmam especialistas

Na juventude, é possível arriscar mais e se deve aprender a equilibrar receita e despesa; mais tarde, é hora de estabelecer metas

Diferentemente do que muita gente pensa, a administração das finanças e dos investimentos pessoais é um trabalho que não se esgota jamais. Criar um sistema eficiente de gerenciamento das contas domésticas, escolher um banco que ofereça os melhores serviços pelos menores custos, comparar rendimentos e taxas dos fundos de investimento, selecionar as ações que vão fazer parte da carteira -todas essas tarefas precisam ser repetidas de tempos em tempos, conforme a idade avança, os objetivos individuais e familiares mudam e... a coragem diminui.
"Do investidor que se dedica a operar no mercado, gira muito, diariamente, a faixa etária é de 20 ou 30 anos. Esse entra de peito aberto, abraçando os papeis mais voláteis. Mas aí as pessoas vão ficando mais velhas e medrosas, nascem os filhos. É natural", diz Paulo Levy, diretor da corretora Icap Brasil e responsável pelo home broker MyCAP. "Eu mesmo já fui muito mais adepto das aplicações arriscadas. Paradoxalmente, hoje tenho melhor conhecimento sobre as transações e ainda assim desacelerei."
Para aproveitar a vida e ter uma velhice sossegada, o importante é identificar cada fase e ir adequando as estratégias, dizem os especialistas.
"Infelizmente, as escolas não oferecem aulas de educação financeira, então as pessoas têm que aprender na marra e só se dão conta da necessidade disso por volta dos 30 anos. O jovem deve perceber que precisa começar a juntar o mais cedo possível", diz Luiz Gustavo Medina, sócio da M2 Investimentos e coautor do livro "Investindo no Futuro", da editora Saraiva.

Um passo por vez
Quando ainda mora na casa dos pais, o universitário tem condições de poupar a bolsa que recebe no estágio e pode até colocar o dinheiro integralmente na Bolsa de Valores.
É o momento de compreender algumas regras fundamentais de gestão de dinheiro. Primeiro, o segredo do sucesso financeiro se encontra em equilibrar as receitas, as despesas e os sonhos. Parece óbvio -no entanto, é exatamente onde a maioria das pessoas tropeça e fica estagnada. A ansiedade de consumir faz com que contraiam empréstimos e gastem demais com juros.
Aqui entra a lei número dois. Como o Brasil continua tendo juros elevados, faz muita diferença ser devedor ou credor, ver a renda escorrer pelo ralo sem que nem se note ou acumular recursos e não ter que se preocupar com o dia seguinte. Trata-se de tomar uma decisão e ser fiel a ela.
Planejamento é a terceira determinação. O momento em que se atinge uma certa maturidade e o salário engorda -é a efetivação no emprego- é o ideal para estabelecer metas, como a aquisição da casa própria, e traçar um caminho para atingi-las. Também se pode diversificar um pouco os investimentos, separando o que é destinado à aposentadoria.
Antes de casar, é primordial discutir os objetivos de cada um e elaborar um plano conjunto. Brigas por causa de dinheiro e a falta dele figuram entre as principais causas de divórcio, segundo as estatísticas.

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