segunda-feira, 22 de março de 2010

Hora de rever a carteira de ações

 


 

  

Com o primeiro trimestre chegando ao fim, é um bom momento para reavaliar as aplicações

Jornal da Tarde

22/03/2010

Paulo Darcie, paulo.darcie@grupoestado.com.br


 

A taxa básica de juros (Selic) poderia ter subido na semana passada, mas o Comitê de Política Monetária preferiu não alterá-la. Apurado o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado, com queda de 0,2% em relação a 2008, verificou-se que o estrago da crise financeira internacional não foi tão grande. Quase 300 mil empregos foram criados no primeiro bimestre de 2010. A proximidade do fim do primeiro trimestre pode ser um bom momento para o investidor da Bolsa de Valores de São Paulo revisar sua carteira. Dentre os analistas não há papéis ou setores unânimes, mas alguns têm mais chances do que outros de prosperar.

De outubro passado até março, foi comum ver nas listas de recomendações de corretoras ações de empresas que de alguma forma ganham com o reaquecimento do mercado interno, como redes de varejo, construtoras e empresas de telefonia, e o cenário continua favorável a elas.

"Os indicadores de emprego e renda mostram que o ritmo do consumo interno deve continuar crescente", afirma a analista chefe da corretora Spinelli, Kelly Trentin, lembrando os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que no primeiro bimestre teve saldo positivo de 299 mil empregos.

O diretor de pesquisa da corretora Planner, Ricardo Martins, também vê espaço para ações ligadas ao consumo, mesmo com a iminente alta da Selic nas próximas reuniões do Copom. "Empresas como Lojas Renner e Americanas trabalham com cartões próprios, e o endividamento está baixo. Pequenas altas dos juros afetariam o consumo, apesar de preocupar o investidor".

Já o professor da Brazilian Business School, Ricardo Torres, não aposta tanto na força do cenário interno. "O efeito do 13º salário já passou e as contratações de fim e começo de ano já foram feitas. A tendência é que o setor evolua, mas não acima da média", avalia.

Ele lembra que, apesar dos bons sinais de recuperação mundo afora, os investidores ainda estão cautelosos quanto à dívida pública de países da Zona do Euro, principalmente a Grécia, e diminuíram, no primeiro trimestre, o ritmo dos investimentos, inclusive no Brasil. "Mas preços do petróleo, ferro e aço estão se recuperando", afirma. A melhora, mesmo lenta lá fora, dá espaço para papéis de grandes exportadoras, como Usiminas e Vale do Rio Doce.

A analista Kelly, da Spinelli, chama atenção às empresas que podem ganhar em ambos os cenários. "Estamos avaliando a entrada da Marfrig no portfólio de abril", conta. Para o gerente da Planner, frigoríficos como Marfrig, Bertin e Minerva são boas opções, mas o investidor deve ficar atento às oscilações do dólar: quanto mais cara a moeda no Brasil, melhor para as exportações.

"No segundo trimestre ele deve ficar estável e os frigoríficos ganham em volume. Com a proximidade das eleições o dólar deve subir, assim como o risco país".

Mas a cautela ainda deve ser grande, e cada papel deve ser analisado com calma, diz Martins. A Brasil Foods, união de Perdigão e Sadia, mesmo que tenha bons resultados em suas exportações, ainda deve ter resultados financeiros negativos em 2010.

Mantendo a estratégia

Com uma carteira de ações diversificada, a advogada Paula Fajardo prefere não dar ênfase em algum setor. "Tento acompanhar bastante o rendimento das empresas de commodities, mas não fico só nisso", diz ela. "Gosto de ações de bancos e empresas de tecnologia, que sempre crescem".

Independentemente do setor, nas épocas que tem mais tempo para se informar, Paula tenta lucrar com as ofertas iniciais de capital (IPOs). "Quando compro, vendo metade logo e mantenho metade para longo prazo", conta.

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