domingo, 1 de maio de 2011

Um clube para investir


01/05/2011

TETÊ MONTEIRO

Os clubes de investimentos são considerados a porta de entrada no mercado de ações para quem não tem tanta folga no orçamento ou mesmo para os aplicadores que não dispõem de tempo e conhecimentos suficientes para fugir das armadilhas das aplicações em renda variável. O certo é que a modalidade vem ganhando robustez na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Atrai, a cada dia, a atenção de mais e mais pessoas. Só em março, foram abertos 38 clubes no centro financeiro paulista. Hoje, são mais de 131 mil cotistas distribuídos em 3.008 grupos, que movimentaram patrimônio líquido de R$ 10,97 bilhões até fevereiro.
Para efeito de comparação, os números consolidados de 2010 somaram 3.054 registrados de clubes na BM&FBovespa, com ativos que atingiram R$ 11,39 bilhões.
Se a modalidade é a ideal para animar o investidor que quer aplicar pouco em ações — e, ainda assim, ter uma carteira diversificada —, o mais importante é saber quem vai cuidar do dinheiro. O primeiro passo ao aderir a um clube de investimentos é verificar se a corretora ou a instituição financeira que vai administrá-lo está cadastrada na bolsa. Seja uma pessoa ou uma empresa, o gestor do clube também tem que estar inscrito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — outra exigência legal. Caso contrário, não é recomendável correr riscos. Aplicar com quem não tem autorização é certeza de problemas.
“Na prática, o gestor é o ‘dono’ do clube. É ele que define a hora de comprar ou vender as ações”, explica Juliano Lima Pinheiro, superintendente da Petra Corretora. A seu ver, a procura pelos clubes de investimentos voltou a se acentuar depois da crise mundial de 2008. Na semana passada, a CVM editou novas regras para essa modalidade de aplicação, que foram muito bem recebidas pelo mercado, como a limitação do número de participantes — uma redução de 150 para 50 pessoas. “O clube com 150 pessoas, na verdade, era um fundo disfarçado”, diz Pinheiro.
Rentabilidade
Luiz Gustavo Lage, operador de bolsa da Sita Corretora, destaca que o investidor tem que acreditar no clube que está participando. “Se há rentabilidade acima do mercado, é preciso desconfiar”, aconselha. Uma das principais vantagens da modalidade, na sua opinião, é a diversificação do risco: “O pequeno poupador não consegue isso, pois com pouco dinheiro vai conseguir comprar apenas um papel”. Para ele, um dos motivos que justifica a volta da procura por essa modalidade é o bom desempenho dos clubes — eles vêm batendo o Ibovespa, o principal índice de variação de ações da bolsa paulista.
Na Sita, o investidor Marcelo Coelho, 27 anos, não titubeou ao aderir a um clube criado por colegas de trabalho. “Estou investindo há quatro anos. É a minha aposentadoria. Tem meses que aplico R$ 400, em outros R$ 1 mil. Isso me dá liberdade”, diz. Para ele, outro motivo positivo é a aproximação com quem dirige a aplicação. “Não tenho conhecimento suficiente para operar no mercado acionário. Se tenho dúvidas, consigo falar (com o gestor). O melhor é que já deu para ter um bom ganho”, relata. Em clubes de investimentos, o pouco de cada um ganha força com o volume investido por todos os cotistas.
PASSO A PASSO
Como criar um clube de investimento
1º - É fundamental procurar uma corretora para ficar por dentro das regras ao abrir um clube. A instituição também vai ser responsável pela orientação na escolha dos papéis a serem comprados e por qualquer operação realizada pelos aplicadores.
2º - Definir a quantidade e do valor de cada cota do clube é o passo seguinte. A atribuição é dos próprios participantes, que decidem quantas cotas e o volume em dinheiro que cada um vai investir. Pelas regras atuais, nenhum investidor pode ter mais de 40% do valor aplicado.
3º - Prepare um estatuto do clube junto à corretora escolhida . É necessário que cada participante tenha um cadastro, incluindo cópias de seus documentos.
4º - Com toda a documentação e os dados corretos, o clube precisa ser registrado na BM&FBovespa e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
5º - Depois do registro, o clube pode começar a operar. Os membros do decidem aonde o dinheiro vai ser investido. A corretora escolhida vai realizar a transação. O ideal é que, periodicamente, o clube realize assembleias para decidir estratégias de aplicação. Pelas novas regras da CVM, é obrigatório esse tipo de reunião pelo menos uma vez ao ano.
Fonte: BM&FBovespa

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