quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Renda fixa apresenta retorno menor que fundos DI no mês até dia 16

Autor(es): Luciana Monteiro

Valor Econômico - 22/10/2009

  

A subida das taxas de juros futuras nas últimas semanas trouxe impacto nos fundos com papéis prefixados em suas carteiras. Os fundos de renda fixa, por exemplo, já apresentam ganhos inferiores aos dos fundos DI no acumulado do mês.

Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), até o dia 16, as carteiras que podem aplicar em prefixados registram ganho médio de 0,34%, enquanto os DI rendem 0,38%. No mesmo período, o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as carteiras mais conservadoras) variou 0,36%. E essa diferença deverá se acentuar ainda mais por conta da elevação dos juros futuros nesta semana após a decisão do governo de taxar em 2% o capital externo para investimentos em renda fixa e ações, anunciada na segunda-feira.

  

  

A boa notícia é que as taxas projetadas no mercado futuro também podem representar a oportunidade de o investidor travar agora ganhos maiores. Isso porque muitos analistas avaliam que as taxas futuras estão muito acima do que a correção que o governo deve fazer na Selic. Haveria, portanto, prêmios nos papéis prefixados, principalmente naqueles com vencimento mais longos. Este seria, portanto, um momento interessante para aplicar num fundo de renda fixa. Já os investidores que já estão numa carteira desse tipo estão perdendo, mas não devem sair para não perderem a recuperação que essas aplicações terão.

O desempenho dos renda fixa pode ser explicados por alguns motivos. Primeiramente, diante dos sinais de recuperação da economia brasileira, os investidores começaram a projetar um aumento da Selic no futuro para evitar pressões inflacionárias. A segunda causa estaria no temor com relação à substituição de do presidente do Banco Central (BC) e de três diretores.

A alta mais recente do juro futuro foi por causa do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% sobre investidores estrangeiros em ações e títulos de renda fixa. Para compensar esse custo maior, o investidor externo passou a exigir um retorno maior.

"Acho que neste momento o melhor que o investidor tem a fazer é não fazer nada", avalia Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ. "O juro futuro pode estar exagerado porque a Selic pode não subir tudo isso que o mercado está projetando", diz. Ele, por exemplo, trabalha com a Selic em 10,75% no fim do ano que vem, admitindo um BC conservador e não desenvolvimentista. "De qualquer forma, este é um momento delicado, portanto, não faria mudança de portfólio agora", afirma. "Acho que a história do IOF traz uma volatilidade desnecessária."

No acumulado do ano, entretanto, os fundos de renda fixa ainda ganham mais que os DI. Até o dia 16, o ganho soma 8,51%, enquanto os fundos DI rendem 8,27% em média. O CDI no período apresenta variação de 8,02%.

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