sábado, 9 de maio de 2009

Taxas não acompanham a queda dos juros

Jornal da Tarde
09/05/2009

Estudo mostra trajetória dos custos dos fundos vendidos para pessoa física em dez anos

Leandro Modé

As taxas de administração dos fundos de investimento têm cedido lentamente no Brasil e, no caso dos de renda fixa, não acompanham nem sequer a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic). São algumas das conclusões de estudo do professor William Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O trabalho mostra que a taxa média cobrada nos fundos de renda fixa para pessoas físicas saiu de 2,57% ao ano em 1998 para 2,29% em 2008. Se esses porcentuais forem ponderados pela taxa Selic média de cada ano, o resultado é o seguinte: em 1998, 2,57% representavam 8,9% da Selic média daquele ano (28,79%). Em 2008, 2,29% equivaliam a 18,3% dela (12,48%). Ou seja, o ganho líquido do investidor caiu no período, apesar da taxa de administração menor. Segundo especialistas, com o juro a 10,25% (nível atual), fundos de renda fixa com taxa acima de 2,5% já perdem para a poupança.

Uma das formas dos fundos ganharem competitividade seria por meio da redução das taxas cobradas dos clientes. Outra seria mexer na fórmula que corrige a caderneta de poupança. Agora, ganhou espaço a hipótese de o governo reduzir a tributação sobre os fundos (veja acima).

Os bancos também terão de se mexer. “Se levarmos em conta o trabalho que os bancos têm para administrar os fundos e o retorno que conseguem, há espaço para que as taxas caiam”, disse o professor do Insper Alexandre Chaia.

O analista da Austin Luís Miguel Santacreu defende que o governo adote uma regulamentação mais dura para o setor, como já fez no caso das tarifas bancárias. Segundo ele, isso é necessário porque os pequenos clientes não têm o poder de barganha dos grandes. No estudo de Eid Junior, a taxa média cobrada dos grandes clientes dos fundos renda fixa saiu de 1,03% em 1998 para 0,66% em 2008.

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) fez um estudo sobre as taxas de administração dos fundos de renda fixa de varejo que aponta uma queda de 3,01% ao ano em 2001 para 2,16% em 2008. O vice-presidente da Anbid, Alexandre Zákia, diz que fatores como custos de gestão e de distribuição,juro básico, concorrência e escala têm efeito sobre a formação das taxas. Por isso, argumenta, a ponderação apenas pela Selic é incompleta porque engloba apenas um desses fatores

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